“Sou obrigado a sorrir, embora eu sempre me irrite com a
evidente incapacidade da nossa família de expressar emoção em momentos
dramáticos. Não existe ocasião solene ou tensa que os Foxmans não consigam
minimizar com a maior rapidez usando suas capacidades geneticamente
desenvolvidas de ironia e fuga.” (TROPPER, 2013, p. 5).
***
A sinopse de Sete Dias Sem Fim apontava para a reunião de vários
elementos distintos, os quais poderiam compor um livro muito bom ou um livro muito
ruim. Sem meio termo. Apostei na primeira opção e, felizmente, acertei.
E se você descobrisse que sua mulher o traía com seu chefe?
E se você perdesse o emprego enquanto vê seu casamento desmoronar? E se, logo
após, seu pai morresse? E se o último desejo do morto fosse que a família cumprisse
a shivá, o ritual de luto judeu com duração de sete dias? Seja bem vindo a vida
de Judd Foxman.
Mas fique tranquilo. Você não irá encontrar um personagem amargurado.
Judd pode ser muitas coisas, mas não é aquele tipo de pessoa que fica remoendo
os acontecimentos e procurando quem é o culpado. Pelo contrário. O adjetivo que
melhor lhe descreveria seria espirituoso.
Por outro lado, advirto-lhe que o livro é narrado por um
homem iludido, decepcionado e emocionalmente inepto (para usar suas próprias
palavras), então não espere por uma visão romântica dos fatos. O autor narra os eventos do ponto de vista de Judd, sem utilizar de eufemismos
ou de outros artifícios do gênero.
Esta mistura de um narrador espirituoso mas sem papas na
língua origina um livro hilário. Além disso, todos os membros da família Foxman
tem suas peculiaridades, o que gera situações inesperadas, constrangedoras ou
embaraçosas a todo momento.
Todavia, em uma análise mais aprofundada, Sete Dias Sem Fim
não se limita apenas a risadas, visto que Tropper, de maneira sutil, conseguiu
inserir na estória temas complexos e densos, tais como morte, luto, divórcio, família e
amor. E são estas pitadas filosóficas o diferencial do livro.
O cerne da obra poderia ser resumido em apenas uma palavra: recomeço.
Acompanhamos uma emocionante jornada de autoconhecimento e de reconciliações, que mostra ao leitor que, independentemente das circunstâncias, todos devemos e podemos recomeçar uma nova vida.
Uma trama aparentemente simples, mas repleta de
significados implícitos. Personagens comuns, mas verossímeis. Uma narrativa crua, mas
sensível. Um livro tão paradoxal quanto a vida real, que me surpreendeu a cada
capítulo e que certamente será relido.
Autor: Jonathan Tropper
N.º de páginas: 295
Editora: Arqueiro
12 comentários:
Este livro vai e volta para minha wishlist toda hora. rs
Quando leio a sinopse não curto tanto, mas as resenhas me convencem do contrário. E acho que desta vez estou permanentemente convencida de que vale muito a pena. Acho que o tema é bacana. Adoro histórias de recomeços, adoro dar risadas com a trama, mas acima de tudo isto, gosto desta pitada de filosofia que você comentou que existe. Temas que se aprofundam são o diferencial, ao meu ver. E foi exatamente isto que me fez querer ler o livro!
bjs
GFC: Ana Paula Barreto
NUNCA tinha visto nada obre o livro.
Até parece interessantes, mas não é o tipo de livro (gênero) que costumo ler.
Provavelmente não o lerei, mas foi bom conhecer um pouquinho dele.
xoxo
GFC: Sabrina Castro
Nossa, pobre personagem principal. Esse sim não tem uma vida fácil e acho bem difícil qdo o autor consegue fazer o personagem não ser um amargurado mesmo tendo passado por tanta dificuldade... Acho q vale a pena dar uma conferida no livro.
Tenho muita vontade de ler esse livro, e tantos elogios só me fazem querer mais. É bem o tipo de livro de que preciso no momento.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
GFC: Gabriela Cerutti Zimmermann
Está aí um livro muito interessante, confesso que não seria a minha primeira opção de leitura, mas depois de tantos elogios fiquei mais curiosa... Bjs
Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/
Hm, gosto de livros em que o personagem não fica se fazendo de vítima! Essa resenha realmente me interessou, quem sabe algum dia eu leia este livro?
Ótima resenha!
Realmente não é um tipo de livro a me atraia muito...
Até gostei da resenha e acho q leria mas não nesse momento..
GFC: Thaynara Ribeiro
Parece ser muito bom esse livro, mas não deu muita vontade de ler. Acredito que se pegar acharia uma boa leitura, só que não deu muita vontade de pegar. Vejo resenhas e fica por isso mesmo. Achei interessante que pareça ter outros significados na trama, é legal quando um livro é simples mas deixa essa sensação de mais.
cristiane dornelas
Muit boa a resenha. Meu gênero preferido é fantasia, mas gosto de ler livros mais "humanos", por assim dizer, coisas reais que acontecem na vida das pessoas e a forma como elas se recuperam disso. Acredito que esse será um ótimo livro.
GFC: Rayssa Gimenes
http://diariosdleitura.blogspot.com.br/
No começo da resenha eu pensei: 'nossa a vida do cara ta f***', mas ao desenrolar entendi o livro, apesar dele passar um perrengue na vida dele, ele deu a volta por cima, gostei. Apesar de na maioria das vezes as pessoas nao reagem desta maneira. Espero ler esse livro em breve.
Jessica Lisboa
xx
Nossa a vida do cara desmorona mesmo!!! Mas gostei pelo fato de ser uma superação, não um livro cheio de amargura e sofrimento do tipo Como eu era antes de você.
Ana de Cassia Oliveira.
Gosto de protagonista assim, direto ao ponto, sem romantizar as coisas e muito menos se fazer de coitado. Um autor precisa ser muito bom pra conseguir fazer essa mistura de humor com temas densos e complexos sem perder a mão. Pelo jeito, ele mandou bem nesse quesito.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
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