Já considerei Michael Connelly um dos melhores autores policiais da atualidade, principalmente depois da leitura de livros como O Poeta e O Poder e a Lei. Porém, de uns tempos para cá, seus livros têm sido decepcionantes ou até mesmo ruins, como foi o caso de A Queda. Assim, determinado a dar uma última chance ao autor, decide ler A Quinta Testemunha, o quarto livro da série com Mickey Haller.
Com a crise mobiliaria que assola o país, Haller teve que tomar uma medida drástica: abandonar a advocacia criminal e tentar aproveitar a enxurrada de processos de despejo. Quando uma cliente entra em contato, ele sequer imagina que Lisa está sendo acusada de ter matado um funcionário do alto escalão do banco, o qual está cobrando a hipoteca de sua casa.
Como sempre, a narrativa de Connelly é bastante fluida e instigante, sendo que em poucas páginas já estamos envolvidos com a estória. O autor também soube estruturar bem a trama, adicionando novos elementos e plot twists na medida certa, de modo a manter o interesse do leitor.
Outro fator que me impressionou é a facilidade que o autor tem em pensar como um verdadeiro advogado criminalista, o que torna a estória extremamente verossímil. O protagonista criado por Connelly é baseado na vida real, e não nos clichês de filmes e séries jurídicas.
“— Não, quem não está entendendo é você. Se você é inocente ou não, não tem nada a ver com o que está em jogo aqui. O importante é o que podemos provar ou contestar no tribunal.” (CONNELLY, 2013, p. 53)
O caso em si é muito interessante e rende diversas reflexões. Por um lado, uma mulher abandonada pelo marido, com um filho para cuidar e que não consegue pagar a hipoteca da casa. Por outro, uma grande corporação que está executando todos os seus devedores. Mais do que falar em certo ou errado, o autor embarca na nebulosa área da moral, mas de forma sútil e sem a pretensão de dar lições de vida.
Entretanto, creio que o autor estendeu demais a estória. Sinceramente, não me pareceu que as mais de quatrocentas páginas fossem realmente necessárias para o desenvolvimento do livro. Está impressão ficou ainda mais nítida na reta final do livro, quando o julgamento de Liza parecia não acabar e nada de novo acontecia.
O desfecho foi bom, sendo que todas as pontas da trama foram devidamente amarradas. Entretanto, saliento que o final não foi exatamente uma surpresa. Além disso, outro detalhe da estória revelado no final me pareceu um pouco forçado.
Encerro admitindo que entre minhas últimas experiências com os livros do autor, A Quinta Testemunha foi a melhor. Porém, ainda não alcançou o mesmo nível dos livros que citei no início desta resenha.
Autor: Michael Connelly
N.º de páginas: 419
Editora: Suma
11 comentários:
Oi Alê,
Não conhecia esse autor e, para ser sincera, não fiquei muito empolgada em ler algum livro dele depois de conferir a tua resenha.
Faz um tempo que não leio uma boa história que de suspense policial e gostaria de ver esse gênero novamente na minha estante, mas acho que vou aguardar outra indicação.
Beijos
http://espiraldelivros.blogspot.com/
Sempre tive duvida sobre ler ou não algo do Michael Connelly, Alê. A premissa desse é interessante, e é bom saber que tenha uma abordagem mais realista. Só uma pena que se estenda muito. Mas acho que leria. Ótima resenha.
Beijos!
Alê!
Livros policiais com julgamento e tudo, é demais, gosto muito de ler esse tipo de livro.
Pena que o final não teve ineditismo e o escritor pode ter sido um tanto prolixo, mas como gosto dos detalhes, acredito que esse não é um problema para a leitura.
Quero ler sim.
“Os lírios não bastam. As leis não nascem das flores. Meu nome é luta, e escreve-se na história.” (Luciana Maria Tico-tico)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA MARÇO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
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Oi, Alexandre.
Acho que por um lado, seria muito óbvio a Lisa ser a assassino, embora seja uma tese muito boa. O difícil será para o Michael tentar juntar provas e provar sua inocência.
Oiii Alê
É complicado quando o autor insiste em estender demais a história pra encher o livro de páginas, a trama fica cansativa, pesada e às vezes até sem sentido. Mesmo assim, adoro thrillers, policiais, e esse é um livro que, com calma, gostaria de conferir quando tiver a oportunidade.
Beijos
www.derepentenoultimolivro.com
Oi, Alê!
Uma pena que o livro não tenha alcançado todas as suas expectativas, é bem chato quando os autores ficam enrolando e acabam estendendo a história mais do que o necessário. Ótima resenha!
xx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br
Comecei a ler livros policiais faz pouco tempo. Agora estou lendo Fique Comigo do Harlan Coben. Acho que essas narrativas mais de 'suspense' te prendem e te fazem querer ler tudo de uma vez. Acredito que esse seja o caso de Quinta testemunha, certo?
Que pena que não alcançou todas as expectiativas. Provavelmente a Lisa é uma surpresa no final? Mas que pena que você não achou tao interessante como eu ainda estou pensando ser!
Oi Alê!
Apesar de amar o tema e conhecer muitas obras do autor, nunca tive a oportunidade de ler nada do Michael Connelly.
Adoro isso que os livros policiais tem de nos prender ao livro do início ao fim, e essa veracidade que a obra nos passa.
Uma pena que um livro que parece que tinha de tudo pra ser excelente se estendeu demais e com um final não tão surpreendente (sou mto ligada nos finais que me deixam chocadas) mas que bom que o livro ainda foi bom de modo geral.
Oi!
Ainda não li nada do autor, mas achei o livro interessante, gostei do caso que o autor nos apresenta e gostei muito de saber dessa capacidade dele de realmente pensar como um advogado criminalista o que com certeza trás mais realidade para a historia, ainda mais se foge dos clichês !!
Oi Alê,
eu não conhecia o livro, nem o autor, mas achei bem diferente, e até instigante, pelo o que você contou na resenha.
Por ter um personagem advogado me interessei também, porque já quis ser advogada kkkk e gosto de ler ou ver filmes sobre.
bjsss
Fiquei em duvida se devo ler ou não. Por um lado a pegada reflexiva do livro me chamou atenção e por outra eu não gosto desses livro cujo o autor prolonga demais a historia
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