“Eu gostaria de pensar em mim como alguém que busca a verdade, mas provavelmente sou apenas um revelador de mentiras.” (VERDON, p. 107 , 2015)
John Verdon tem uma carreira relativamente curta como autor de livros policiais (apenas quatro livros), mas me parece seguro afirmar que é um daqueles autores que não decepciona. A mim nunca decepcionou.
David Gurney está vivendo dias calmos ao lado de sua esposa Madeleine na fazenda para onde se mudaram depois que ele se aposentou do Departamento de Polícia de Nova York. Isso até que Jack Hardman, um ex-colega com quem tem uma dívida, o procura pedindo ajuda com um caso. Kay Spalter está presa pelo assassinato do seu marido, mas Jack acredita que a investigação não foi conduzida como deveria e que Kay foi vítima de uma armação. A princípio, Gurney deveria apenas ajudar a identificar as irregularidades do caso para anular a sentença de Kay, mas não demora para que o ex-detetive perceba que existem mais coisas por trás daquele caso. Para começar, é impossível que o tiro tenha sido disparado da maneira como a polícia afirma. A investigação o coloca no rastro de um perigoso assassino profissional, um ser andrógeno e imprevisível que recebeu o apelido de Peter Pan.
Como é bom ler um livro policial em que o detetive é interessante, o crime é intrigante e a investigação faz sentido. É assim que me sinto cada vez que tenho um John Verdon em mãos. Na minha opinião, não apenas este é um dos melhores autores policiais da atualidade como um dos poucos que consegue fazer com que hoje em dia eu me empolgue com tramas essencialmente detetivescas e me faça lembrar porquê gosto tanto desse gênero.
Muito do mérito de Verdon vem do seu detetive e uma das minhas coisas favoritas em seus livros é ver como a mente de Gurney funciona e testemunhar a ansiedade (quase uma necessidade) do personagem de juntar todas as peças do quebra-cabeça até que elas façam sentido. Acredito que uma das razões que torna Gurney tão carismático é o fato de ele ser um detetive de fácil identificação. Isso porque o que o leva a investigar os crimes é o mesmo que leva o leitor a ler o livro: encontrar as respostas. Amarrar as pontas de um mistério intrigante. Não um senso exagerado de justiça ou de cumprimento às leis ou ainda uma ação parcial que favorece essa ou aquela pessoa porque foi contratado ou é do seu convívio e outras coisas do tipo. Gurney quer os detalhes e as respostas, não importa quais sejam. Quer provas de que são o que são e não o que ele quer que sejam. Se ele foi fisgado e ficou curioso, vai até o fim (e ninguém é melhor do que ele nesse “jogo”). Mas mesmo esse comportamento não faz dele um Sherlock Holmes (que só se interessa pelo caso e nada pelas pessoas). Gurney é sim um detetive cerebral ao extremo, mas também é humano. Tem problemas e conflitos pessoais, um casamento feliz no âmbito geral, mas que também enfrenta problemas. Todos esses aspectos são explorados por Verdon, o que torna Gurney mais do que um mero detetive que está ali para investigar o caso e sim uma pessoa real (que como tal não vive apenas da investigação). Tendo dito isso, é preciso mencionar que, quatro livros depois, eu ainda não consigo simpatizar com Madeleine, a esposa de Gurney.
A razão pela qual discorro tanto sobre o personagem é que sou da opinião que, em um livro policial, o caso é feito nos moldes do seu detetive. E para David Gurney é preciso que hajam muitas peças porque ele encara seus casos basicamente como quebra-cabeças a serem resolvidos. Em “Peter Pan tem que morrer”, Verdon consegue criar uma trama cheia dessas peças e surpreender seu leitor pela simplicidade da resolução quando chegamos ao final. Eu me peguei dizendo: “Claro que era isso! Como eu não percebi antes?” e adoro quando um livro faz isso comigo. A verdade é que tramas policiais não precisam ser intricadas para serem boas. Elas precisam parecer intrincadas, mas as que conseguem passar essa impressão e ainda apresentar soluções simples são as melhores. John Verdon sabe jogar as regras do jogo: dá aos leitores a chance de desvendar o mistério, mas os enreda de tal forma que eles não o fazem antes do detetive e acabam surpreendidos (exatamente como querem ser). Além disso, a narrativa de Verdon é envolvente do início ao fim. Daquele tipo que se você não precisar parar de ler por algum fator extrínseco a leitura, simplesmente não para.
Um tiro que não faz sentido, uma morte de timing suspeito, pessoas que teriam a ganhar com a morte e nem foram investigadas, desaparecimentos, recados sinistros, mafiosos, ex-detetives vingativos, policiais corruptos e jornalistas sensacionalistas são alguns dos elementos de “Peter Pan tem que morrer”: uma leitura rápida e interessante que tem tudo para agradar os amantes da boa literatura policial. Eu mal posso esperar para encontrar David Gurney novamente.
Título: Peter Pan tem que morrer (exemplar cedido pela editora)
Autor: John Verdon
N° de páginas: 399
Editora: Arqueiro
23 comentários:
Oi Mari!
Eu nunca li os livros deste autor e confesso que nem tinha interesse. Mas aí todo mundo começou a falar super bem deste livro, aí eu realmente comecei a ficar curiosa, principalmente pela capa.
E eu estava super curiosa para saber o por quê do título e finalmente descobri!!
Eu quero muito ler os primeiros livros e torcer bastante para que eu goste.
Ps: 4 livros e não gostar da mulher é muita coisa ein? Ela deve ser uma completa bruxa kkkkk
Beijos!!
umlugarparaleresonhar.blogspot.com
Tenho na estante os quatro livros da série e ainda não li nenhum. Tenho que iniciar logo esta série que a grande maioria dos leitores falam muito bem !
bomlivro1811.blogspot.com.br
Oi Mari!! Tudo bão?
Esse é o autor de Feche bem os olhos ??
Pela capa eu fiquei com vontade de ler, e só vejo coisa boa sobre ele e depois da resenha :3
Alê, tambem acho que faltou um pouco da tia Suzanne :I infelizmente né
mas gostei bastante, alguns personagens tão <3 que eu queria aqui na vida real rsrs
uma visão em terceira ajudaria sim </3
Um beijo!
Pâm - www.interruptedreamer.com
Leio poucos livros policiais, infelizmente, mas desde que vi esse título, ele me chamou a atenção. Nunca li nada desse autor, mas depois da sua resenha fiquei super curiosa pela história.
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Oi Mari!
Ainda não li nada do autor, mas preciso reparar esse pecado e urgenteee!
Adorei a resenha.
Beijos!
Cintia
http://www.theniceage.blogspot.com.br/
Oi Mari!
Confesso que não sou muito fã de livros policiais, apesar de amar séries do gênero (Criminal Minds, CSI, NCIS...). É muito difícil eu conseguir me prender em algum desses livros, mas não sei porquê Peter Pan Tem Que Morrer chamou a minha atenção. Achei o título muito chamativo e a maneira como você fala do detetive é especial.
Beijo!
http://www.roendolivros.com/
Vejo falaram tão bem do autor que só fico curiosa, e você sabe como me ganhar de vez, Mari. [rs] Se John Verdon faz tudo isso que você falou em uma trama policial eu preciso conferir, e como são só quatro livros será "fácil" ficar em dia. Ah, agora entendi o título do livro. Ótima resenha.
Abraços!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Olá, Mari.
Nunca li um livro do autor, mas fico feliz em saber que ele consegue ser bom o suficiente para ser considerado por você um dos melhores autores do gênero. Como sei que você gosta desse gênero, valorizo a sua opinião.
Acho que irei gostar desse detetive. Ele é bem do estilo que gosto. Provavelmente iria me agradar.
Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de agosto. Serão dois vencedores.
Eu amo livros de investigação policial! Já conhecia esse livro, mas ainda não tinha lido uma resenha sobre ele. Confesso que quero ele AGORA! Além da história ter me agradado, eu adorei saber que a escrita do autor é bastante envolvente!
Ainda não li nenhum livro desse autor.
Vi diversos comentários positivos sobre este livro e fiquei super interessada, adorei sua resenha, e a história parece ser bem envolvente, cheia de mistérios.
Adicionei o livro em minha lista de leitura, pretendo ler em breve.
Oi!
A primeira coisa que me chamou atenção no livro foi o titulo, gostei muito da resenha com certeza e ótimo quando achamos um livro policial tão bom pra ainda mais quando o personagem e focado e ta sempre correndo atras das pistas, adorei a trama e envolvente intrigante e me deixou muito curiosa com certeza vai pra minha lista de leitura !!!
Oi, Mari! Tudo bem? Eu ainda não li nada do Verdon, mas já vi muitas resenhas positivas e indicações de seus livros que a cada dia fico mais curiosa. Gostei muito do que você falou sobre o personagem principal ter a mesma motivação que o leitor e, definitivamente, livros que contenham uma investigação bem construída com um final simples são ótimos! A dica está anotada! Bjs
Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/
Para ser sincera não curto muito livros policiais , mas tenho que admitir que esse título me atraiu bastante , aliás tudo que você ressaltou em sua resenha me atraiu :)
Acho que vou dar uma chance para esse livro , afinal sempre é bom sair de nossa zona literária de conforto .
http://coisasdediane.blogspot.com.br/
Oi, Mari.
Eu sempre coloco algum livro do autor no carrinho de compras, mas sempre mudo de ideia. mas agora vendo você dizer que ele é um dos melhores da atualidade do gênero, me deu muita vontade de ler alguma coisa dele. E fiquei muito interessada em conhecer Gurney, bons detetives andam em falta no mercado.
Blog Prefácio
Mari!
Até que enfim um bom livro policial!
Fazia tempo que não via uma boa avaliação de um livro no gênero e fiquei bem animada por por apreciar a leitura.
Acredito não ter lido nada do autor, mas nem posso confiar na minha memória... Vou averiguar depois e caso não tenha mesmo lido, vou me interessar pelos outros livros também, já que o detetive é fabuloso e instigante.
Uma semaninha mais que abençoada!
“Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.”(Machado de Assis)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Esse livro está na minha lista de desejados desde que vi ele entre os lançamentos da editora. Além de eu ser completamente fã da série, o título sugestivo e a capa cheia de detalhes me deixa intrigada. Além disso, adorei saber que o livro acompanha um detetive determinado e ansioso por desvendar um crime misterioso e secreto, além de inteligente e capacitado para a função. É o meu gênero preferido de leitura, e com certeza não vou me decepcionar com esse livro.
Oi, Mari
Há muito quero ler esse livro.
Adorei a sua resenha, super completa. Os elementos que vc citou me deixaram ainda mais interessada.
Beijos
Meu Meio Devaneio
Oi Mari!
Não li nada desse autor, e confesso que nem conhecia...
Mas parece um ótimo livro!
Adorei a resenha =D
Beijos
Dri
Olá!
Adoro romance policial! Já tinha me deparado com esse livro no Skoob e até cheguei a acrescentar a minha lista de "vou ler" no Skoob, mas só para guardar o título mesmo. Sua resenha despertou uma vontade ainda maior em ler esse livro!
Beijos,
Rebecca - comodevorarlivros.blogspot.com
Não conhecia nada sobre o autor, mas quando disse que não decepcionaria resolvi buscar um pouco mais sobre ele, e o resultado foi ótimo. Sobre este livro, achei o título bem chamativo envolvendo um conto infantil e tornando-o em um caso policia. Incrível!
Peter Pan tem que morrer é um dos meus mais desejados. Tanto o título, quanto a capa, me chamaram a atenção desde o primeiro momento em que eu vi o livro.
Lendo sua resenha, percebi que meus instintos nao estavam errado perante ao livro. Fiquei mais ansiosa ainda para ler! Não conheço nenhuma obra do autor e essa, provavelmente, será minha primeira experiência.
Bjs
Nunca li nada deste autor, mas a crítica é superpositiva quanto aos livros dele.
Amei as resenhas e achei todas interessantes!
Ainda lerei um livro dele esse ano, sem falta!! rs
bjos
Uau você gostou mesmo desse livro,eu nunca li nada do escritor mas sempre escuto comentários positivos sobre ele.E é tão bom quando uma história policial tem fatos que façam sentindo e não aquelas coisas absurdas que nunca poderiam acontecer.O Gurney deve ser um ótimo personagem.Com certeza vou ler.
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