“Olhando para trás, esse poderia ter sido o momento – não o único, mas um momento específico de que ela mais tarde se lembraria – que mudaria muita coisa. (...) ela ainda não havia começado a acumular novos segredos, cada acréscimo agravando os anteriores, num círculo vicioso que ia fugindo do controle.” (PAVONE, 2013, p. 98)
A sinopse parece interessante, mas tem potencial para se tornar mais do mesmo. Passo. Ganhou um importante prêmio de melhor livro de estréia do ano. Vou ler a sinopse de novo. Passo. Stephen King elogia efusivamente o segundo livro do autor. Ok, eu me rendo. Mr.Pavone, você conseguiu uma chance. Foram tantas as vezes - desde meu primeiro contato até decidir fazer a leitura - que mudei de opinião a respeito de “Os Impostores” que nada que o livro se revelasse seria uma surpresa. Tendo o mesmo ocorrido durante a leitura, ao menos o saldo geral foi positivo.
Kate Moore é uma espiã da CIA que concilia a vida na agência com a vida de mãe e esposa. Quando Dexter, seu marido, anuncia que conseguiu um emprego em Luxemburgo, ela deixa seu cargo, disposta a viver em um novo país e ocupar-se dos filhos e atividades domésticas, sem saber o quanto a rotina do casal mudaria devido aos segredos que Dexter precisa guardar sobre o novo emprego. Cada vez mais distante do marido, Kate faz amizade com um casal de americanos, mas seu instinto não tarda em lhe dizer que há algo errado. Desconfiando que eles possam estar em seu encalço atraídos por um fantasma de seu passado e temendo pela segurança da família, Kate passa a investigar os recém-chegados e descobre que as mentiras em cima das quais construiu sua vida não são as únicas que a cercam.
Narrando em terceira pessoa, mas sempre pelo ponto de vista de Kate, o autor coloca a protagonista sob os refletores, enquanto os outros personagens permanecem no escuro. Por isso, é possível ter as mais diversas opiniões sobre eles ao longo da leitura, até chegar ao ponto em que já não sabemos o que pensar. Desconfiamos de quem confiávamos, confiamos em quem desconfiávamos e nada é definitivo.
Metade de “Os Impostores” é um livro de espionagem. A outra metade é sobre relacionamentos. Muito disso é reflexo de Kate e seu desejo de sentir-se plenamente satisfeita sendo mãe e esposa, mas ansiando por emoções como as que a carreira na CIA lhe proporcionava.
Transitando entre os dois temas, o autor espalha causas para dúvidas por toda a parte. A trama começa no presente para em seguida regressar dois anos e a partir dali intercalar vários momentos temporais (que podem ser separados por anos, meses ou até mesmo uma mera inversão de noites seguidas). Assim, Pavone consegue deixar o leitor curioso ao anunciar em diversos momentos que aquilo que ele pensa estar vendo irá, eventualmente, se revelar uma mentira. “Você tinha acreditado, bobinho? É uma mentira. Mas eu ainda não vou contar a você a verdade.” A mim, parece que artifícios como esse caem como uma luva no mundo da espionagem.
“Os Impostores” se destaca por sua trama. A história é boa e os personagens são verossímeis, podendo estar tramando qualquer coisa, em conluio com qualquer um, por qualquer razão. Eles sabem nos enganar, mas também nos deixar sentir o cheiro de que algo estar errado.
Apesar de funcionar no geral, foram muitos os momentos em que achei a leitura morna. Embora não chegasse a ser arrastada, alguma coisa não me empolgava e eu me via voltar às minhas dúvidas iniciais sobre se lia o livro de estreia de Pavone ou não. Nas primeiras páginas, achei que seria empolgante, depois comecei a me decepcionar, depois me animei novamente e assim terminei.
Em um gênero já tão utilizado e no qual incursões de novos autores tendem a parecer mais do mesmo, “Os Impostores” ganha pontos por inserir a espionagem na vida de um casal comum, mostrar como segredos podem se enraizar nas pessoas e afetar relacionamentos, não abusar de ferramentas tecnológicas (em uma época que teria tudo para isso) e deixar a ação em segundo plano para explorar dramas pessoais, sem por isso abandonar os mistérios. É por isso que, finalizada a leitura, vejo o livro como um drama de espiões e não uma história de espionagem, já que há mais elementos do primeiro gênero que do segundo.
Vencedor do Edgar e do Anthony Award de melhor romance de estréia, “Os Impostores” é de fato um livro com bons elementos, mas carece de um algo a mais para se tornar memorável. Se eu fosse uma espiã, poderia confiar em meus instintos sem medo. Eles parecem estar em ordem.
Título: Os Impostores (exemplar cedido pela Editora)
Autor: Chris Pavone
Nº de páginas: 326
Editora: Arqueiro
A sinopse parece interessante, mas tem potencial para se tornar mais do mesmo. Passo. Ganhou um importante prêmio de melhor livro de estréia do ano. Vou ler a sinopse de novo. Passo. Stephen King elogia efusivamente o segundo livro do autor. Ok, eu me rendo. Mr.Pavone, você conseguiu uma chance. Foram tantas as vezes - desde meu primeiro contato até decidir fazer a leitura - que mudei de opinião a respeito de “Os Impostores” que nada que o livro se revelasse seria uma surpresa. Tendo o mesmo ocorrido durante a leitura, ao menos o saldo geral foi positivo.
Kate Moore é uma espiã da CIA que concilia a vida na agência com a vida de mãe e esposa. Quando Dexter, seu marido, anuncia que conseguiu um emprego em Luxemburgo, ela deixa seu cargo, disposta a viver em um novo país e ocupar-se dos filhos e atividades domésticas, sem saber o quanto a rotina do casal mudaria devido aos segredos que Dexter precisa guardar sobre o novo emprego. Cada vez mais distante do marido, Kate faz amizade com um casal de americanos, mas seu instinto não tarda em lhe dizer que há algo errado. Desconfiando que eles possam estar em seu encalço atraídos por um fantasma de seu passado e temendo pela segurança da família, Kate passa a investigar os recém-chegados e descobre que as mentiras em cima das quais construiu sua vida não são as únicas que a cercam.
Narrando em terceira pessoa, mas sempre pelo ponto de vista de Kate, o autor coloca a protagonista sob os refletores, enquanto os outros personagens permanecem no escuro. Por isso, é possível ter as mais diversas opiniões sobre eles ao longo da leitura, até chegar ao ponto em que já não sabemos o que pensar. Desconfiamos de quem confiávamos, confiamos em quem desconfiávamos e nada é definitivo.
Metade de “Os Impostores” é um livro de espionagem. A outra metade é sobre relacionamentos. Muito disso é reflexo de Kate e seu desejo de sentir-se plenamente satisfeita sendo mãe e esposa, mas ansiando por emoções como as que a carreira na CIA lhe proporcionava.
Transitando entre os dois temas, o autor espalha causas para dúvidas por toda a parte. A trama começa no presente para em seguida regressar dois anos e a partir dali intercalar vários momentos temporais (que podem ser separados por anos, meses ou até mesmo uma mera inversão de noites seguidas). Assim, Pavone consegue deixar o leitor curioso ao anunciar em diversos momentos que aquilo que ele pensa estar vendo irá, eventualmente, se revelar uma mentira. “Você tinha acreditado, bobinho? É uma mentira. Mas eu ainda não vou contar a você a verdade.” A mim, parece que artifícios como esse caem como uma luva no mundo da espionagem.
“Os Impostores” se destaca por sua trama. A história é boa e os personagens são verossímeis, podendo estar tramando qualquer coisa, em conluio com qualquer um, por qualquer razão. Eles sabem nos enganar, mas também nos deixar sentir o cheiro de que algo estar errado.
Apesar de funcionar no geral, foram muitos os momentos em que achei a leitura morna. Embora não chegasse a ser arrastada, alguma coisa não me empolgava e eu me via voltar às minhas dúvidas iniciais sobre se lia o livro de estreia de Pavone ou não. Nas primeiras páginas, achei que seria empolgante, depois comecei a me decepcionar, depois me animei novamente e assim terminei.
Em um gênero já tão utilizado e no qual incursões de novos autores tendem a parecer mais do mesmo, “Os Impostores” ganha pontos por inserir a espionagem na vida de um casal comum, mostrar como segredos podem se enraizar nas pessoas e afetar relacionamentos, não abusar de ferramentas tecnológicas (em uma época que teria tudo para isso) e deixar a ação em segundo plano para explorar dramas pessoais, sem por isso abandonar os mistérios. É por isso que, finalizada a leitura, vejo o livro como um drama de espiões e não uma história de espionagem, já que há mais elementos do primeiro gênero que do segundo.
Vencedor do Edgar e do Anthony Award de melhor romance de estréia, “Os Impostores” é de fato um livro com bons elementos, mas carece de um algo a mais para se tornar memorável. Se eu fosse uma espiã, poderia confiar em meus instintos sem medo. Eles parecem estar em ordem.
Título: Os Impostores (exemplar cedido pela Editora)
Autor: Chris Pavone
Nº de páginas: 326
Editora: Arqueiro
9 comentários:
Olá! Eu ainda não tinha lido nenhuma resenha sobre esse livro e com certeza amei a sua. Livros cujo o enredo é espionagem e mistério me atraem muito, e realmente gostei de saber que esse livro tem coisas envolvendo o mundo da espionagem, mesmo que seja mais um drama de espiões, como foi dito na resenha. Pretendo procurar mais informação sobre o livro para ver se ele entra ou não na minha lista de livros que pretendo ler porque apesar do conter temas que geralmente eu curto ler, ele não me atraiu muito.
Quero muito ler esse livro! Não dizer que fiquei decepcionada em saber que não tem nada eletrizante pois meio que já esperava por isso. Mas saber da boa parte dramática e dos personagens verossímeis já me deixa feliz. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Oi,
Tenho muita curiosidade sobre esse livro, mas estou em dúvida se leio ou não.
Bjs!
Viciados Pela Leitura
Narrativas "mais ou menos" são capazes de tirar o brilho de uma trama com a premissa boa. Foi essa a impressão que tive ao ler a resenha.
Gosto bastante do estilo, e Os Impostores parece apresentar muitos elementos positivos. Mas se a leitura não flui bem, todo o resto fica comprometido!
bjs
Não é a primeira vez que ouço falar mal dele, já vi outras blogueiras que bateram na mesma tecla "no geral é bom, mas a narração não valorizou o produto". É uma pena né, eu achava que o livro era tão bom, mas por ser uma leitura morna já me desanima bastante :(
Beijos!
Eu estou curiosa para ler este livro. Parece ser bem legal.
Beijos.
http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/
Eu já não tinha vontade de ler esse livro, mas agora fiquei com menos vontade ainda. Por mais que eu não quisesse ler o livro, eu achava que ele era bom, mas depois de ler a resenha, tenho certeza que não vou gostar. E tenho certeza que se lesse, teria abandonado na metade que onde começa a decepcionar...
Bjss
O que nos mata são essas citações de nossos autores pra lermos livros como esses. Quem não leria um livro com o aval de Stephen King?!?! kkkkkk
O que achei interessante nessa trama é essa mistura de drama com espionagem. Não me lembro de ter lido nada assim. Fiquei bem curioso pra dar uma conferida.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
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