segunda-feira, 21 de novembro de 2016

RESENHA: Boo

“Ultimamente, não tenho me sentido tão inteligente. Aqui, o conhecimento que tenho sobre amebas, nebulosas e fórumlas é inútil. O que eu preciso é o tipo de inteligência que me ajude a entender por que um menino deveria entrar numa escola e começar a disparar uma arma, por que uma vítima deveria perdoar esse menino, e porque outra jamais o faria.” (SMITH, 2016, p. 112)

Aos 13 anos, Oliver Dalrymple (também conhecido como “Boo” devido à palidez da sua pele) tem poucos amigos porque seu maior interesse é a ciência. Inclusive, seu mais recente objetivo é decorar todos os elementos da tabela periódica, e isso é justamente o que ele está fazendo quando morre. Mas a morte não significa o fim e ele desperta em um lugar chamado “Cidade” onde meninos e meninas americanos de 13 anos vão após suas mortes e permanecem por 50 anos sem envelhecer, engordar ou sofrer qualquer ação do tempo. Mal Boo começa a entender como as coisas funcionam na pós vida e Johnny, um colega de colégio, também desperta fazendo uma revelação perturbadora: Boo não morreu de um problema cardíaco, como ele acreditava. Ele foi assassinado a tiros. Agora os dois vão desenvolver uma amizade que não conheciam na América e tentar descobrir quem foi o responsável por lhes tirar a vida tão cedo.

“Alguma vez vocês já imaginaram, Pai e Mãe queridos, que tipo de pasta de dentes os anjos usam no céu?” É com essas palavras que Boo inicia a narrativa que pelas próximas 330 páginas irá relatar as descobertas e vivencias da sua pós vida (com ocasionais memórias da vida terrena). Há uma doçura e inocência na pergunta que já é suficiente para estabelecer o tom do livro, além de ser capaz de apresentar em poucas palavras o seu protagonista por quem ele essencialmente é: um menino curioso, atento a detalhes com os quais poucos outros se importam e que quer manter o vínculo com as duas pessoas que mais lhe amaram. Há também um sentimento triste: não é justo que esse menino, que ainda não conhecemos, tenha que escrever esse relato. Não é justo que esses pais tenham esse relato para receber. Assim é “Boo”, um Young Adult que, embora trate de temas recorrentes do gênero, consegue faze-lo de maneira inusitada.

Boo está morto e, além de não compreender a sua morte, tem toda uma nova vida – com novos conceitos - para se adaptar. Criado por ateus, ele nunca acreditou em Deus, mas na Cidade se vê obrigado a reconhecer a existência de um ser poderoso que comanda os acontecimentos. Mas, por não ter influencia da sua criação, Boo imagina Deus como prefere o apelida de “Zig”. Além disso, Boo também percebe diferenças em si mesmo (seria obra de Zig?), agindo menos como nerd e mais sociável, mais apto a fazer amigos (o que é, provavelmente, o mais inusitado para o protagonista). Agora, um menino que nunca se interessou pelos problemas dos outros, precisa conviver com problemas como depressão. É em torno dessas novas amizades (principalmente com Johnny) e da descoberta de quem teria sido o Atirador que matou os dois meninos que a história se desenrola.

Gostei de ambas as reviravoltas criadas pelo autor (mesmo que nenhuma delas tenha me surpreendido) e gostei também do desfecho um tanto melancólico que a história ganha. Mais do que respostas, o que fica é um eco do que poderia ter sido aquelas vidas.

Minha única ressalva diz respeito ao tamanho do livro que, embora não seja longo, me pareceu maior do que a história pedia.

"Boo" não é um marco da literatura Young Adult, mas é sim um gostoso entretenimento sobre a importância das amizades, os desafios da adolescência e sobre como sempre podemos buscar uma melhor versão de nós mesmos.

Título: Boo (exemplar cedido pela editora)
Autor: Neil Smith
N° de páginas: 333
Editora: Fábrica 231

16 comentários:

Ana Clara Magalhães disse...

Oi Mari!

Ahhhh, eu solicitei esse livro também, mas ainda não cheguei a lê-lo. Acho interessante essas histórias contadas por mortos porque sempre fazem a gente refletir... Será que poderíamos ter sido melhores? Ah, esse negócio de histórias com mais páginas do que precisam é extremamente comum hoje em dia.

Beijo!
http://www.roendolivros.com.br/

Luiza Helena Vieira disse...

Oi, Mari!
Eu não fazia ideia do que se tratava esse livro. Eu achei bem legal por se tratar de vida após a morte, mas de um jeito não-espírita, se me entende.
Beijos
Balaio de Babados
Participe da promoção seis anos de Caverna Literária

Swonkie disse...

Enviamos um convite para o teu email :)

Luciana Campos disse...

Nossa, Mari, como é diferente a temática desse livro. Acho que daria um bom filme, de verdade. Achei interessante que tenham abordado um menino ateu se vendo aos poucos acreditando na existência de um ser todo-poderoso, e também fiquei curiosa sobre a morte dele. Adoraria ler.

Gabriela CZ disse...

Acho a premissa desse livro bem interessante, Mari. Alguns podem considerar mórbido uma história narrada por um personagem morto, mas acho curiosa. Acho que no faz refletir sobre como levamos a vida. E pelo visto esse livro cumpre a função. Quero ler. Ótima resenha.

Beijos!
Portal Andar de Cima

Cristiane Dornelas disse...

Ah, vendo aqui até que gostei mais da história. Só de sinopse não tinha me convencido muito. E não sei, amo livros que deixam um tom melancólico no fim, que te faz imaginar como a vida poderia ter sido...
Ele parece legal.

Na Nossa Estante disse...

Oi Mari,

Eu não conhecia o livro, mas achei interessante ter um relato de vida pós morte. Acho que muitas vezes o livro não precisa ser um marco pra gente gostar, né? Gostei da indicação, fiquei interessada na leitura!

Bjs, Mi

O que tem na nossa estante

Vanessa Vieira disse...

Gostei da resenha Mari. Li a sinopse deste livro vagamente no Skoob, mas não sabia que se tratava de uma história tão intensa. Fiquei curiosa, hein? Beijo!

www.newsnessa.com

Nanda disse...

Parece um livro muuuuito bom. Tô querendo muito ler depois dessa sua excelente resenha *o*

- Nanda (Ice Fairy ^-^ Kell)

Loysla Lara disse...

Olá.
Meu Deus, nunca tinha visto nada sobre esse livro. O modo que começa a primeira frase é bem impactante e penetra na sua mente, com toda certeza eu preciso ler esse livro.
Amei sua resenha e seu blog é bem maravilhoso mesmo <3 Já estou seguindo <3
http://teattimee.blogspot.com/

Alice Martins disse...

Oi Mari,

Acho essa capa linda e a premissa me deixou curiosa. Parece ser bem interessante a forma como o autor aborda o tema e trata a relação do menino com Deus. Adorei a resenha, Parabéns!

Beijos,

Gnoma Leitora

Diego disse...

Oi, Mariana!
Eu via esse livro e sempre me perguntava do que se tratava e na correria acabava não lendo a sinopse ou resenha dele. Li aqui pela primeira vez e fiquei admirado com a história. Agora quero muito ler.
Essa coisa do atirador invadindo uma escola é algo bem atual, algo que parece que o autor soube colocar como referência e uma ponte para a história de Boo. Agora quer muito ler.

Bjão.
Diego, Blog Vida & Letras
www.blogvidaeletras.blogspot.com

RUDYNALVA disse...

Mari!
Todo o enredo é bem interessante e inovador, pelo menos para mim. Nunca li nada no gênero com um enredo tão diferenciado.
Achei estranho o protagonista ser tão jovem e ter de conviver com tantas inovações no pós vida, mas talvez aí esteja o amadurecimento.
“Só a mágoa deveria ser a instrutora dos sábios; Tristeza é saber.”(George Lord Byron)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
TOP Comentarista de NOVEMBRO com 3 livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

Sil disse...

Olá, Mari.
Eu não conhecia esse livro ainda e já fiquei bastante interessada só de ler o título dele. Imagino que pelo gênero o livro seja mais leve, mas a história é bem interessante e se der eu lerei.

Blog Prefácio

Carolina Garcia disse...

Oi, Mari!!!

Adorei a resenha! Esse é um dos lançamentos da Rocco que me chamaram mais atenção. A história parece ser muito boa e com certeza já está na minha lista de desejados.

Uma pena pelo fim melancólico, mas com esse tipo de história, não acredito que possa haver outro tipo de final. =/

Bjs!!!

http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

Ana I. J. Mercury disse...

Eu também não conhecia esta obra, mas achei linda sua resenha.
Deu pra ver que é um livro triste e fofo, gostoso de ler, e que traz algumas boas reflexões.
Amo livros com crianças e jovens e esse parece ser assim, maravilhoso.
Anotado aqui.
bjs

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