quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Conversa de Contracapa # 21

Conversa de Contracapa é coluna off topic do blog Além da Contracapa. Sem limitação temática, iremos explorar todo e qualquer assunto relacionado ao mundo da literatura. 

Sempre existe um momento na vida de qualquer bookaholic que uma cruel verdade é constatada: nunca conseguiremos ler todos os livros que desejamos. Segue minha conta: se eu viver até os 80 anos e continuar lendo em torno de 60 livros por ano, quer dizer que tenho a chance de ler cerca de 3.300 livros até o fim da minha vida. Você acha esse número suficiente? Vamos ver se essa opinião se mantém até o fim da coluna. 

Apesar de não existir nenhuma solução para o problema apresentado, existe uma estratégia muito simples: ser seletivo. Afinal, se temos um número limitado de livros que podemos ler, você realmente quer desperdiçar seu tempo em livros ruins ou de qualidade duvidosa?

Às vezes, quando via os lançamentos do mês, alguns livros me chamavam atenção, porém, ao mesmo tempo que tinham potencial para serem bons, também tinham potencial para serem “bomba”. Após algumas experiências traumáticas, esses foram os primeiros livros que parei de ler, afinal, o risco era muito alto. Hoje minhas apostas limitam-se aos livros que tenho convicção de que irei gostar, e mesmo assim acontece de me decepcionar. 

Outra tática que tenho o costume de usar com as obras de autores que não conheço é buscar o aval de outros escritores, da crítica e dos leitores, pesquisando resenhas e vendo a avalição do livro em sites como Amazon e GoodReads. Livros que alcançam a lista de mais vendidos geralmente me atraem justamente por causa da aprovação que receberam do público. 

Outra técnica que uso com muita frequência é avaliar o livro que me interessou por suas primeiras páginas. As editoras geralmente disponibilizam a prova do livro em seus sites, sendo essa uma ótima forma de conhecer o estilo narrativo do autor. Se vejo alguma característica que tenho a tendência de não gostar (como o uso excessivo de adjetivos, por exemplo), acabo riscando o livro da minha lista de desejados. 

A partir desse ano adotei outra estratégia que tem se mostrando bastante frutífera: a leitura de clássicos com maior constância. Afinal, um livro somente é considerado um clássico após transcender seu tempo, e ainda assim se manter relevante. Para um clássico não existem barreiras culturais ou geográficas, pois sua estória é universal e leitores de todo mundo podem se identificar com ela. Não parece uma boa ideia ler livros que são apreciados mundialmente, que sobreviveram a crítica, e que apesar do tempo ainda se mantém atuais e/ou significativos?

É claro que nenhuma dessas técnicas é infalível, afinal, cada leitor tem um gosto diferente. Então, estar na lista de mais vendidos, ter o aval de algum outro autor, ser bem recebido pelo público ou crítica, ser um clássico, não é sinônimo de satisfação garantida. Porém, desde que comecei a ser mais seletivo com minhas leituras, reparei que o número de livros com os quais me decepcionei reduziu consideravelmente. 

Existe um efeito colateral? Infelizmente sim. O problema da seletividade é que talvez um livro fantástico não passe pela peneira. Porém, prefiro perder a chance de ler um ótimo livro usando tais estratégias, do que não usá-las e ter que enfrentar bomba atrás de bomba até encontrar um livro que vale a pena.  

Segundos dados da pesquisa realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) sobre o mercado editorial brasileiro, em 2014 foram lançados mais de 60.000 livros, entre lançamentos e reimpressões. Excluindo-se livros didáticos, religiosos, científicos, técnicos e profissionais, chega-se ao número de 23.171 (as consideradas obras gerais). Assim, estima-se que chegam ao mercado quase 2.000 livros por mês. Creio que tais dados são suficientes para mostrar que selecionar não é uma opção, mas sim uma necessidade. Lembra daqueles 3.300 livros? Eles não parecem o suficiente agora, parecem?

19 comentários:

Unknown disse...

Alê, essa conversa me rendeu um bom tempo de reflexão. Realmente, achei os 3.300 livros um número considerável de quantidade de leituras. Mas, ao fim da postagem não pensava mais a mesma coisa. Essa seletiva é ideal para conseguirmos ler o que queremos, evitar livros decepcionantes e render-se ao bom conteúdo. São lançados dezenas de livros diariamente, como selecionaríamos? Gostei!

Tony Lucas disse...

Oi, Alê! Tudo bem? Ah, adorei a conversa de contracapa proposta por ti. Realmente essa é uma situação complicada, temos muitos livros para ler e pouco tempo (e/ou oportunidades). O legal é fazer isso mesmo: ser seletivo. Muitas das coisas citadas por ti eu também faço! :) Adorei o post!

Abraço

http://tonylucasblog.blogspot.com.br/2015/10/resenha-premiada-muito-mais-que-5inco.html <- Tá rolando promoção do livro "Muito Mais Que 5inco Minutos" lá no blog! ;)

Ariane Gisele Reis disse...

Oie Alê =)

Acho que todo leitor voraz sofre desse mal não é? Ter mais livros do que tempo para ler eles. Confesso que já fui mais apegada e me cobrava muito por isso, tanto que quanto tinha feriado prolongado eu fazia maratonas para ler a maior quantidade de livros possível. Hoje prefiro ler com calma e curtir melhor a história e se um livro está a mais de dois anos na minha estante e eu ainda não li, passo ele para frente, da mesma forma que faço com aqueles que li e não gostei muito.
Acho que aprendi a prezar mais pela qualidade e não pela quantidade, ser seletiva mesmo rs...
Adorei o post!

Beijos;***

Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary

Diane disse...

Olá !
Adorei o post !
Tenho 21 anos e acredito que mesmo se nascesse de novo não daria conta de ler tudo que gostaria . Isso sem falar nos desejados que ainda nem comprei rsrs
Beijos

http://coisasdediane.blogspot.com.br/

Gabriela CZ disse...

Faz muito tempo que cheguei a essa conclusão de que nunca conseguirei ler todos os livros desejados, Alê. E isso apenas por somar o número de obras de autores favoritos e daqueles que ainda quero conferir. Seleções são mesmo necessárias, mas acho que algumas decepções também são. É como se fizessem a gente valorizar mais os que realmente gostamos. Mas só algumas. [rs] Ótimo texto e reflexão.

Abraços!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Bela postagem. Coincidência ou não, estávamos discutindo exatamente sobre isso no clube do livro que participo há menos de uma semana atrás: um colega meu me falou que o número estimado de livros que se pode ler na vida gira em torno dos 3 mil, e eu fiquei completamente devastada pois nunca havia pensado sobre isso, aí ele comentou justamente o que você disse sobre seletividade, se é para ler só isso durante toda uma vida, então que sejam boas leituras.
Realmente, apostar nos clássicos e best-sellers é uma tática com menos chance de "erro".

Parabéns pelo texto!

Beijinhos, Hel.
leiturasegatices.blogspot.com.br

Vanessa Vieira disse...

Gostei do post Alê. Eu também procuro peneirar bastante coisa quando surge um lançamento novo, mas por mais que tente enxugar a lista de livros desejados, ela cresce gradativamente. Espero dar conta de ler tudo que quero...hehe. Abraço!

www.newsnessa.com

RUDYNALVA disse...

Alê!
Gostei das suas técnicas de triagem, porém tem vários outros aspectos a serem considerados, como as parcerias, não apenas das editoras, mas dos autores nacionais que tem se proliferado pela blogosfera, e, no meu caso, tenho priorizado, porque tem muito bons autores surgindo.
Concordo que fico um tanto frustada por não ler a quantidade de livros que gostaria, já pensei até em fazer um curso de leitura dinâmica, assim poderia ler muito mais do que leio atualmente...
E tem ainda um outro aspecto, precisamos ler os livros 'bombas', porque assim temos parâmetro para medir o que não queremos mais ler...
Minha humilde opinião, mas é como falou, cada leitor tem lá suas prioridades, gostos e formas de escolher os livros...
“Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo.”(Friedrich Nietzsche)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Luiza Helena Vieira disse...

Oi, Alê!
Realmente nunca vamos ler todos os livros. Posso dizer que boa parte dos livros que tenho na estante ainda não li :(
Eu geralmente leio algo quando gosto da sinopse. Da última vez que fui no hype da galera, meio que quebrei a cara.
Beijos
Balaio de Babados

Jeremias Oliveira disse...

Pior do que não ter tempo, é quando ter tempo querer todos de uma vez só. Eu acho que de certa forma, isso acaba não se tornando prazeroso, mas sim um vicio. Eu acho que gostar de ler é você, mesmo que lendo um livro em slá, um mês consegue gostar, apreciar e se envolver de uma maneira bacana. Amei, amei, amei seu post, cara <3 Abs!
Que Deus te abençoe <3
http://jeremiasoliveira.blogspot.com

Unknown disse...

Bateu uma tristeza por lembrar que, por mais que eu queira, não conseguirei ler todos os livros do mundo hahaha
Eu gostei dos teus métodos, achei que são inteligentes e muito viáveis já que, infelizmente, estão sendo lançados muitíssimos livros e pouquíssimos são "de qualidade". Eu nunca gostei muito de ser seletiva porque achava que estava me limitando, mas com esse post mudei de ideia. Prefiro ler poucos e bons livros, do que ler milhares e mais da metade não me agregar em nada.
Obrigada pelo post!

Abraço,
literarizei.blogspot.com

Sil disse...

Olá, Alê.
Adorei a postagem e o tem abordado. E é ai que entra outro assunto que muto se discute, o preconceito literário. Sou seletiva porque sei que não vou conseguir ler tudo o que quero. Então porque vou ficar lendo um gênero que não gosto se tem tantos livros para eu ler. Não sou preconceituosa, sou seletiva.

Blog Prefácio

Lívia-Michele-Rose disse...

Olá!!
Olhe eu penso nisso todos os dias, é uma realidade não viverei tempo o suficiente pra ler todos os desejados, doí pesar nisso. E outra coisa depois que li "Para Sempre Alice" e ela diz sobre todos os livros que ela pretendia ler , mais que num vai poder ler por conta da doença e ela só tinha 50 e poucos quando ão conseguiu mais ler, é assustador nossa.

Unknown disse...

Oi, Alê!
Gostei bastante do assunto do post. Eu também tenho procurado selecionar bem os livros que vou ler, e mesmo assim às vezes surge algo não tão bom. Daí fico na dúvida: se eu largar o livro, terei desperdiçado todo o tempo que dediquei a ele até então. Mas se não largar, vou ter que passar ainda mais tempo lendo uma obra que não está me agradando. É difícil!
Mas confesso que a minha escolha de leituras passa mais por gênero e recomendações do que por sinopses ou resenhas. Muitas vezes procuro saber o mínimo possível, para que a trama possa me surpreender.

Camila Monteiro disse...

É bem por aí mesmo né? Aprender a selecionar os livros é uma boa opção, já que ninguém descobriu ainda como se tornar imortal!!! Hahaha

>> Vida Complicada <<

Ana I. J. Mercury disse...

Alê, amei o post, e posso dizer que tem toda razão!
Eu lia tudo que achava que seria legal e que caia em minhas mães, MESMO QUE NÃO GOSTAVA.
Me sentia mal deixando o livro pela metade.
Mas daí li uma entrevista de uma das minhas autoras preferidas, Lycia Barros, e ela dizia que tem é precioso, não sabemos o quanto tempos, por isso devemos aproveita-lo bem e ler apenas o que nos edifica!
Aí comecei a selecionar mais, e ler apenas o que gosto e me acrescenta em algo. Mesmo que seja aquele livrinho infantil de leitura rápida, mas se me arranca gargalhadas e me faz feliz, eu me permito! \o/
Os únicos livros que li ou comecei sem gostar muito, sem ser peneirado, foram os que ganhei, o restante é assim, comecei a ler não engrenou, não faz meu tipo, pode ter mil recomendações incríveis, não leio.
Já sou obrigada a fazer tanta coisa que não gosto, ler será por gosto agora! =D
bjos e continue sempre com post lindos assim! rs

Ju M disse...

Gente, achei que só eu ficava triste em pensar que não conseguirei ler todos os livros que desejo em uma única vida, kkkkk!

O seu critério de ler os clássicos já comecei a adotar. Esse ano adotei clássicos da literatura brasileira, e a mina listinha de leitura para o ano que vem já está pronta, com vários clássicos da literatura mundial. Aliás, pensar nisso me deixa triste, quando vejo livros maravilhosos, que transcendem o tempo, que são marcados como lidos por 200 pessoas, aí você vê um livro totalmente superficial, mas comercial, da modinha, marcado como lido por 50 mil...

Mariele Antonello disse...

Realmente concordo com você,nunca vai dar tempo de ler todos os livros desejados, mas espero conseguir ler os que mais quero pelo menos, e aumentar o número de leituras por mês e por ano, que consequentemente me dará mais oportunidade de ler os livros desejados.

Casos Acasos e Livros disse...

Oi, Alê!
Que post legal.
Adorei os dados.
Nunca tinha pensado nesses números que você citou.
É pouco livro nessa vida (e olha que 60 livros por ano é bastante!).
Adorei as dicas. Vou adotar algumas.
O que me aconteceu muito e agora fico de olho é em blogs as pessoas falarem super bem do livro e ele ser uma droga e depois eu descobrir que falaram bem só porque a editora era parceria. Triste, né?

Beijoooos

www.casosacasoselivros.com

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