“Nenhum ser humano são gosta de matar, mas não é tão ruim quanto as pessoas pensam. Dizem que matar é o pior sentimento que um homem pode ter, que é como morrer um pouco por dentro. Comigo nunca foi assim. Na verdade, não sinto muita coisa, apenas uma pressão no peito, como um caso grave de azia. A respiração fica subitamente um pouco mais difícil, e as cores, um pouco mais brilhantes. Meus problemas parecem um pouco mais simples, e meus pensamentos, um pouco mais rápidos, por causa da adrenalina. Tudo isso passaria em alguns minutos. Bastava pensar em outra coisa e me concentrar na tarefa que tinha em mãos. Não havia nenhuma vergonha naquilo.” (HOBBS, 2014, p. 152)
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Após um assalto em um cassino não ocorrer como o planejado, o homem por trás do crime, Marcos Hayes, convoca Jack, também conhecido como fantasma, para consertar a situação: recuperar o dinheiro que desapareceu depois do assalto e apagar os rastros eventualmente deixados para trás, e tudo isso em menos de quarenta horas. Como se não bastasse, o fantasma também terá de lidar com uma insistente e atenta agente do FBI.
Em sendo o cerne da trama a busca pelo dinheiro desaparecido em uma caçada com vários gatos e ratos — uma situação potencialmente promissora, diga-se de passagem —, me espantou como Fantasma peca pela falta de ritmo e cai na monotonia do início ao fim. Por mais que Hobbs tentasse apimentar as coisas colocando inúmeros obstáculos no percurso de Jack, o livro não consegue empolgar o leitor.
Jack, mesmo narrando suas aventuras em primeira pessoa, não é um personagem envolvente ou cativante. A construção do protagonista também deixou a desejar, visto que compôs um sujeito com características que me pareceram incompatíveis entre si, dando a impressão de que o fantasma era esquizofrênico.
Mas o maior dos problemas de Fantasma é que, além de um festival de clichês, a estória é absolutamente inverossímil e fantasiosa. Foram várias as situações que tive de interromper a leitura ao me defrontar com cenas distantes de um mundo minimamente real. Fica claro que as fontes de Hobbs foram filmes (de qualidade duvidosa) sobre gangsteres e uma imaginação fértil, deixando de lado toda e qualquer forma de pesquisa.
Também me desagradou a utilização de flashbacks a fim de ilustrar um golpe planejado por Marcos há cinco anos, no qual Jack pôs tudo a perder. Tal recurso não se mostrou útil para o desenvolvimento da estória, sendo que tais informações poderiam ter sido inseridas ao logo da estória de forma mais sucinta.
Fantasma claramente é fruto de um autor ainda imaturo, que não encontrou sua voz, nem seu estilo, e que tentou dar o passo maior do que a perna em seu primeiro romance. Assim, com todo respeito a opinião do The Guardian, Fantasma certamente não foi uma estreia surpreendente, tampouco pode ser considerado uma obra-prima.
Autor: Thomas Hobbs
N.º de páginas: 317
Editora: Intrínseca
11 comentários:
Quando comecei a ler a resenha achei que a historia seria empolgante e cativante, mas vi que me enganei, não tenho interesse em ler esse livro. ainda mais por ser muito clichê.
Oi, Alê.
É uma pena que o livro não tenha te cativado. Quando comecei a ler a resenha até me pareceu legal, até que gosto de estórias assim e achei que iria coloca-lo na minha listinha para um futuro distante. Acho que agora não vou mais nem fazer isso.
Beijos.
Blog Cantar Em Verso
No primeiro parágrafo tinha certeza de que seria mais um a entrar pra minha lista. Mas bastou você falar da falta de ritmo, protagonista pouco cativante e excesso de clichês pra cair fora, Alê. Essa mistura realmente não cola. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Suas resenhas <3 uma pena que não tenha gostado desse livro, gostei muito da capa.
http://criativare-leitura.blogspot.com.br/
Que pena essa leitura Ale! E dificil engolir uma leitura que não convence, que foge muito da realidade, ainda mais quando tem personagens que não são cativantes! Eu tava apostando alto nesse livro por conta da sinopse, ainda bem que li tua resenha! Acho que é bem o que voce disse né, faltou maturidade pro autor, vamos aguardar um próximo dele pra ver se é bom né!
Puxa, no início pareceu que seria um livro daqueles..mas no decorrer da resenha, foi tudo se revelando e terminando em clichê?? Ainda copiado de filmes duvidosos...
Um roteiro que tinha tudo pra ser sucesso...
Decepcionante!!! Só essa palavra pode definir este livro!
Beijo
Confesso que pela capa do livro e pelo quote que você escolheu, já fiquei bem curiosa para saber do que o livro se tratava. Entretanto, um balde de água fria foi pouco rs Monotonia, personagem não é envolvente, cheio de clichês são motivos o suficiente para desistir do livro né? rs
É o que sempre falo: Não tenho problemas com clichê, desde que o autor saiba desenvolve-lo muito bem. E, pelo jeito, o autor se perdeu muito nesse quesito. Outra coisa que me incomoda é a perda de controle que alguns autores tem. Nesse caso, ele se perdeu em meio as cenas fantasiosas. A trama sempre perde muito com isso.
@_Dom_Dom
Oii Alê !
Que pena que o livro foi tão ruim .. Comecei a ler a resenha com uma tremenda empolgação e no meio dela já tinha desistido do livro. Gosto de clichê, eles nunca me incomodaram, mas parece que o fato do livro ser cheio de clichês não foi o único erro do autor!
Ele tinha um enredo fantástico em mãos (ao meu ver) e colocou tudo a perder .. Infelizmente esse é um dos livros que deixarei passar !
Bjs :*
Uma pena que o livro seja tão ruim assim... Pelo quote inicial imaginei que seria muito bom e um dos poucos desse estilo que iria me interessar... Uma história dessa não poderia ter sido tão fantasiosa quanto foi... Tinha tudo para ser bom, inclusive por conta da recomendação do The Guardian, mas não me empolgou lendo a resenha... Realmente, uma pena...
Kisses =*
Oi, Alê.
Quando eu li a citação já fiquei super empolgada para ler o livro. Porém, confesso que sua resenha jogou um balde de água fria. Não porque foi ruim, mas porque nos alertou sobre a obra. Não imagina que seria tão mal construída e inverossímil.
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