Eu adoro os filmes de Alfred Hitchcock, mas curiosamente o lendário “Psicose” não ocupa o topo da minha lista de preferências e foi só com o lançamento das edições caprichadíssimas da Editora Darkside que eu descobri que o filme fora inspirado em um livro.
Norman Bates é um homem solitário cujos dias giram em torno da convivência com mãe dominadora e a gerência do seu pequeno motel de beira de estrada, cujo movimento diminuiu drasticamente depois de inaugurada a nova rodovia. Mary Crane é uma jovem cheia de sonhos – o principal deles casar com seu noivo endividado – que rouba uma expressiva soma em dinheiro. Quando, em uma noite chuvosa que a leva a se perder no caminho, ela foge e se hospeda no Bates Motel, o destino dos personagens se cruza.
Hitchcock tinha o talento de transformar até mesmo histórias medíocres em obras de arte. Mas isso não se aplica à “Psicose” que é uma história muito interessante, principalmente se analisarmos a época em que o livro de Bloch foi lançado (1959). Nesse momento, tomarei cuidados extras para não arriscar dar spoiler para qualquer pessoa que não saiba o mistério por trás de “Psicose”, basta dizer que se hoje o tema já foi usado inúmeras vezes, na época, sem dúvida, foi um verdadeiro choque e ousado por inúmeras razões (o que fica claro no livro ‘Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose”).
A primeira coisa que me chamou a atenção foi a maneira como Bloch consegue apresentar os personagens com absoluta clareza já no primeiro capítulo. Com poucas páginas, já é possível sentir que conhecemos Norman, sua mãe e a dinâmica doentia que existe entre eles.
A narrativa do autor é ágil e não perde tempo com descrições desnecessárias. Na verdade, muito mais que ambientações e contextualizações, “Psicose” é um livro de ações e toda a narrativa gira em torno, basicamente, do que acontece e do que os personagens fazem. Aconteceu isso, isso e então aquilo. Direto assim. O que faz com que o livro seja bastante enxuto (na verdade, ele só atinge a casa das duzentas páginas graças ao primoroso trabalho gráfico desta edição).
Algo muito interessante em “Psicose” é como a história muda, não sendo o que aparenta ser. Se na primeira parte acreditamos ser sobre Mary Crane, logo vemos que os protagonistas são outros e a morte daquela que antes julgávamos ser a protagonista (a mocinha da história) é apenas o ponto de partida (e essa é apenas uma das razões pelas quais o livro de Bloch foi tão inovador na ocasião do seu lançamento. Não bastasse a mocinha morrer, ela o faz ainda no começo da história). Brilhante.
Sabemos que, muitas vezes e pelos mais diversos motivos, as adaptações cinematográficas de livros não conseguem ser fieis às obras originais. Mas isso não acontece com "Psicose". Com exceção de pequenos detalhes, absolutamente tudo que está no filme saiu do livro, assim como tudo que está no livro foi para o filme. Portanto, se você é um fã ávido do filme de Hitchcock e teme ter sua visão da história dos Bates arruinada ao vivenciá-la em outra versão, não se preocupe. Ao ler “Psicose”, você vai enxergar o filme em sua cabeça o tempo todo e se isso pode estragar alguns livros, não é esse o caso. Para mim só enriqueceu a experiência. De qualquer forma, não importa o quanto se saiba sobre a história, o último capítulo não é nada menos que sensacional e na cena da grande descoberta, tudo que eu pensava era: “É agora! É agora!”.
“Psicose” é um bom livro, mas não resta dúvidas de que Hitchcock o elevou a outro patamar. A lendária cena do chuveiro, por exemplo, (que foi o que chamou a atenção do diretor para transformar o livro de Bloch em filme) ao ser analisada cruamente, não é tão impactante nas páginas quanto na tela. Mas se você assistiu ao filme, a expectativa a partir do momento que Mary (Marion no filme) entra no banheiro é estratosférica.
Por coisas assim, não consegui deixar de pensar que, talvez, se não fosse o filme “Psicose”, o livro “Psicose” teria caído no esquecimento, soterrado por inúmeros outros que o seguiram. Felizmente, não foi o que aconteceu e hoje filme e livro se complementam.
Tanto é difícil separar um do outro que a Editora Darkside fez uma edição especialíssima em capa dura que inclui fotos do filme e até mesmo as famosas ordens do diretor de que ninguém entrasse na sessão depois que já houvesse começado para que o impacto não se perdesse. Além disso, o projeto gráfico é todo é belíssimo, enriquecendo o texto, sem com isso distrair a atenção do leitor. Edição impecável (arrisco até a afirmar que é o livro mais bonito da minha coleção).
A história criada por Robert Bloch é tão assustadoramente rica que ainda hoje rende frutos. Um exemplo disso é a ótima série Bates Motel que explora a adolescência de Norman Bates e seu convívio com a mãe.
Título: Psicose
Autor: Robert Bloch
Nº de páginas: 256
Editora: Darkside
Norman Bates é um homem solitário cujos dias giram em torno da convivência com mãe dominadora e a gerência do seu pequeno motel de beira de estrada, cujo movimento diminuiu drasticamente depois de inaugurada a nova rodovia. Mary Crane é uma jovem cheia de sonhos – o principal deles casar com seu noivo endividado – que rouba uma expressiva soma em dinheiro. Quando, em uma noite chuvosa que a leva a se perder no caminho, ela foge e se hospeda no Bates Motel, o destino dos personagens se cruza.
Hitchcock tinha o talento de transformar até mesmo histórias medíocres em obras de arte. Mas isso não se aplica à “Psicose” que é uma história muito interessante, principalmente se analisarmos a época em que o livro de Bloch foi lançado (1959). Nesse momento, tomarei cuidados extras para não arriscar dar spoiler para qualquer pessoa que não saiba o mistério por trás de “Psicose”, basta dizer que se hoje o tema já foi usado inúmeras vezes, na época, sem dúvida, foi um verdadeiro choque e ousado por inúmeras razões (o que fica claro no livro ‘Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose”).
A primeira coisa que me chamou a atenção foi a maneira como Bloch consegue apresentar os personagens com absoluta clareza já no primeiro capítulo. Com poucas páginas, já é possível sentir que conhecemos Norman, sua mãe e a dinâmica doentia que existe entre eles.
A narrativa do autor é ágil e não perde tempo com descrições desnecessárias. Na verdade, muito mais que ambientações e contextualizações, “Psicose” é um livro de ações e toda a narrativa gira em torno, basicamente, do que acontece e do que os personagens fazem. Aconteceu isso, isso e então aquilo. Direto assim. O que faz com que o livro seja bastante enxuto (na verdade, ele só atinge a casa das duzentas páginas graças ao primoroso trabalho gráfico desta edição).
“Na verdade, ele sentiu os passos, mas sem realmente ouvi-los; a antiga familiaridade ajudava os seus sentidos. Cada vez que a Mãe entrava em um aposento, nem precisava olhar para saber que ela estava ali.” (BLOCH, 2013, p.17)
Algo muito interessante em “Psicose” é como a história muda, não sendo o que aparenta ser. Se na primeira parte acreditamos ser sobre Mary Crane, logo vemos que os protagonistas são outros e a morte daquela que antes julgávamos ser a protagonista (a mocinha da história) é apenas o ponto de partida (e essa é apenas uma das razões pelas quais o livro de Bloch foi tão inovador na ocasião do seu lançamento. Não bastasse a mocinha morrer, ela o faz ainda no começo da história). Brilhante.
Sabemos que, muitas vezes e pelos mais diversos motivos, as adaptações cinematográficas de livros não conseguem ser fieis às obras originais. Mas isso não acontece com "Psicose". Com exceção de pequenos detalhes, absolutamente tudo que está no filme saiu do livro, assim como tudo que está no livro foi para o filme. Portanto, se você é um fã ávido do filme de Hitchcock e teme ter sua visão da história dos Bates arruinada ao vivenciá-la em outra versão, não se preocupe. Ao ler “Psicose”, você vai enxergar o filme em sua cabeça o tempo todo e se isso pode estragar alguns livros, não é esse o caso. Para mim só enriqueceu a experiência. De qualquer forma, não importa o quanto se saiba sobre a história, o último capítulo não é nada menos que sensacional e na cena da grande descoberta, tudo que eu pensava era: “É agora! É agora!”.
“Psicose” é um bom livro, mas não resta dúvidas de que Hitchcock o elevou a outro patamar. A lendária cena do chuveiro, por exemplo, (que foi o que chamou a atenção do diretor para transformar o livro de Bloch em filme) ao ser analisada cruamente, não é tão impactante nas páginas quanto na tela. Mas se você assistiu ao filme, a expectativa a partir do momento que Mary (Marion no filme) entra no banheiro é estratosférica.
Por coisas assim, não consegui deixar de pensar que, talvez, se não fosse o filme “Psicose”, o livro “Psicose” teria caído no esquecimento, soterrado por inúmeros outros que o seguiram. Felizmente, não foi o que aconteceu e hoje filme e livro se complementam.
Tanto é difícil separar um do outro que a Editora Darkside fez uma edição especialíssima em capa dura que inclui fotos do filme e até mesmo as famosas ordens do diretor de que ninguém entrasse na sessão depois que já houvesse começado para que o impacto não se perdesse. Além disso, o projeto gráfico é todo é belíssimo, enriquecendo o texto, sem com isso distrair a atenção do leitor. Edição impecável (arrisco até a afirmar que é o livro mais bonito da minha coleção).
A história criada por Robert Bloch é tão assustadoramente rica que ainda hoje rende frutos. Um exemplo disso é a ótima série Bates Motel que explora a adolescência de Norman Bates e seu convívio com a mãe.
Título: Psicose
Autor: Robert Bloch
Nº de páginas: 256
Editora: Darkside
18 comentários:
Ainda hoje não vi o filme Psicose, mas descobri sobre o livro quando estreou a série Bates Motel. E quando a DarkSide lançou essa edição vi que seri minha oportunidade. Li no início desse ano e é realmente ótimo, Mari. Li praticamente todo de uma vez só. Norman Bates é um personagem cheio de nuances. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Ainda não li o livro nem assisti ao filme, embora tenha ouvido falar muito bem sobre os dois...
Eu adoro a série Bates Motel...
pretendo ler o livro em breve... espero que seja tão bom quanto a série...
Oi Mari
Uau, sua resenha era tudo o que eu queria ler sobre o livro, para ter a certeza se deveria comprar. Amo o filme, e ficava justamente com esse medo de que o livro acabasse com a "imagem" que eu tinha do Norman.
E o final, imagino que lendo deve ser aquela mesma sensação de espanto do filme. VOu dar um jeitinho de incluir Psicose nos meus desejados de natal
bjos
www.mybooklit.com
Darkside tem caprichado nestas edições de capa dura! Cada uma mais linda que a outra.
Não tive a oportunidade de ler o livro ainda,mas o filme eu vi por duas vezes. Na primeira, não entendi nada com coisa alguma(era nova demais) ,mas já na segunda, vibrei muito..e tremi, é claro!rs
Não imaginava que a série Bates era baseada no livro...já tive pra começar essa série muitas vezes e desisto.
Quero muito ler.e porque não, ter essa edição linda!
Beijo
Não conhecia esta obra pra
ser sincera, fiquei muuuito curiosa quando li o nome
depois ler a resenha meu curiosidade aumentou bastante
em relação a ele!
Sinceramente espero de oportunidade de pode esta lendo
este livro incrivel
Oi, Mari. Eu li esse livro e, por incrível que pareça, o resenhei ontem.
Eu adorei o livro e a narrativa do autor é ótima, bem rápida, simples e perfeita.
Quanto ao filme, eu não vi. Mas concordo com você quando diz que faltou algo a mais na cena do banheiro. Eu assisti essa parte já e senti falta um pouco de mais emoção no livro.
Adorei a resenha.
Eu não sabia que foi esse livro que descreveu e foi a inspiração daquele filme, embora eu só tenha visto a parte do chuveiro... rsrsrststst acho que todo mundo da face da terra já viu.
Mas eu cordo em tudo com vc.
Abçs :)
Também não sabia que o filme tinha sido baseado em um livro, mas bom saber que ficou extremamente fiel... Nunca assisti o filme, pois não gosto de filmes de terror, mas essa cena do chuveiro é épica e unica... Pra quem gosta parece ser uma ótima aquisição essa edição, pois pelo que você descreveu ficou realmente impressionante...
Kisses =*
Curti muito o filme, e gosto muito da série Bates Motel, não sabia que os mesmos foram baseados em um livro, fiquei bastante interessada em ler essa obra.
Eu adoro livros que tem uma pitada de mistério e que chegam a ser meio darks, e Alfred Hitchcock é simplesmente um gênio. Adorei a dica, me deu uma boa opção de leitura, ainda mais agora nesse clima de Halloween!! Beeijoss, Gabi!!
http://fofocasliterarias.blogspot.com.br/
A Darkside tem mandado muito bem nessas suas edições atuais desses grandes clássicos. Ainda não li, nem assisti "Psicose" (a não ser a tão aclamada cena do chuveiro), mas vontade não me falta. Acho um máximo quando existe esse "casamento perfeito" entre livro e filme. Hitchcook dispensa comentários e, pelo jeito, o Robert Bloch também não fica muito atrás.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Mari!
Tenho de concordar quando diz que se não fosse pelo filme primoroso de Hitchcock, talvez o livro de Robert Bloch não fosse um sucesso tão grande após pouco mais de meio século.
Acredito sim que foi um dos precursores do gênero terror em sua época e acabou até tornando-se uma obra atemporal, já que ainda faz sucesso!
A meu ver o melhor de todo enredo, além do terror, é claro, é o lado psicológico de Norman Bates, de poder avaliar como se tornou tão 'perturbado'...
Bom demais!
Cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Já ouvi falar desse livro, de onde não faço a minima. mas enfim, gostei bastante da trama que ha nesse livro, sem duvida é algo muito bom, leio poucos livros de terror porem os que eu são são fantasticos!
Me senti muito por fora agora. Eu não sabia que Bates Motel tinha a ver com Psicose e tb só soube há pouco que o filme psicose era baseado em um livro... puxa.
Pior é que não lembro do filme e qual o tal mistério que hoje é bem comum. Só lembro da cena no chuveiro, hehehehehe.
Fiquei curiosa para relembrar, acho que lerei o livro, afinal o estilo me agrada e lembro que curti o filme...
E sua resenha me deixou com vontade de ler o livro e assistir o seriado...
Nossa, deve ser muito boa a leitura de um livro assim, enxuto e sem descrições desnecessárias.
A mocinha morre e ainda é o começo da história? Brilhante mesmo.. Imagino o que ainda há para se desenrolar a história.. Com certeza irei ler!
Sempre acho o livro em que algum filme é baseado, muito melhor, mas nesse caso, tenho que concordar com voce, o filme Psicose é superior ao livro, mesmo esse, sendo um excelente livro, e essa nova capa do livro está muito bonita, já quero comprar o meu!
Meus Deus! estou em choque! Psicose esta a tempos na minha mente! sempre que ouço ou leio algo relacionado fico ainda mas curiosa para saber o que de tão bom tem que mesmo depois de 55 anos as pessoas ainda falam como se tivesse acabado de lançar! e a Darkside vai lá e da este pequeno e singelo presente por assim dizer rsrsrs... Com certeza irei assistir o filme a se puder o livro também o quanto antes! Beijos <3
Olá Mariana!
Psicose é provavelmente um dos maiores clássicos da leitura e cinema, né?
Até sabia que o filme era baseado no livro, mas nunca o li. Só vi o filme e esse documentário que vc postou. Essa história sempre me fascinou principalmente por esse relacionamento doentio dele com a mãe. E é bom saber que é um livro enxuto sem muitas descrições. Embora para um livro de terror, descrição de cenas e ambientes sejam extremamente importante para o leitor se visualizar nelas.
Quem bom que o filme foi fiel ao livro, podiam fazer um remake né?! Aquele outro já está tão antigo...
Bjooos!
http://lapiselivros.blogspot.com.br/
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