"Entretanto, o velho pescador pensava sempre no mar no feminino e como se fosse uma coisa que concedesse ou negasse grandes favores; mas se o mar praticasse selvagerias ou crueldades era só porque não podia evitá-lo.” (HEMINGWAY, 2013, p.32)
Certa vez escrevi uma resenha que dizia que resenhar Ernest Hemingway era uma responsabilidade que eu não queria. Isso continua sendo verdade, mas dessa vez é um pouco mais difícil, já que eu nunca imaginei que a minha reação a “O Velho e o Mar” - um dos livros mais importantes do autor, para não dizer o mais importante - não seria completamente satisfatória.
Santiago é um velho pescador que está em uma maré de azar. Há 84 dias não pesca nada. Seu amigo e companheiro de pesca, o jovem Manolin, foi proibido pelos pais de continuar a acompanhá-lo para não ser contagiado com a sua falta de sorte. No 85º dia, Santiago segue sua rotina: levanta antes do nascer do sol, pega seu barco e vai pescar. Nesse dia, porém, ele fisga um peixe de tamanho descomunal e, partir desse momento, uma batalha se trava entre o velho e o peixe para que Santiago consiga voltar para a sua aldeia, carregando a sua pesca.
Para mim, o elemento de destaque em uma obra de Hemingway é sempre a narrativa enxuta. O que mais me admira é o quanto essa narrativa pode ser econômica (principalmente em adjetivos) e ainda assim conseguir delinear as imagens com tanta clareza na mente do leitor.
Em “O Velho e o Mar” causa estranheza o texto sem interrupções. Não há divisões em capítulos, nem mesmo intervalos de nenhuma espécie. Penso que isso seja, talvez, um reflexo dos dias ininterruptos de Santiago, mas confesso que não gostei da estratégia já que sempre que eu precisava interromper a leitura, não sabia onde era o melhor ponto para faze-lo.
Hemingway é um mestre absoluto, mas reconheço não ter gostado de “O Velho e o Mar” como esperava. Isso nada tem a ver com a falta de ação (já que a luta que Santiago trava não é contra um inimigo em especifico e sim com a natureza – do mar, do peixe, dele mesmo) ou de diálogos (que, com exceção dos poucos com Manolin, são monólogos), mas sim com o fato de que a história toda me soou mais como uma fábula do que como a história de um personagem. Não me parecia que o que estava sendo contado era a história de Santiago e sim a história da vida e do que todas as pessoas precisam enfrentar - cada uma a seu modo e dentro das suas circunstancias – para vencer ou perder. Dessa forma, o velho, o peixe e as outras criaturas marinhas (incluindo o próprio mar) e Manolim são artefatos nas palavras do autor que, por sua vez, usa desses personagens para fazer o leitor pensar e refletir. E não resta dúvidas que consegue. Mesmo não tendo gostado do livro como esperava, de uma hora para a outra fui de não estar gostando para estar muito angustiada e torcendo pelo velho. Porque Hemingway tem disso: você não vai conseguir terminar um texto escrito pelo autor sem sentir o mesmo que seus personagens sentem.
Uma história de determinação e superação, de coragem e força, de crença em si mesmo. Uma história de amizade. Uma história talvez de vitória, talvez de perda (cabe ao leitor tirar suas conclusões). Quando, em 1954, Ernest Hemingway foi agraciado com o Nobel de Literatura, “O Velho e o Mar” foi citado como uma justificativa para o prêmio. Sem dúvida uma obra atemporal já que seu tema é o homem e a vida.
Título: O Velho e o Mar
Autor: Ernest Hemingway
Nº de páginas: 124
Editora: Bertrand
Certa vez escrevi uma resenha que dizia que resenhar Ernest Hemingway era uma responsabilidade que eu não queria. Isso continua sendo verdade, mas dessa vez é um pouco mais difícil, já que eu nunca imaginei que a minha reação a “O Velho e o Mar” - um dos livros mais importantes do autor, para não dizer o mais importante - não seria completamente satisfatória.
Santiago é um velho pescador que está em uma maré de azar. Há 84 dias não pesca nada. Seu amigo e companheiro de pesca, o jovem Manolin, foi proibido pelos pais de continuar a acompanhá-lo para não ser contagiado com a sua falta de sorte. No 85º dia, Santiago segue sua rotina: levanta antes do nascer do sol, pega seu barco e vai pescar. Nesse dia, porém, ele fisga um peixe de tamanho descomunal e, partir desse momento, uma batalha se trava entre o velho e o peixe para que Santiago consiga voltar para a sua aldeia, carregando a sua pesca.
Para mim, o elemento de destaque em uma obra de Hemingway é sempre a narrativa enxuta. O que mais me admira é o quanto essa narrativa pode ser econômica (principalmente em adjetivos) e ainda assim conseguir delinear as imagens com tanta clareza na mente do leitor.
Em “O Velho e o Mar” causa estranheza o texto sem interrupções. Não há divisões em capítulos, nem mesmo intervalos de nenhuma espécie. Penso que isso seja, talvez, um reflexo dos dias ininterruptos de Santiago, mas confesso que não gostei da estratégia já que sempre que eu precisava interromper a leitura, não sabia onde era o melhor ponto para faze-lo.
Hemingway é um mestre absoluto, mas reconheço não ter gostado de “O Velho e o Mar” como esperava. Isso nada tem a ver com a falta de ação (já que a luta que Santiago trava não é contra um inimigo em especifico e sim com a natureza – do mar, do peixe, dele mesmo) ou de diálogos (que, com exceção dos poucos com Manolin, são monólogos), mas sim com o fato de que a história toda me soou mais como uma fábula do que como a história de um personagem. Não me parecia que o que estava sendo contado era a história de Santiago e sim a história da vida e do que todas as pessoas precisam enfrentar - cada uma a seu modo e dentro das suas circunstancias – para vencer ou perder. Dessa forma, o velho, o peixe e as outras criaturas marinhas (incluindo o próprio mar) e Manolim são artefatos nas palavras do autor que, por sua vez, usa desses personagens para fazer o leitor pensar e refletir. E não resta dúvidas que consegue. Mesmo não tendo gostado do livro como esperava, de uma hora para a outra fui de não estar gostando para estar muito angustiada e torcendo pelo velho. Porque Hemingway tem disso: você não vai conseguir terminar um texto escrito pelo autor sem sentir o mesmo que seus personagens sentem.
Uma história de determinação e superação, de coragem e força, de crença em si mesmo. Uma história de amizade. Uma história talvez de vitória, talvez de perda (cabe ao leitor tirar suas conclusões). Quando, em 1954, Ernest Hemingway foi agraciado com o Nobel de Literatura, “O Velho e o Mar” foi citado como uma justificativa para o prêmio. Sem dúvida uma obra atemporal já que seu tema é o homem e a vida.
Título: O Velho e o Mar
Autor: Ernest Hemingway
Nº de páginas: 124
Editora: Bertrand
15 comentários:
Ganhei este livro de presente de uma amiga há um tempo. E quando o li, foi um misto de questionamentos, incertezas, admiração. Admito que não havia lido nada de Ernest, então não precisei comparar com nenhum outro livro dele.
A batalha é realmente o pico do livro..cenas de superação, força de vontade, luta interior. Onde há vencedores? Ainda me questiono isso.
Uma história incrível..Ao menos, pra mim!
Beijo
Já vi opiniões parecidas com sua, Mari. Creio que o fato do texto ser ininterrupto pese muito, pois seria uma coisa que também me incomodaria. Mas ainda quero muito ler esse e todos os livros de Hemingway, e assim espero poder fazer. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Tenho esse livro aqui em minha estante, acho que é a primeira edição lançada pela editora Globo, ganhei de um amigo de meu pai e fiquei muito interessada no livro, mas acabei o largando em minha estante. Gostei muito de sua resenha e fiquei mais interessada no livro, o irei ler em breve. Parabéns pela resenha, Mari.
Beijos,
http://pactoliterario.blogspot.com.br/
Gostei da resenha, embora eu ainda não tenha lido esse livro, eu o achei meio monótomo
Com poucos diálogos eu acho meio cansativo, mas eu gostei da premissa do livro, o homem e a vida.
Abçs :)
Nunca li algo do Ernest Hemingway, mas também não sinto tanta vontade assim... Conheço pessoas que já leram O Velho e o Mar e amaram, mas pelo que você falou já não sei se eu aproveitaria tanto quanto é preciso... Sem duvida é uma história que faz pensar sobre a vida... Acho que não será por meio dessa obra que conhecerei o autor...
Kisses =*
Não conhecia esse livro e, posso dizer que não me animei muito em lê-lo depois dessa resenha. Acho essa parada de não ter capítulos ou uma divisão de ações, um pouco complicada demais para mim. Sempre sinto a necessidade de ter umas pausas durante as tramas e, pelo que entendi, nesse caso fica complicado. Enfim, pode ser que o leia algum dia, mas acho que vai demorar um bocado.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Mari!
Hemingway é um filósofo de seu tempo, assim penso eu.
Em "O velho e o mar" ele faz uma 'parábola' com os elementos naturais que traz questionamentos pessoais que impõe uma análise interior mesmo que não estejamos prontos para ela ou que não a desejemos naquele determinado momento. Simplesmente estamos lá, naquela situação 'aparentemente' fictícia, torcendo, vibrando para o sucesso do velho e ao mesmo tempo pensando: e isso? E aquilo? E se fosse de tal forma, como reagiria?
Cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Não conhecia esta obra pra ser totalemente sincera!
Mas curto bastante a historia deste velhinho!
Parece ser ao menos tempo um historia doce, e cheias de aventura!
Eu curti bastante
Essa e a primeira vez que eu leio uma resenha sobre essa historia. Bem esse não é meu genero de leitura que estou lendo no momento. Espero mais para frente dar oportunidade de ler esse livro.
Realmente “O Velho e o Mar” é uma obra atemporal, um livro que absolutamente todo mundo deveria ler, é excelente!
Eu não conhecia Ernest Hemingway e sua descrição sobre a genialidade do autor me fez querer ler os livros dele.
Mesmo que sua crítica não tenha sido tãoo positiva eu gostei da premissa e fiquei curiosa para saber o que acontece com a o peixão e o pescador, hehe.
Confesso que é diferente do que costumo ler, parece mais uma fábula como "moral da estória é", mas fiquei muito interessada.
Bjs
Ainda não conhecia este livro, e a capa não me agradou tanto assim. Por ele ser pequeno, somente 124 páginas, acho que posso dar uma chance a leitura..
Gosto de livros assim que nos fazem refletir.. Imagino como deve ter sido esta batalha entre o velho e o peixe. Concordo com você sobre não ter gostado do modo do texto, sem divisões fica mesmo difícil interromper a leitura..
Já ouvi muito sobre esse livro, mas acho que pra ler algo tão especial, eu preciso estar num momento mais sereno da minha vida, pra poder saborear essa obra de uma forma plena, sem perdas, com muito reflexão...espero muito em breve poder ler esse livro!
Oi, Mari.
Eu ainda não li esse livro ainda, mas fiquei interessada em ler. Embora você tenha gostado do livro e não tenha sido tão grande assim, fiquei querendo conhecer essa história que mais parece uma fábula.
Ah, e a quantidade de páginas ajudam mais ainda a vontade de eu ler.
Nossa! eu no começo achava que a historia seria meio que no minimo estranha. Tipo um velho tentando pegar um peixe? Estranho. Mas ao terminar de ler a resenha fique muito curiosa por um livro simples como esse carregar tantos sentimentos. Assim que tiver a oportunidade o lerei sem duvida. Beijos <3
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