“Prisioneiro do próprio padrão comportamental, cada movimento uma ação compulsiva. Nesse aspecto, ele não era melhor nem pior do que aqueles que perseguia.” (NESBO, 2014, p.233)
Já comentei que, de uns tempos para cá, livros policiais têm me deixado com a incômoda sensação de que poderiam ser mais. Dito isso, como é bom ter em mãos um Jo Nesbo.
Depois do caso Boneco de Neve que quase lhe tirou a vida, Harry Hole tentou se esconder de si mesmo em Hong Kong, mergulhando em álcool, ópio e apostas. Quando duas mulheres são encontradas mortas da mesma maneira, o departamento de homicídios de Oslo encarrega uma jovem policial de trazê-lo de volta, afinal, ele é um dos únicos que tem experiência com serial killers. Quando um terceiro corpo surge, uma conexão entre as vítimas fica clara: todas passaram uma noite em uma mesma cabana. Mas ainda será muito difícil para Harry descobrir os motivos que levam tão cruel assassino a agir e o que o fará parar.
Nesbo é um autor que não erra a mão nunca. Suas histórias são cruas e secas, seus crimes são violentos, seu detetive é atormentando e seu ritmo de narrativa é preciso. O autor leva o seu tempo para contar a história, conduzindo o leitor sem pressa por uma investigação que, quando ele percebe, já lhe puxou para dentro. Assim como outros livros do autor, “O Leopardo” tem um início lento, mas é curioso que isso não apenas não parece arrastado como não é ao menos sentido. O autor tem tamanho controle da narrativa, que mesmo sem eventos fundamentais, descobertas e reviravoltas, prende o seu leitor de forma que ele nem sente que já se passaram 50-60 páginas. E por falar em páginas, para uma história detetivesca, o livro é bastante longo (quase 600 páginas), mas em nenhum momento se torna tedioso ou faz o leitor pensar que certas coisas seriam desnecessárias.
Como sempre Harry Hole brilha. Nesbo criou em Hole um personagem tão rico que mesmo que suas tramas sejam essencialmente detetivescas, elas não se limitam a isso, pois a personalidade do personagem rende conflitos internos que se entrelaçam com a investigação, mesmo que nada tenham a ver com ela. Além disso, por mais que as tramas sejam independentes, a história pessoal de Harry tem uma continuidade, o que ressalta a humanidade do personagem. Isso me leva a crer que Nesbo talvez seja o autor que mais valoriza o seu detetive protagonista, pois seus livros são tanto sobre os crimes quanto sobre ele (o livro que mais deixa isso em voga, a meu ver, é “A Estrela do Diabo”). Em “O Leopardo” o homem que nem quer voltar para a sua vida, de repente se vê em uma corrida contra o tempo para concluir uma investigação. Isso me faz lembrar de Jack Bauer (o que é munição extra para me fazer gostar de Harry Hole).
Outra coisa que eu gosto é que Nesbo não se vale apenas do vilão/assassino para criar antagonistas. O próprio departamento de polícia tem seus conflitos, o que acaba por respingar nas investigações e deixá-las ainda mais realistas. Em “O Leopardo” isso fica a cargo da Kripos e de Makael Bellman.
A trama é surpreendente e genial. Talvez a mais ardilosa do autor (embora não a minha favorita). Quando tudo parece estar resolvido, Nesbo mostra que é só o começo, encaixando pequenos detalhes que pareciam ser insignificantes e presenteando o leitor com inúmeras reviravoltas. Ao melhor estilo Agatha Christie, você pode até desvendar algumas coisas, mas é muito difícil que encontre todas as respostas antes da hora.
“O Leopardo” deixa claro que Jo Nesbo é um dos melhores autores (se não o melhor) da literatura policial contemporânea.
Título: O Leopardo (exemplar cedido pela editora)
Autor: Jo Nesbo
Nº de páginas: 598
Editora: Record
Já comentei que, de uns tempos para cá, livros policiais têm me deixado com a incômoda sensação de que poderiam ser mais. Dito isso, como é bom ter em mãos um Jo Nesbo.
Depois do caso Boneco de Neve que quase lhe tirou a vida, Harry Hole tentou se esconder de si mesmo em Hong Kong, mergulhando em álcool, ópio e apostas. Quando duas mulheres são encontradas mortas da mesma maneira, o departamento de homicídios de Oslo encarrega uma jovem policial de trazê-lo de volta, afinal, ele é um dos únicos que tem experiência com serial killers. Quando um terceiro corpo surge, uma conexão entre as vítimas fica clara: todas passaram uma noite em uma mesma cabana. Mas ainda será muito difícil para Harry descobrir os motivos que levam tão cruel assassino a agir e o que o fará parar.
Nesbo é um autor que não erra a mão nunca. Suas histórias são cruas e secas, seus crimes são violentos, seu detetive é atormentando e seu ritmo de narrativa é preciso. O autor leva o seu tempo para contar a história, conduzindo o leitor sem pressa por uma investigação que, quando ele percebe, já lhe puxou para dentro. Assim como outros livros do autor, “O Leopardo” tem um início lento, mas é curioso que isso não apenas não parece arrastado como não é ao menos sentido. O autor tem tamanho controle da narrativa, que mesmo sem eventos fundamentais, descobertas e reviravoltas, prende o seu leitor de forma que ele nem sente que já se passaram 50-60 páginas. E por falar em páginas, para uma história detetivesca, o livro é bastante longo (quase 600 páginas), mas em nenhum momento se torna tedioso ou faz o leitor pensar que certas coisas seriam desnecessárias.
Como sempre Harry Hole brilha. Nesbo criou em Hole um personagem tão rico que mesmo que suas tramas sejam essencialmente detetivescas, elas não se limitam a isso, pois a personalidade do personagem rende conflitos internos que se entrelaçam com a investigação, mesmo que nada tenham a ver com ela. Além disso, por mais que as tramas sejam independentes, a história pessoal de Harry tem uma continuidade, o que ressalta a humanidade do personagem. Isso me leva a crer que Nesbo talvez seja o autor que mais valoriza o seu detetive protagonista, pois seus livros são tanto sobre os crimes quanto sobre ele (o livro que mais deixa isso em voga, a meu ver, é “A Estrela do Diabo”). Em “O Leopardo” o homem que nem quer voltar para a sua vida, de repente se vê em uma corrida contra o tempo para concluir uma investigação. Isso me faz lembrar de Jack Bauer (o que é munição extra para me fazer gostar de Harry Hole).
Outra coisa que eu gosto é que Nesbo não se vale apenas do vilão/assassino para criar antagonistas. O próprio departamento de polícia tem seus conflitos, o que acaba por respingar nas investigações e deixá-las ainda mais realistas. Em “O Leopardo” isso fica a cargo da Kripos e de Makael Bellman.
A trama é surpreendente e genial. Talvez a mais ardilosa do autor (embora não a minha favorita). Quando tudo parece estar resolvido, Nesbo mostra que é só o começo, encaixando pequenos detalhes que pareciam ser insignificantes e presenteando o leitor com inúmeras reviravoltas. Ao melhor estilo Agatha Christie, você pode até desvendar algumas coisas, mas é muito difícil que encontre todas as respostas antes da hora.
“O Leopardo” deixa claro que Jo Nesbo é um dos melhores autores (se não o melhor) da literatura policial contemporânea.
Título: O Leopardo (exemplar cedido pela editora)
Autor: Jo Nesbo
Nº de páginas: 598
Editora: Record
14 comentários:
Não pelo fato de ser cruas e secas, é que realmente os assassinatos reais, atuais, estão cruéis, estão até pior. Achei legal
ele ter demonstrado isso no livro. E que bom que a escrita dele é ótima.
Gostei por ter bastante páginas e ainda se ler tão rápido sem perceber.
Fiquei curiosa quanto a esses assassinatos deste serial killer e de como e se Harry vai descobrir o que acontece.
Ansiosa com essa declaração de se não o melhor da literatura policial.
Abraços Mariana,
ThayQ.
Nossa amo livros policias, mas ainda não encontrei um autor que eu amasse de verdade o gênero sempre fico com um pé atras. Quero muito ler esse livro e o boneco de neve,e espero ler em breve. Ótima resenha
Beijoss
Sabrina Caparros
Um romance policial é sempre bom de ler. E sendo desse autor maravilhoso lógico que não poderia deixar passar. Fui conquistada pela sua resenha. Pelo que vi aqui muita coisa me espera ao ler. Adoro o jeito que ele descreve as cenas w personagens. Vou acrescentar a minha lista de leitura.
Beijos.
Para quem gosta do gênero, esse livro parece realmente imperdível. Fiquei extremamente surpresa ao ler a resenha e espero ler em breve.
Gosto muito de tramas envolventes, inteligentes e cruas em vários aspectos. O autor parece ter sido brilhante tanto na construção da personalidade dos personagens, como na do crime.
Aposto que esse livro entrará na lista dos meus favoritos!
Oi Mari!
Eu nunca li "Boneco de Neve", porque eu tenho medo, juro. Livros policiais geralmente mexem muito com o meu psicológico e eu fico sem reação por dias. Mas eu fiquei interessada por esses livros por causa das capas que são lindas! Mas fiquei ainda mais curiosa depois dessa declaração de amor aí, dizendo que é um dos melhores autores da literatura policial. ahuehaeuaheuaehauehae
Beijos!
http://www.roendolivros.com/
Desde que li seus comentários sobre Boneco de Neve fiquei curiosa pelos livros de Nesbo, Mari. E saber que o autor valoriza tanto seu detetive me deixa com ainda mais vontade de ler. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Foi uma grande surpresa quando vi o lançamento desse livro, Mari. Nesbo tem uma escrita surpreendente e melhor ainda em saber que o leitor nem percebe essa quantidade de páginas. Gosto de histórias envolventes e surpreendentes.
Eu li Boneco de Neve e gostei muito da escrita do autor e já estou curiosa pra ler Leopardo com sua premissa maravilhosa, gosto de tentar descobrir com quem quem é nos livros e as histórias dele se tornam uma corrida contra o tempo pra mim;, nossa 600 páginas já me deixam com agua na boca.
Concordo com você as histórias últimamente estão deixando muito a desejar, são os que mais gosto e está sendo fácil dizer o que acontece no final.
Primeiramente, essa capa é linda *-* (sim, sou dessas que é fisgada pelas capas cof cof)
Eu adoro livros policiais, especialmente com serial killers, mas eu ainda não li "Boneco de Neve", apesar de várias vezes quase ter comprado. Li umas críticas ruins e fiquei com medo de lê-lo.
Um ponto positivo que você falou foi sobre o personagem principal, o detetive Harry Hole. Eu estou começando a ficar chata sobre personagens principais bobos e sem sal. E o tal detetive parece ser um personagem bem construído..
Ótima resenha, flor! Espero poder ler tanto "Boneco de Neve" quanto "O Leopardo" em breve o/
É impressionante a quantidade de resenhas positivas que leio dos livros do Nesbo. Uma pena que ainda não tive oportunidade de ler nenhum deles. Assim como você, também acho que 600 páginas para uma trama desse gênero, pode parecer um pouco demais. Mas, quando se tem total domínio da trama (e do leitor), essa quantidade se torna até pouca. Quero muito ter a oportunidade de ler em breve.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Recentemente descobri que minha paixão literária é o gênero policial, até então ocupado pelo gênero terror. Adoro me aventurar em meio a crimes dantescos e tentar descobrir o assassino. O Leopardo parece ser um livro bom, embora você o tenha chamado de lento, gostaria de conhecer a escrita de Nesbo e quem sabe coloca-lo na minha lista de escritores de policiais favoritos, atualmente liderada por Patricia Cornwell e sua detive Scarpetta.
Julielton Souza - Dialética Proposital
Livros de detetive/policiais estão entre os meus preferidos. E isso começou com as histórias de Sherlock Holmes (mas também gosto dos livros da Agatha).
Confesso que nunca li nenhum livro desse autor e, na verdade, só recentemente que ouvi falar sobre ele. Mas, pelo que você escreveu, suas tramas parecem ser empolgantes, envolventes e bem fundamentadas.
Oie,
Quando vi esse livro pela primeira vez, o exemplar não me agradou levou alguns dias para que eu pudesse gostar dele. As resenhas me ajudarão a achar um autor extraordinario nesse gênero.
Tenho certeza que o Nesbo será um dos meus autores preferidos nesse gênero.
Oi Mari :D
Adoro um bom livro policial, mas confesso que quando me deparei com esse não dei muita bola, acabei me arrependendo porque depois de sua resenha percebi como ele é ótimo!
Adorei o drama todo do departamento de polícia, como você disse, deu um ar bem realista pra história, é sempre bom conhecer todos os lados da história ..
Bjs
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