“Instintivamente, estendi a mão para estancar o sangue que
ainda jorrava de seu pescoço e seu peito, mas era tarde demais: os olhos estavam
vitrificados, fixados para sempre numa expressão de pavor.” (PARRIS, 2011, p.
73).
***
Giordano Bruno foi condenado e executado pelo Tribunal da
Inquisição por sustentar a tese de que o universo seria infinito, apoiando o
pensamento de Copérnico no sentido de que o Sol, e não a Terra, seria o centro
do Universo. De monge a herege, não há dúvidas que a vida do filósofo italiano
poderia render um interessante romance histórico.
Fugindo da Inquisição, Giordano Bruno passa por vários
países europeus, até desembarcar em Londres no ano de 1583, momento em que o
país estava dividido entre protestantes e católicos, os quais conspiravam para
derrubar a Rainha Elizabeth do trono. Nesse contexto, o Ministro de
Estado solicita que Bruno aproveite sua visita a Universidade de Oxford para averiguar a existência de católicos na instituição, assim como para investigar se há um complô contra a
Rainha. Quando brutais assassinatos ocorrem em Oxford, Bruno terá que descobrir a
verdade antes que sua própria vida esteja em risco.
Por ser um livro histórico, Parris tentou transpor o leitor
para a época em que os fatos aconteceram, utilizando, para isso, de um linguajar
rebuscado demais. Acrescente-se a isto a tendência de descrever todas as
situações e personagens com minúcias de detalhe. Estes dois fatores tornaram o
livro monótono e sem ritmo, características inaceitáveis para uma obra de
suspense.
O fato de o livro ser categorizado com um suspense histórico
não serve como justificativa para tamanha monotonia. Para exemplificar, cito
Bernard Cornwell, autor de inúmeras obras de cunho histórico, mas que não pecam
por falta de ação, reviravoltas ou adrenalina.
Apesar da extensa pesquisa feita por Parris ser evidente,
senti falta de uma dose maior de verossimilhança. É claro que misturar ficção
com fatos reais não é fácil, mas todo personagem precisa de motivos plausíveis para
agir de determinado modo, e as ações de alguns personagens foram difíceis de
engolir.
Mesmo com tais ressalvas, preciso reconhecer que o final da
obra foi completamente inesperado e surpreendente. Compensando toda a inércia
anterior, Parris apresenta capítulos ágeis e dinâmicos, revelando uma trama
complexa e bem estruturada, sem deixar pontas soltas.
Heresia é o primeiro volume da série Giordano Bruno, seguido
por Profecia (já publicado pela Editora Arqueiro), Sacrilege e Treachery.
Autora: S. J. Parris
N.º de páginas: 359
Editora: Arqueiro
7 comentários:
Concordo que um livro de suspense deve ter ritmo, mas, de vem em quando, um romance histórico sempre acaba entrando nessa monotonia. As vezes o que salva é a narrativa do autor, caso contrário... De qualquer forma, fiquei um pouco decepcionada com o fato de "Heresia" ser assim, sem ritmo. Desde quando o livro foi lançado, ele estava na minha lista de desejados, já li várias resenhas com diferentes críticas, sendo elas positivas ou não, e o resultado é que estou curiosa para saber qual será a minha opinião sobre ele. Que sua próxima leitura seja melhor!
Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/
Não conhecia o livro, e até me interessei bastante pela premissa. Mas quando você disse que é monótono e sem ritmo o meu interesse foi por água abaixo. :/
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
A mistura suspense-histórico parecia interessante. Uma pena que o livro tenha sido monótono. Pelo menos o final foi surpreendente então a leitura não foi de todo ruim...
Uma pena que o livro seja tão monótono. Eu ainda não o li, mas pela sinopse eu esperava que fosse mais intenso.
Adoro histórias que remetem a Inquisição. Leria este livro em outro momento.
Se o livro é muuuito monótono mais tem um final surpreendente que consegue deixar de lado essa monotonia então isso me dá vontade de ler. Só espero não demorar tanto para ler o livro porque livros assim as vezes eu demoro demais para ler.
Poxa, a historia até é boa, mas esse linguajar rebuscado demais é o que mata viu, isso me tira a total atenção da leitura, e também se é uma leitura cansativa e monótona, já vou dispensar, infelizmente, mas ainda bem que teve um final recompensador! :)
Adriana
Livros de suspense histórico sem agilidade, ação e reviravolta estão longe de ser meus preferidos. Quando leio suspense, quero ficar com a sensação de tensão o tempo inteiro. Uma pena que o autor pecou nesse quesito, mas pra compensar, ele finaliza com chave de ouro, e digno de finais de livros do gênero.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
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