“Ele não se sentia responsável pela infelicidade. Queria ser feliz. Queria ser feliz porque tinha conseguido sair da pequena cidade universitária alemã para a grande Nova York e fazia parte dela. Queria ser feliz porque tinha desejado tanto essa felicidade e agora ela havia aparecido – ou aquilo que ele imaginava serem seus ingredientes. Às vezes, dava para ouvir uma voz baixinha que anunciava essa dúvida pela felicidade. Mas ele a emudecia.” (SCHLINK, p. 176, 2015)
Minha curiosidade em ler “Mentiras de Verão” era conferir uma obra do autor do aclamado “O Leitor” (história que eu conhecia apenas através do filme estrelado por Kate Winslet e Ralph Fiennes). Além disso, me atraia saber que o tema dos contos fugia de situações e tramas elaboradas, girando em torno do comportamento humano e das mentiras que contamos, premissa essa que me parece ter aquele tipo de simplicidade que bons autores conseguem transformar em complexidade. O que encontrei, foi um belíssimo livro e um novo autor para querer ler mais.
Com uma narrativa fluida, personagens e situações totalmente verossímeis, Bernhard Schlink nos presenteia com sete magníficas histórias cujo tema em comum são as mentiras, sejam as que contamos para os outros ou para nós mesmos, e como elas moldam os relacionamentos que vivemos.
“Mentiras de Verão” pode ser composto por poucas histórias, mas cada uma nos leva tão longe que ao final é difícil acreditar que se passaram menos de 300 páginas. Isso porque o autor nos leva a conhecer a fundo cada um dos personagens (todos com uma bagagem pesada de anseios, dores, arrependimentos e sonhos) e nenhum deles parece ter sido criado para existir em uma folha de papel. As situações que vivem e as escolhas que fazem os tornam tão reais que podiam ser pessoas que você conhece. Podia até mesmo ser você. Essa é a razão pela qual esses contos são tão cativantes.
Várias das histórias de “Mentiras de Verão” giram em torno de casais e seus romances e mesmo eu que implico com tramas sobre histórias de amor não poderia ter ficado mais encantada do que fiquei com todas elas. Isso porque minha implicância vem de ler algo que parece um jogo de cartas marcadas, algo que se sabe para onde caminhar. Mas palavras como “clichê” e “previsível” jamais se aplicariam a nenhuma das histórias que Bernhard Schlink apresenta nesse livro porque o romance nunca é visto como o ponto máximo de uma vida, mas sim mais um lado (e, algumas vezes, mais um problema).
Dentre tantas coisas que me agradaram no livro – e aqui destaco a beleza do texto e o caráter melancólico das histórias - o que mais gostei foi ver um autor propor desenvolvimentos e desfechos que não sejam convencionalmente felizes. Schlink mostra em “Mentiras de Verão” o que todos nós sabemos: que existem momentos felizes. Apenas isso. Momentos. Mas que a felicidade não é pura nem eterna, o que também não significa que precisa haver tragédia ou drama. O que existe é a vida e as escolhas que fazemos. E as mentiras que contamos.
Todos os contos iniciam com uma abertura forte. Algumas vezes, uma única frase já nos coloca familiarizados com os personagens que estamos prestes a conhecer, quem são e o que sentem. “Às vezes, ele tinha a impressão que sua vida sempre havia sido essa.”, “No final do filme, ele ficou com vontade de chorar.”, “Ele levou Therese, porque ela esperava por isso.”,“O dia em que ela parou de amar os filhos não foi diferente dos outros.”
Dentre histórias como a casal que se apaixona durante as férias e precisa encontrar um jeito de adequar o novo relacionamento à vida normal; a do o homem que se vê entre duas mulheres com quem tem relacionamentos diferentes, mas nenhum totalmente satisfatório; e a do filho que decide que é chegada a hora de mudar o relacionamento distante que tem com o pai; foi a do homem que mantém a filha e a esposa isoladas da cidade grande; a do doente terminal que decide passar um último verão cercado pela família; e a da velha que já não vê sentido na vida e que repensa as escolhas de seu passado, as que mais me agradaram.
“Mentiras de Verão” é um livro melancólico, intenso e verdadeiro que através de um texto muito bem escrito faz um desfile de personagens que se não são inesquecíveis é apenas porque parecem fazer parte do nosso cotidiano. É nisso que reside sua beleza e profundidade.
Título: Mentiras de Verão (exemplar cedido pela editora)
Autor: Bernhard Schlink
Nº de páginas: 286
Editora: Record
Minha curiosidade em ler “Mentiras de Verão” era conferir uma obra do autor do aclamado “O Leitor” (história que eu conhecia apenas através do filme estrelado por Kate Winslet e Ralph Fiennes). Além disso, me atraia saber que o tema dos contos fugia de situações e tramas elaboradas, girando em torno do comportamento humano e das mentiras que contamos, premissa essa que me parece ter aquele tipo de simplicidade que bons autores conseguem transformar em complexidade. O que encontrei, foi um belíssimo livro e um novo autor para querer ler mais.
Com uma narrativa fluida, personagens e situações totalmente verossímeis, Bernhard Schlink nos presenteia com sete magníficas histórias cujo tema em comum são as mentiras, sejam as que contamos para os outros ou para nós mesmos, e como elas moldam os relacionamentos que vivemos.
“Mentiras de Verão” pode ser composto por poucas histórias, mas cada uma nos leva tão longe que ao final é difícil acreditar que se passaram menos de 300 páginas. Isso porque o autor nos leva a conhecer a fundo cada um dos personagens (todos com uma bagagem pesada de anseios, dores, arrependimentos e sonhos) e nenhum deles parece ter sido criado para existir em uma folha de papel. As situações que vivem e as escolhas que fazem os tornam tão reais que podiam ser pessoas que você conhece. Podia até mesmo ser você. Essa é a razão pela qual esses contos são tão cativantes.
Várias das histórias de “Mentiras de Verão” giram em torno de casais e seus romances e mesmo eu que implico com tramas sobre histórias de amor não poderia ter ficado mais encantada do que fiquei com todas elas. Isso porque minha implicância vem de ler algo que parece um jogo de cartas marcadas, algo que se sabe para onde caminhar. Mas palavras como “clichê” e “previsível” jamais se aplicariam a nenhuma das histórias que Bernhard Schlink apresenta nesse livro porque o romance nunca é visto como o ponto máximo de uma vida, mas sim mais um lado (e, algumas vezes, mais um problema).
Dentre tantas coisas que me agradaram no livro – e aqui destaco a beleza do texto e o caráter melancólico das histórias - o que mais gostei foi ver um autor propor desenvolvimentos e desfechos que não sejam convencionalmente felizes. Schlink mostra em “Mentiras de Verão” o que todos nós sabemos: que existem momentos felizes. Apenas isso. Momentos. Mas que a felicidade não é pura nem eterna, o que também não significa que precisa haver tragédia ou drama. O que existe é a vida e as escolhas que fazemos. E as mentiras que contamos.
Todos os contos iniciam com uma abertura forte. Algumas vezes, uma única frase já nos coloca familiarizados com os personagens que estamos prestes a conhecer, quem são e o que sentem. “Às vezes, ele tinha a impressão que sua vida sempre havia sido essa.”, “No final do filme, ele ficou com vontade de chorar.”, “Ele levou Therese, porque ela esperava por isso.”,“O dia em que ela parou de amar os filhos não foi diferente dos outros.”
Dentre histórias como a casal que se apaixona durante as férias e precisa encontrar um jeito de adequar o novo relacionamento à vida normal; a do o homem que se vê entre duas mulheres com quem tem relacionamentos diferentes, mas nenhum totalmente satisfatório; e a do filho que decide que é chegada a hora de mudar o relacionamento distante que tem com o pai; foi a do homem que mantém a filha e a esposa isoladas da cidade grande; a do doente terminal que decide passar um último verão cercado pela família; e a da velha que já não vê sentido na vida e que repensa as escolhas de seu passado, as que mais me agradaram.
“Mentiras de Verão” é um livro melancólico, intenso e verdadeiro que através de um texto muito bem escrito faz um desfile de personagens que se não são inesquecíveis é apenas porque parecem fazer parte do nosso cotidiano. É nisso que reside sua beleza e profundidade.
Título: Mentiras de Verão (exemplar cedido pela editora)
Autor: Bernhard Schlink
Nº de páginas: 286
Editora: Record
26 comentários:
Gostei da resenha Mari. O livro me pareceu bem interessante, além de abordar uma temática que destrói muitos relacionamentos: a mentira. Beijo!
www.newsnessa.com
Oi Mari,
Nunca li nada do autor, mas já vi vários comentários positivos sobre O Leitor.
Fiquei curiosa em conhecer sua escrita sem clichês e nada previsível. Concordo com o que você disse, a vida é feita de momentos e acho interessante ler livros tão reais assim, mas não consigo resistir a um "felizes para sempre" rs.
Parabéns pela leitura!!
Beijos,
http://versosenotas.blogspot.com.br/
Oi Mari!
Ando fugindo um pouco de livros melancólicos, acho que não é a vibe do momento. Ando com a vida muito corrida, então tenho optado por livros leves e que me divirtam e distraiam. Mas gostei muito da resenha!
Beijos,
Priscilla
http://infinitasvidas.wordpress.com
Oi, Mari!
O livro parece ser realmente bom. A premissa é bem interessante.
O fato do autor não focar nos finais felizes, apenas nos momentos, é algo bem diferente e me deixou bastante curiosa.
Adoro livros com enredos intensos. E um que envolve mentiras só me deixa mais interessada.
Beijos
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Participe!
Oie Mari =)
Não conhecia o livro, mas a sua resenha me deixou bastante curiosa.
A temática é um pouco "pesada", mas adoro livros que tem um pesinho na realidade.
Ótima resenha!
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Olá !
Me interessei bastante no livro , pois , eu amo livros melancólicos . Algumas pessoas até riem de mim pelo meu gosto por dramas e coisas do tipo .
Coloquei "mentiras de verão" em minha lista de desejados !!
Participe da promoção no meu blog ! Ela dará 6 livros para um ganhador !
http://coisasdediane.blogspot.com.br/
Assumo que não li nada do autor e nem mesmo assisti o filme O Leitor, mas diante de tais comentários é impossível não ficar interessada, Mari. A forma como você expressou as impressões e emoções que os contos lhe transmitiram me tomaram completamente. Certamente irei conferir. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Gosto muito de ler livros que demonstrem o que acontece no dia-a-dia das pessoas, nossas ações e emoções. Também achei legal o fato de o autor não ter deixado finais felizes, que são clichês. Bjus.
Olá!
Sempre tive curiosidade para ler O Leitor, mas agora fiquei ainda mais curiosa para ler este livro. Parece ser incrível! Adorei a sua resenha!
http://www.refugiorustico.com.br/
Realmente o que existem são momentos felizes, e e atrás deles que a gente corre. Ainda não li O Leitor, mas a esse aí me interessou mais. Beijo.
http://porquelivronuncaenguica.blogspot.com.br/
Oi, Mari =D
Não conhecia o livro, e adorei saber mais sobre ele aqui. Aliás, sempre adoro vir aqui para pegar várias dicas de livros ^^ Este livro é um dos que vou deixar anotadinho para ler futuramente. Achei bem legal. Apesar de ser um livro melancólico, gosto de livros assim, que têm profundidade e, por isso, beleza.
Beijos,
Livy
nomundodoslivros.com
Achei interessante o que o livro se propõe, afinal, é tão comum vermos livros com histórias tão mirabolantes que esquecemos da profundidade que é a nossa vida. Do nosso " simples " cotidiano. Enfim, boa dica.
bju
nathalia s.
http://ventoliterario.blogspot.com.br
Oi, Mari!
Eu também conhecia o autor só pelo filme.
Mas que bom que quando o assunto é livro, ele é tão bom assim!
Fiquei curiosa pelos contos, ainda mais com o tema mentiras e relacionamentos.
Ganhou a minha atenção. :D
É tão bom quando as páginas passam e você nem percebe, né?
Beijoooos
www.casosacasoselivros.com
Oi, Mari!
Assim como você, só conheço o autor por causa da adaptação da sua obra "O Leitor". Sempre quis ler algo dele. Após ler a sua resenha, fiquei deveras interessadíssimo. Parece ser um ótimo livro, sem dúvidas. Inclusive não conhecia, e só conheci aqui, agora. Espero poder ler em breve e adorar também. Adoro contos e só o fato de saber que terei uma escrita primorosa e ótimas histórias, isso já me anima bastante.
Abraço!
"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.blogspot.com
Mari, que resenha!
Eu sou apaixonada por livros assim, do cotidiano e que nos algum impacto. Ainda não conhecia esse livro, mas fiquei completamente encantada. Já assisti ao filme "O Leitor" e não sabia que era baseado em um livro - agora quero lê-lo também, rs.
Quero "Mentiras de verão" para ontem!
Beijocas.
http://artesaliteraria.blogspot.com.br
Oi, Mari! Tudo bem?
Estou super curiosa para conferir algum livro do Bernhard Schlink, vou dar prioridade a "O Leitor" porque ele está na minha lista de desejados desde quando descobri que o filme era adaptado, mas ainda pretendo conferir "Mentiras de Verão". Conheço algumas pessoas que já leram e gostaram muito, sempre fico com receio de ler contos, mas quando o autor é bom, eu sei que eles terão qualidade. Falar sobre mentiras é algo interessante também, é um tema que pode ser abordado de diferentes maneiras e assumir várias faces, confesso que tenho altas expectativas quanto a essa leitura! Bjs
Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/
Eu confesso que não gosto muito de livro de contos, mas esse parece ser realmente muito bom. Adorei saber que as histórias não são clichês e os personagens são bem construídos. O autor parece ser realmente muito bom, e fiquei interessada em conhecer esse livro.
Beijos!
Ah bem bacana isso, ainda mais quando a gente associa a algo da nossa realidade né?! Confesso que nunca tinha ouvido falar do autor e do livro muito menos e embora contos não seja a minha preferência, fiquei bastante curiosa.
Inquietudes Secretas
Gostei muito da resenha e o livro me interessou muito, gosto de encontrar complexidade na simplicidade, por mais paradoxal que isso seja. Mentiras de Verão parece um livro que nos envolve com personagens que chegam a parecer reais, quase ao ponto de toca-los. Por isso ele vai ser adicionado a minha lista.
Está aí um clássico exemplo de que, para ser ter uma boa história, não precisa de enredos mirabolantes. Muitas vezes, a beleza está na simplicidade. E que bom que o autor soube transformar essas histórias simples em ótimas tramas, cheias de vida e reflexões. Quem sabe o lerei em um futuro mais distante, não é?!?!
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
É a primeira vez que vejo um livro como esse focado apenas na mentira, e isso foi o que me chamou atenção! Além das mentiras em si, o livro aparenta ser bastante reflexivo. Adorei!
Parece ser bem legal, verdadeiro, puro, sabe daquelas coisas naturais que estão na vida, como vc disse, que pode acontecer com qualquer um.
Vou anotar pra procurar pra comprar.
bjos
Ana
elvisgatao.blogspot.com
Não conhecia o autor e nem o livro, mas gostei da premissa do livro, o que não me motivou muito a leitura foi ele ser um livro de contos. Não gosto muito de livros assim.
Olá!
Não conhecia o autor nem o livro.
O livro pareceu diferente dos que estou acostumada a ler. Porém isso foi algo bom, um livro com personagens verdadeiros e profundos, uma história que poderia acontecer na realidade, me deixou muito interessada em ler.
Também vou tentar assistir O leitor.
O livro parece bem intenso mesmo. Aquelas leituras que você faz que parecem reais, sabe? personagens reais, histórias reais. Boa dica.
Os personagens são profundos e não é todo autor que consegue sair da superficialidade, então creio que é por isso que o livro se torna tão memorável. Gosto de livros melancólicos, mas é difícil encontrar um realmente bom. Lerei.
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