sexta-feira, 17 de outubro de 2014

RESENHA: Em Nome do Mal

“Ele tem vislumbres de memória. Alguém fazendo coisas terríveis. Mais carne branca sendo cortada com uma faca afiada. Sangue brotando do corte. Ira diante de uma antiga injustiça. Algo escuro, molhado e escorregadio por baixo. Essas lembranças não são dele. Ou talvez sejam. Ele já não sabe o que é real.” (OSWALD, 2014, p.66)

Histórias policiais sempre me atraem. Porém, de uns tempos para cá, são poucas as que têm me agradado. Ao ler as sinopses, muitas vezes sinto que estou me deparando com “mais do mesmo” e, quando decido dar uma chance ao livro, nem sempre a experiência me satisfaz. “Em Nome do Mal” é um exemplo dos livros do gênero que ganharam uma chance e não foram merecedores.

O inspetor Anthony McLean está de folga, passando por uma vizinhança conhecida, quando vê movimento policial. Achando que pode ajudar, ele entra para conferir o que está acontecendo e se depara com um brutal assassinato de um homem bastante conhecido na comunidade. Essa é a primeira das mortes cruéis com as quais ele irá se deparar. As outras incluirão um homem que corta a própria garganta em um bar, uma mulher que se atira em um trilho de trem e uma jovem morta no final da Segunda Guerra Mundial.

É difícil dar sequência à uma leitura que não cativa desde as primeiras páginas. E foi isso que aconteceu comigo ao ler “Em Nome do Mal”. Mesmo com capítulos curtos que deveriam dar agilidade à trama, a narrativa em terceira pessoa peca por ser descritiva em excesso, o que arrasta a leitura sem contribuir para nada essencial. Como os crimes em questão são bastante violentos e o autor faz questão de descrever os ferimentos das vítimas em detalhes, acredito que sua escolha em fazer com que toda a narrativa seja bastante descritiva seja para que todas as cenas tenham o mesmo tom.

O livro segue a estrutura tradicional de um romance policial, ou seja, tem como cerne a investigação, e apresenta uma história na qual as únicas coisas relevantes são as relacionadas ao crime. Existem milhares de livros que adotam essa estrutura e são muito bem sucedidos ao fazê-la, porém, para isso funcionar é preciso que o crime seja muito interessante. Agatha Christie, por exemplo, faz isso melhor do que ninguém. Já James Oswald parece espalhar crimes e aparentes suicídios por toda uma cidade e fazer com que o mesmo inspetor seja designado para os vários casos para que, eventualmente, encontre as coincidências entre eles. É o tipo de história que não me convence. Além disso, por ir pulando de um crime para o outro sem se aprofundar em nenhum, o autor não dá tempo de o leitor se atrair pelo mistério que cada um deles deveria representar dentro da trama. O meu sentimento era o de ir de lá para cá, de cá para lá e ficar na espera de que as respostas surgissem em algum momento e tudo se explicasse. Na verdade, levando em consideração que esse é um livro com múltiplos crimes, chega a ser espantoso que nenhum desperte interesse. É apenas violento, talvez até repugnante, mas não intrigante (e para mim a essência de um bom livro policial deve ser essa última).

Como disse no início dessa resenha, livros policiais tendem a me atrair, mas tenho sido cuidadosa na escolha das minhas leituras do gênero. É por isso que, quando me deparei com “Em Nome do Mal” fui conferir os comentários na Amazon e no Goodreads e o que encontrei foram inúmeras criticas positivas, a maioria das quais se referiam ao livro como “um verdadeiro page turner” (livro que é impossível parar de ler, pois é como se as páginas virassem sozinhas). Talvez justamente pelo excesso de elogios a minha decepção tenha sido tão grande.

“Em Nome do Mal” é o primeiro livro da série protagonizada pelo inspetor Anthony McLean.

Título: Em Nome do Mal (exemplar cedido pela Editora)
Autor: James Oswald
Nº de páginas: 335
Editora: Record

16 comentários:

Gabriela CZ disse...

Ainda essa semana tinha lido elogios a esse livro que me deixaram interessada. Mas agora já não sei, Mari. Saber que o enredo pula de um crime para outro sem se aprofundar em nenhum me desanima. E ainda parece ser muito sangrento. Acho que vou tirar da lista. Ótima resenha.

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Silviane Casemiro disse...

Oi!
Quando vi o nome do livro e a capa fiquei bastante interessada mas tudo foi em vão quando você disse que não se animou e que o livro não foi merecedor de uma chance.
O restante da resenha me fez apenas desanimar mais. Apesar de ter gostaria de saber que o autor é bastante detalhista, até nos ferimentos.

~ Blog:
Cantar Em Verso . Fbook Cantar em Verso

~ Pessoal:
Fbook . silvianecasemiro@gmail.com

Rubro Rosa disse...

Bem, não conhecia o livro, mas independente de não se aprofundar em nenhum crime em questão, eu gostei do que li na sinopse..Talvez porque eu não crie expectativas..Aprendi isso depois de me decepcionar demais com críticas positivas. Hoje, encaro tudo assim: se for bom, valeu..se não for, valeu mesmo assim.
Amo livros com capítulos curtos e com crimes mais violentos.
Lerei =)
Beijo

Milena Soares disse...

Curto muito histórias policiais, o livro parece ser muito bom, pena que você ficou tão decepcionada, isso as vezes acontece comigo também, eu vejo tantos elogios a respeito de um certo livro ai quando eu leio o mesmo não acho isso tudo que falavam.

Loly Fonseca disse...

Não curto histórias policiais, e esse desde o início me afastou bastante apenas pela capa... Tive mesmo a impressão de ser bem violento e não consigo ler coisas nesse estilo... O fato de ter vários crimes deveria mesmo ter algum que intrigasse, mas também não dá tempo pra que se envolva na história... E também não gosto de cenas tão descritivas, principalmente se isso ocorre com os ferimentos inclusive... Esse eu passo... Não conseguirei ler...
Kisses =*

Nardonio disse...

Até entendo quando algumas cenas de livros desse gênero seja bem descritivas (principalmente as relacionadas aos crimes), mas toda a narrativa, fica complicado demais. Uma coisa que não acho que combina muito é: Capítulo curto e narrativa descritiva demais.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

DESBRAVADORES DE LIVROS disse...

Ter uma obra com bastante detalhes na descrição, é ótimo, Mari. Mas quando isso fica em excesso, como nesse caso, acaba ficando complicado.
Estava super ansiosa para ler essa obra, espero não ter essa decepção tão grande. Quando for ler, com certeza irei com menos sede ao pote. Mas essa capa, não posso tirar o mérito de sua beleza. Está incrível.

M&N | Desbrava(dores) de livros

Girlene Viey disse...

Adoooro a editora Record pois as obras que ela publica/lança
são muito boas! Um exemplo este livro, um historia sensacional
e bem surpreendente !
Como vc curto bastante romance policiais e este livro Em Nome do Mal
estou com muuuitas expectativas com ele!

nathalia muller disse...

Eu tambem li muitas criticas positivas a respeito desse livro....
Mas sinceramente não me chamou atenção...
Talvez por ser um gênero literário que não me agrada...

Unknown disse...

Ola Mari, eu também gosto de Policiais, mas ultimamente eu venho correndo desse gênero, pois sempre tem mas do mesmo como vc disse, e a Agatha é a unica que escapa... rsrsrsrsrsrsrs

Abçs :)

RUDYNALVA disse...

Mari!
Pelo título já diria que o livro era de terror e depois da sua resenha, certeza que não incluiria no gênero policial e sim terror...
Bem, não sei se já leu Lisa Gadner, entretanto, é uma das escritoras contemporâneas com bons livros policiais, vale a pena conferir.
Cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Gosto desse genero, porem este livro não me atraiu tanto quandot gostaria. Me parece que os fatores não se ligaram (não sei disser), para minha leitura eu passo mas compraria para minha amiga sem duvida.

Adriana disse...

Nossa, eu adoro um bom livro policial, mas pelo que li aqui na resenha, não é o caso desse livro, onde o autor não conseguiu se aprofundar em nenhum crime da historia e ainda transformou a leitura em algo arrastado pelo exagero das descrições, é uma pena né!

Unknown disse...

Nunca tinha lido nada sobre este autor e suas obras e já desanimei com esta resenha :/
Eu curto Agatha, Nora Roberts, Harlan Coben e acho que é difícil encontrar estórias que envolvam como as deles.
Não fecharei as portas, mas, por enquanto estão entre abertas, hehehehe.
Parabéns pela honestidade!
Bjs

Unknown disse...

Não sou fã de livros policiais, e este livro não me chamou tanta atenção.. Também não consigo continuar livros que não me cativam.
Narrativas descritivas demais fazem a leitura se tornar arrastada, e ainda por ser um livro com muitas cenas de crime não me vejo lendo um livro assim..

Unknown disse...

Pela capa este livro estava mas para livro de terror do que livro policial. Não sou fã do gênero.Mas alguns autores são simplesmente geniais! e por isso que mesmo não sendo fã leio alguns. Este não me interessou nem um pouco. Achei que a historia é descritiva demais pra meu gosto. Beijos <3

Postar um comentário

 

Além da Contracapa Copyright © 2011 -- Template created by O Pregador -- Powered by Blogger