“Teddy (...) virou o bloco de modo que Chuck pudesse ver a página, e a única palavra que lá estava escrita, num rabisco pouco legível que a chuva começava a borrar, era: fuja.” (LEHANE, pag. 134, 2010).
Para que essa resenha seja fiel à minha experiência com o livro é preciso que ela tome rumos pouco usuais. Infelizmente, não poderei fazer uma análise detalhada da narrativa, personagens e outros aspectos – por motivos que logo ficarão claros - e precisarei começar pelo fim, ou seja, pelo filme, que foi por onde eu comecei.
Em 2010, o diretor Martin Scorsese conduziu a adaptação de “Ilha do Medo”, um suspense psicológico ambientado na década de 50 e estrelado por Leonardo Di Caprio e Mark Ruffalo nos papéis principais. Di Caprio é Teddy Daniels, um xerife federal que na companhia de seu novo parceiro, Chuck Aule, é enviado à ilha Shutter – abrigo do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe para criminosos - para investigar o desaparecimento de uma paciente. Ao chegar no local os dois se deparam com indícios de que o hospital pratica experimentos com os pacientes, através de drogas e cirurgias. Descobrir a verdade se torna uma questão de segurança para Teddy e Chuck porque quanto mais perto eles chegam, mais em perigo se colocam, e quando Teddy descobre que o assassino de sua esposa pode estar entre os pacientes do hospital sair da ilha se torna cada vez mais difícil. Até o momento em que sair talvez já não seja uma opção.
Foram poucas as vezes em que eu assisti ao filme antes de ler o livro que o originou. Meu engano no caso de “Ilha do Medo” foi achar que saber o final da história – o que estava por trás do mistério da ilha Shutter – não atrapalharia o meu envolvimento com o livro, como não atrapalhou com outras obras. Porém, Dennis Lehane apresenta neste livro uma história impactante que para ser apreciada exige que o leitor compartilhe as dúvidas e temores dos personagens, algo que, sabendo o que estava por trás de tudo, me foi impossível fazer.
Ao assistir o filme (um suspense elegante e assustador que eu recomendo), gostei muito da história e achei que seria interessante observar os artifícios que o autor havia usado para contá-la no livro, mas infelizmente esse meu conhecimento prévio fez com que eu não conseguisse mergulhar na trama, como se eu não a levasse a sério. Com isso, a narrativa de Lehane não me envolveu e não creio que isso tenha sido falta de habilidade do autor (algo que a julgar pelos capítulos finais, que me deixaram quase hipnotizada, ele deve ter de sobra). Ainda assim, reconheço que a narrativa é rica em ambientação e fluida, mas sem ser ágil demais (algo que comprometeria a proposta, afinal, o medo é algo que se manifesta aos poucos).
Uma das marcas de Dennis Lehane é criar personagens cheios de nuances, com dramas reais que elevam o envolvimento de leitor a mais do que um mero acreditar que eles possam a ser reais, mas sentir isso e se importar. Fechar o livro, continuar pensando neles e, na maioria das vezes, desejar que tudo fosse diferente. Em “Ilha do Medo”, ele esbanja essa habilidade.
Se saber o que iria acontecer me impediu de mergulhar a fundo na atmosfera proposta pelo autor, por outro lado fez com que eu pudesse observar que nada que ele insere na obra é desnecessário. Tudo está ali com um propósito.
Não li “Ilha do Medo” com olhos inocentes e isso atrapalhou não só a minha experiência como também a objetividade da minha análise. O que posso dizer com certeza é que Dennis Lehane criou nesse livro uma excelente história. Se o livro é uma excelente leitura, infelizmente não me sinto em condições de afirmar, mas acredito que seja. Acredito tanto a ponto de lamentar profundamente ter assistido a um ótimo filme.
Título: Ilha do Medo (publicado originalmente como “Paciente 67”)
Autor: Dennis Lehane
Nº de páginas: 339
Editora: Companhia das Letras
Para que essa resenha seja fiel à minha experiência com o livro é preciso que ela tome rumos pouco usuais. Infelizmente, não poderei fazer uma análise detalhada da narrativa, personagens e outros aspectos – por motivos que logo ficarão claros - e precisarei começar pelo fim, ou seja, pelo filme, que foi por onde eu comecei.
Em 2010, o diretor Martin Scorsese conduziu a adaptação de “Ilha do Medo”, um suspense psicológico ambientado na década de 50 e estrelado por Leonardo Di Caprio e Mark Ruffalo nos papéis principais. Di Caprio é Teddy Daniels, um xerife federal que na companhia de seu novo parceiro, Chuck Aule, é enviado à ilha Shutter – abrigo do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe para criminosos - para investigar o desaparecimento de uma paciente. Ao chegar no local os dois se deparam com indícios de que o hospital pratica experimentos com os pacientes, através de drogas e cirurgias. Descobrir a verdade se torna uma questão de segurança para Teddy e Chuck porque quanto mais perto eles chegam, mais em perigo se colocam, e quando Teddy descobre que o assassino de sua esposa pode estar entre os pacientes do hospital sair da ilha se torna cada vez mais difícil. Até o momento em que sair talvez já não seja uma opção.
Foram poucas as vezes em que eu assisti ao filme antes de ler o livro que o originou. Meu engano no caso de “Ilha do Medo” foi achar que saber o final da história – o que estava por trás do mistério da ilha Shutter – não atrapalharia o meu envolvimento com o livro, como não atrapalhou com outras obras. Porém, Dennis Lehane apresenta neste livro uma história impactante que para ser apreciada exige que o leitor compartilhe as dúvidas e temores dos personagens, algo que, sabendo o que estava por trás de tudo, me foi impossível fazer.
Ao assistir o filme (um suspense elegante e assustador que eu recomendo), gostei muito da história e achei que seria interessante observar os artifícios que o autor havia usado para contá-la no livro, mas infelizmente esse meu conhecimento prévio fez com que eu não conseguisse mergulhar na trama, como se eu não a levasse a sério. Com isso, a narrativa de Lehane não me envolveu e não creio que isso tenha sido falta de habilidade do autor (algo que a julgar pelos capítulos finais, que me deixaram quase hipnotizada, ele deve ter de sobra). Ainda assim, reconheço que a narrativa é rica em ambientação e fluida, mas sem ser ágil demais (algo que comprometeria a proposta, afinal, o medo é algo que se manifesta aos poucos).
Uma das marcas de Dennis Lehane é criar personagens cheios de nuances, com dramas reais que elevam o envolvimento de leitor a mais do que um mero acreditar que eles possam a ser reais, mas sentir isso e se importar. Fechar o livro, continuar pensando neles e, na maioria das vezes, desejar que tudo fosse diferente. Em “Ilha do Medo”, ele esbanja essa habilidade.
Se saber o que iria acontecer me impediu de mergulhar a fundo na atmosfera proposta pelo autor, por outro lado fez com que eu pudesse observar que nada que ele insere na obra é desnecessário. Tudo está ali com um propósito.
Não li “Ilha do Medo” com olhos inocentes e isso atrapalhou não só a minha experiência como também a objetividade da minha análise. O que posso dizer com certeza é que Dennis Lehane criou nesse livro uma excelente história. Se o livro é uma excelente leitura, infelizmente não me sinto em condições de afirmar, mas acredito que seja. Acredito tanto a ponto de lamentar profundamente ter assistido a um ótimo filme.
Título: Ilha do Medo (publicado originalmente como “Paciente 67”)
Autor: Dennis Lehane
Nº de páginas: 339
Editora: Companhia das Letras
24 comentários:
É ruim quando isso acontece né? Parece que o filme tira um pouco da magia do livro né? Por isso eu assisto poucos filmes, para evitar que eu venha a ler o livro haha
Mas eu não conhecia o livro, e fiquei curiosa, pretendo ler, vai que por eu não ter assistido o filme eu goste mais. Adorei a sua resenha.
beijos, Lu
Lendo ao Luar
Esse livro é muito show, o filme, na minha opinião, também é muito bom..recomendo os dois! Mas o livro é melhor, sempre melhor.
Ainda não li o livro e nem vi o filme, mas quero muito. E foi ótimo ler sua resenha pra eu saber que realmente devo ler o livro antes. Obrigada pelo aviso.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Eu adoro esta história, mas também vi o filme antes (não li e não pretendo). Acho que saber o final tira o brilho do "durante" e isso aconteceu inclusive quando vi o filme pela segunda vez.
De qualquer forma, o autor tem muito méritos, já que criou uma história cheia de mistérios, um tanto de terror.. levando o leitor a se perder milhares de vezes durante a trama.
bjs
Ana Paula Barreto
Não sei se conseguiria ler o livro, não gostei nem um pouco do filme, e como já tenho essa impressão, não sei como seria. O enredo em si, não me agradou não.
Bjs,
Myris
http://www.nacabeceiradacama.com.br
Droga! Eu já assisti ao filme hahahaha
O final dele é tão surpreendente que me fez duvidar de tudo o que aconteceu. Fiquei tão curiosa depois e então fiquei sabendo do livro. Estava morrendo de vontade de ler, mas agora que abordou que o conhecimento prévio te impossibilitou a entrega total ao enredo, fiquei com receio de tentar. Mas, mesmo assim, já estou no lucro pois o filme é incrível, só deveria ter demorado mais para assistir, assim como você ;/
Bom, parece ser um livro bem interessante. Terei em mente não ver o filme antes de lê-lo, se tiver isso em mente. Só em ultimo caso mesmo, da curiosidade grande. Controlar-me, porque Mark Ruffalo e Di Caprio em um mesmo filme é pra acabar com o coração, mas tudo bem. Conseguir o livro rápido, lê-lo e ver o filme.
Gostei da sua resenha, que abordou um lado diferente, mas não deixou de introduzir ao livro, que é meio que o principal disso tudo.
Beijos,
Vitória R.
Adeus Realidade
Os livros são sempre melhores pra mim por isso prefiro ler primeiro e quando dá dependendo dos comentários vejo o filme, e acho que vou fazer isso com esse filme vou ver.
Tenho esse filme e gosto muito dele, mas a história no livro é melhor e te dá mais emoção. No livro tem mais riqueza de detalhes que no filme nos escapa. Por isso na minha opinião, continuo com o livro, depois o filme. Só pra fazer comparações. Beijos.
É muito ruim ter a sensação de que a gente podia ter amado ainda mais o livro se não tivesse assistido o filme =/ Eu ainda não vi o filme, fiquei curiosa pra ler o livro agora.
Também já vi o filme, então acabei não lendo o livro, pois soube que ele é bem fiel. Concordo que quando isso acontece nós perdemos um pouco a habilidade de se infiltrar na trama psicológica que é construída no livro e acabamos perdendo parte da grandeza da história com isso. Mas também ganhamos algo que é a capacidade de analisar o livro pra ver se ele foi realmente bem montado e se as pistas eram realmente possíveis de seguir =) Um dia vou ler este livro, mas vou deixar passar o tempo para as surpresas serem maiores (quando eu esquecer um pouco a história hehehe)
Eu não sabia que a "A Ilha do Medo" era baseado em um livro e agora eu estou realmente desapontada >< O filme é sensacional e, definitivamente, é um dos meus favoritos do Scorsese, já o DiCaprio está incrível no papel do Teddy Daniels... É bom saber que o livro é bem escrito, mas assim como você, saber o final de uma produção totalmente surpreendente quebra um pouco o impacto do livro. Bom, espero ler o livro algum dia e não em sentir dessa maneira... Bjs
Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/
Eu só conhecia o filme, não sabia que tinha um livro :X
Mas não sei se gostaria de ler :S
Uma pena
Beijo
Eu também não gosto de ver o filme antes de ler o livro, mas às vezes poe valer a pena, é o alguns dizem né haha
Eu já tinha ouvido falar primeiro do filme e depois descobri que era baseado num livro e me interessei... queria muito ver o filme, mas tô esperando o livro primeiro, só Deus sabe quando haha
Olá Mari!! Tudo bem??
Sou daquelas que sempre lê o livro antes de ver a adaptação, simplesmente para não descobrir nada ( principalmente de tem um assassino, ou se algum personagem morre), e quase sempre me decepcionei com os filmes.Mas não li o livro e nem o filme, e fiquei super interessada com a historia!!
Bjuss
É uma pena voce não ter absorvido tudo que o livro conta, da forma que ele conta por ter assistido o filme antes, com certeza foi isso que atrapalhou sua leitura não deixando voce se envolver com a historia, mas por tudo que li na sua resenha, o autor faz uma ótima narrativa e em se tratando de um thriller, precisa ser, até pra nos fazer sentir parte da historia, mergulhar de cabeça nela! Eu amei a resenha e quero muito ler esse livro e depois ver o filme, mas só depois! :)
Adriana
Que situação complicada essa, hein?!?! Essa experiência de primeiro assistir as adaptações, pra depois ler o livro não é legal. Principalmente se a trama for de suspense, pois perde-se todo o encanto e graça do segredo e desenrolar dos fatos. Como ainda não assisti o filme, poderei seguir a sequência adequada.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
*aquele momento que você descobre que tem um livro de Ilha do Medo*
Descobri o livro agora e estou baita ansioso para ler. Eu vi o filme e é fantástico, apesar da mindfuck no final HAHA
Assim que der, comprarei rsr
Na maioria das vezes assistir aos filmes também não me atrapalham ao ler o livro.
Eu ainda não li o livro e já assisti ao filme. Fiquei curiosa para ler só para comprovar e tentar entender um pouco da leitura do autor.
Não li esse livro, mas lembro de que quando assisti ao filme no cinema eu sai da sala meio desconsertada, sem saber direito o que tinha acontecido, mas que filme louco! Inteligente!
Adorei!
Eu acho que já ouvi falar nesse filme, mas não sabia que havia um livro. Quando olhei "Resenha: A Ilha do Medo" pensei: "Que massa" haha! Parece ser algo bem legal, com certeza. Não sei se vou ler o livro... Sabe, quando se é uma leitora de 12 anos de idade se tem algumas limitações quanto a que livro ler rs, mas se eu achar, assisto o filme. E sim, assistir ao filme antes de ler o livro algumas vezes atrapalha! Mas em outras, nem tanto... Mesmo assim é melhor ler antes XD
Beijoca
Foreverbia.blogspot.com
Eu achei o final do filme confuso, ele era louco ou não?
Eu achei o final do filme confuso, ele era louco ou não?
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