“Eu não queria mais pensar naquilo, mas ainda assim, a lembrança estava ali, em todo canto. O despertar, ainda meio ébria. O ruído. O corpo de Caddy batendo no casco do barco. Os fios do sensor automático do estacionamento lacerados e rompidos. Aquele carro se afastando com os faróis apagados.” (HAYNES, pag. 49, 2013)
“No Escuro”, primeiro livro de Elizabeth Haynes, é um dos melhores livros que li esse ano. Dito isso, é fácil imaginar qual foi a minha expectativa ao saber que a Editora Intrínseca lançaria “Vingança da Maré”, o segundo livro da autora. Com tanta expectativa, veio decepção.
Genevieve conseguiu realizar seu sonho de comprar um barco e agora mora em uma marina cercada por pessoas que em pouco tempo se tornaram bons amigos, longe da agitação de Londres - onde antes trabalhava como vendedora durante o dia e dançarina de pole dance em um badalado clube à noite. Mas seu sossego fica comprometido quando uma de suas amigas dançarinas é encontrada morta ao lado de seu barco e ela passa a acreditar que também está em perigo.
Embora a sinopse de “Vingança da Maré” não tenha me parecido tão empolgante, eu sabia que se havia alguém capaz de escrever um thriller tenso e viciante era Haynes. Infelizmente, não emprego nenhum desses adjetivos para esse seu segundo livro.
Através da narrativa em primeira pessoa, que intercala passado e presente, conhecemos a nova Genevieve (que passa os dias tranquilamente reformando seu barco) e também acompanhamos seu início como dançarina, vendo o que começou como diversão (uma maneira de cuidar do corpo, conhecer gente interessante e ganhar um bom dinheiro) transformar-se gradativamente em pesadelo.
Mesmo com uma narrativa fluida o livro demora a engrenar, especialmente porque nas primeiras páginas tudo são flores no passado da protagonista onde, assim como no presente, ela demora até se sentir ameaçada. Com isso falta um dos ingredientes mais essenciais de um bom thriller psicológico: tensão. Porém, a partir do momento em que passamos a ter um vislumbre dos segredos que Genevieve guarda, o livro engrena e consegue prender a atenção tanto aos eventos do passado quanto do presente, criando pontos de interesse por deixar o leitor no escuro em relação a alguns acontecimentos e a natureza de alguns relacionamentos da personagem. Mas pontos de interesse são perguntas e não uma atmosfera - outro ingrediente importante para livros do gênero que também faz falta em “Vingança da Maré”.
A trama em si tem seus méritos, mesmo que não haja grandes surpresas, pois a autora não usa de artifícios do tipo “ninguém é o que parece”, optando por deixar que o desenrolar natural dos acontecimentos e os muitos segredos dêem a forma deste suspense. Essa não é uma fórmula fácil de dar certo, mas Haynes acerta porque tem uma trama bem estruturada.
Quanto à protagonista, Genevieve é uma mulher determinada e segura de si, mas ao mesmo tempo pode ser carente. Suas atitudes nem sempre são responsáveis ou inteligentes, mas Haynes consegue nos fazer entender a sua mente - suas dúvidas e motivações – de forma que a aceitamos com seus defeitos e qualidades e temos a oportunidade de vê-la reconhecer seus erros.
Também merece ser citado Dylan - o homem com quem Genevieve se envolve no passado e para quem guarda um misterioso pacote há cinco meses - que se mantém envolto por uma áurea de mistério até as últimas páginas.
Leitores que gostam de ter todas as respostas poderão se decepcionar com o final um tanto aberto deste livro. Não sabemos exatamente como tudo termina (como também não o sabem os personagens e como nós não sabemos em nossas próprias vidas), podemos apenas intuir. Isso deu um tom natural ao desfecho e me agradou.
A descoberta de segredos é o que impulsiona o leitor em “Vingança da Maré” e embora seu suspense funcione em alguns momentos, também oscila muito, não empolgando e ficando abaixo do que a autora pode fazer. Ainda assim, me mantenho na expectativa para ler seus próximos livros.
Título: Vingança da Maré (exemplar cedido pela Editora Intrínseca)
Autora: Elizabeth Haynes
Nº de páginas: 286
Editora: Intrínseca
“No Escuro”, primeiro livro de Elizabeth Haynes, é um dos melhores livros que li esse ano. Dito isso, é fácil imaginar qual foi a minha expectativa ao saber que a Editora Intrínseca lançaria “Vingança da Maré”, o segundo livro da autora. Com tanta expectativa, veio decepção.
Genevieve conseguiu realizar seu sonho de comprar um barco e agora mora em uma marina cercada por pessoas que em pouco tempo se tornaram bons amigos, longe da agitação de Londres - onde antes trabalhava como vendedora durante o dia e dançarina de pole dance em um badalado clube à noite. Mas seu sossego fica comprometido quando uma de suas amigas dançarinas é encontrada morta ao lado de seu barco e ela passa a acreditar que também está em perigo.
Embora a sinopse de “Vingança da Maré” não tenha me parecido tão empolgante, eu sabia que se havia alguém capaz de escrever um thriller tenso e viciante era Haynes. Infelizmente, não emprego nenhum desses adjetivos para esse seu segundo livro.
Através da narrativa em primeira pessoa, que intercala passado e presente, conhecemos a nova Genevieve (que passa os dias tranquilamente reformando seu barco) e também acompanhamos seu início como dançarina, vendo o que começou como diversão (uma maneira de cuidar do corpo, conhecer gente interessante e ganhar um bom dinheiro) transformar-se gradativamente em pesadelo.
Mesmo com uma narrativa fluida o livro demora a engrenar, especialmente porque nas primeiras páginas tudo são flores no passado da protagonista onde, assim como no presente, ela demora até se sentir ameaçada. Com isso falta um dos ingredientes mais essenciais de um bom thriller psicológico: tensão. Porém, a partir do momento em que passamos a ter um vislumbre dos segredos que Genevieve guarda, o livro engrena e consegue prender a atenção tanto aos eventos do passado quanto do presente, criando pontos de interesse por deixar o leitor no escuro em relação a alguns acontecimentos e a natureza de alguns relacionamentos da personagem. Mas pontos de interesse são perguntas e não uma atmosfera - outro ingrediente importante para livros do gênero que também faz falta em “Vingança da Maré”.
A trama em si tem seus méritos, mesmo que não haja grandes surpresas, pois a autora não usa de artifícios do tipo “ninguém é o que parece”, optando por deixar que o desenrolar natural dos acontecimentos e os muitos segredos dêem a forma deste suspense. Essa não é uma fórmula fácil de dar certo, mas Haynes acerta porque tem uma trama bem estruturada.
Quanto à protagonista, Genevieve é uma mulher determinada e segura de si, mas ao mesmo tempo pode ser carente. Suas atitudes nem sempre são responsáveis ou inteligentes, mas Haynes consegue nos fazer entender a sua mente - suas dúvidas e motivações – de forma que a aceitamos com seus defeitos e qualidades e temos a oportunidade de vê-la reconhecer seus erros.
Também merece ser citado Dylan - o homem com quem Genevieve se envolve no passado e para quem guarda um misterioso pacote há cinco meses - que se mantém envolto por uma áurea de mistério até as últimas páginas.
Leitores que gostam de ter todas as respostas poderão se decepcionar com o final um tanto aberto deste livro. Não sabemos exatamente como tudo termina (como também não o sabem os personagens e como nós não sabemos em nossas próprias vidas), podemos apenas intuir. Isso deu um tom natural ao desfecho e me agradou.
A descoberta de segredos é o que impulsiona o leitor em “Vingança da Maré” e embora seu suspense funcione em alguns momentos, também oscila muito, não empolgando e ficando abaixo do que a autora pode fazer. Ainda assim, me mantenho na expectativa para ler seus próximos livros.
Título: Vingança da Maré (exemplar cedido pela Editora Intrínseca)
Autora: Elizabeth Haynes
Nº de páginas: 286
Editora: Intrínseca
16 comentários:
Acabei de ler outra resenha desse livro, onde a avaliação foi bem pior. E apesar de você ter aguçado um pouco minha curiosidade com essa resenha, já perdi toda a vontade de ler.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Ainda não li nada da autora, mas tenho vontade de ler No Escuro.
Confesso que não gostei da sinopse e depois de ler a resenha, fiquei ainda menos animada. Gosto muito de thrillers, mas sem tensão constante, não dá. A questão do final aberto não me incomoda muito, mas esta demora em engrenar.. ah, isso é irritante!
Não acho que compraria o livro, mas se alguém me emprestasse, provavelmente leria (sem muitas expectativas).
bjs
Já li algumas resenhas sobre No Escuro, mas não li nenhum livro da Elizabeth Haynes, então não há como ter uma opinião decente sobre a sua narrativa. A premissa não me cativou em nada, mesmo morrendo de vontade de ler um thriller, este não provocou minha afeição. Às vezes algumas histórias que demoram a engrenar, mas para eu gostar mesmo e superar a parte enfadonha o enredo tem que ser ágil e dinâmico e pelo visto não se encontra isto em A Vingança da Maré. Enfim, é provisoriamente um livro que não teria na estante.
Eu comprei No Escuro na Bienal do Rio e estou bem ansiosa para lê-lo.
Pena que esse livro não é tão bom, mas parece que a autora escreve bem.
Beijos
http://livrosyviagens.blogspot.com.br/
A que pena pensei que ia gostar do livro mas não gosto de forma nenhuma de livros abertos, No Escuro foi realmente o melhor livro que li esse ano e esperava muito desse ,a acho que nem vou comprar.
Bom vamos ver o que tem mais pra frente.
Uma pena que o livro não tenha sido tão bom :S Dá muita raiva né hahahaha
Bom, provavelmente eu não vá lê-lo por enquanto...
Beijo
Poxa, estava tão cheia de expectativas com esse livro! Agora magoei! Vou escolher um outro pra ler e com certeza esse vai ficar pra reserva. Beijos.
Não conhecia essa trama. É a primeira resenha que leio e não fiquei interessada.
Expectativas demais só atrapalham...Apesar desta capa ser linda! Mas espero poder conferir outras resenhas e tentar me animar pela leitura =)
Eu tenho esse livro, mas não o li ainda, queria muito ler no Escuro primeiro, tamanha a crítica positiva que ele recebeu, já A vingança da maré não! Jà li outras resenhas negativas desse livro, o que me deixou um pouco decpcionada, o bom é que voce ressaltou os pontos positivos da leitura, como uma boa protagonista, uma trama bem estruturada e mesmo eu não gostando muito de finais abertos, acho que vou gostar, nem que seja um pouco desse livro, vou ler, afinal já tenho ele né! Mas ainda quero ler No escuro, ah, esse eu quero, bjão! :)
Hm, eu gosto de ter todas as respostas e um pouco mais...
Mesmo achando essa capa linda demais eu nunca tinha me interessado muito por esse livro, pelo visto não estou perdendo muita coisa.
Nunca li nada dessa autora... Nem sou muito fã de thrillers, mas quem sabe...
Poxaa, em um thriller psicológico faltaar tensão em uma parte do livro... não curti :S
Eu não fiquei com muita vontade de ler o livro também porque não curto final sem respostas, prefiro os objetivos :/
Eu gosto de ler livros que o final fiquem meio abertos, além de filmes assim também. É uma pena que o livro não tenha aquilo de “ninguém é o que parece”, porque amo tanto livros assim, que nos surpreendam sabe?
Pretendo ler algum dia mesmo assim.
Que pena que a autora não conseguiu atingir o nível de excelência que conseguiu com seu primeiro livro. Pelo menos não foi de todo ruim. Confesso que tenho problemas com desfechos em aberto, pois já me lembro logo de "Dom Casmurro". Rsrsrs
Acho que vale a pena dar uma conferida nesse também.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Nunca li nenhum livro da autora, mas acho que se fosse ler eu leria o "No Escuro", já que você disse ser tão bom! Já esse eu não sei... Acho que devo ter visto de relance uma outra resenha sobre ele, e também não foi lá muito boa :s Claro, o livro não deve ser de todo ruim, mas não me atraiu. Apesar de essa descoberta de segredos que você citou ser bem legal, gosto de livros assim...
Beijoca
Foreverbia.blogspot.com
Acabei de ler o livro. Raso, cheio de clichês, personagens não carismáticos, típico historinha para vou dormir. Não percam tempo
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