"Quem vem para o jantar?" é a coluna do Além da Contracapa em que um jantar fictício se torna a ocasião em que personagens e autores interagem em encontros inusitados.
Assim que conheci Chris Shane, a primeira coisa que ele me pediu foi para apresenta-lo a Hercule Poirot, o que me pareceu bastante natural. Afinal, Chris era agente do FBI e investigava casos de homicídio, de modo que conhecer Poirot seria uma experiência inesquecível. Enviei o convite para Poirot e Hastings, mas apenas o detetive confirmou presença, de modo que coube a mim a tarefa de registrar improvável e curioso encontro.
Estávamos em um pequeno café em Nova York quando Chris chegou e, de tão entusiasmado que estava, sequer me deixou fazer as apresentações.
— Monsieur Poirot, que honra conhece-lo — disse ele estendendo a mão para o detetive belga.
Como Poirot ficou olhando confuso para a mão robótica, apressei-me para explicar:
— Este é Chris Shane, um agente do FBI e admirador do seu trabalho.
— O quê? — perguntou Poirot surpreso. — Agora robôs estão solucionando crimes neste país? Duvido que isto dê certo. Apenas células cinzentas de verdade conseguiriam desvendar um homicídio.
Fiquei sem reação e sem saber como contornar a situação. Chris, no entanto, não parecia chateado e ficou claro que já ouvira coisas piores. Além disso, creio que sua admiração pelo detetive tornava qualquer deslize social perdoável.
— Concordo plenamente com o senhor — disse Chris enquanto se sentava a nossa frente. — Acontece que fui acometido por uma doença que aprisionou minha mente saudável em um corpo que não responde a nenhum comando. A solução foi encontrada pela ciência: através de um implante cerebral, tenho a capacidade de controlar este robô e fazer qualquer coisa que faria sem esta doença. Inclusive solucionar crimes.
— Implante cerebral? — questionou Poirot sem esconder sua desconfiança. — Acho que nunca vou entender esses tempos modernos. Então, quer dizer que suas células cinzentas se encontram perfeitas?
— Exatamente — respondeu Chris.
— E como você investiga um crime? Parece-me inconcebível que o senhor consiga descobrir todos as pistas deixadas na cena do crime sem estar fisicamente no local.
— Na verdade, creio que a tecnologia tornou nosso trabalho ainda mais preciso. Veja bem, com o auxílio deste C3 ... este robô que o senhor está vendo — explicou Chris ao reparar no olhar confuso do detetive — tenho a capacidade de gravar e fazer um escaneamento da cena do crime. Assim, podemos recriá-la a qualquer momento sem correr o risco de incorrer em falsas memórias ou depender de relatórios incompletos.
— De fato, está parece ser uma ferramenta promissora — reconheceu Poirot a contragosto, mas sem argumentos para refutar a lógica de Chris.
— Por que o senhor não nos acompanha por um dia? Eu e minha parceira estamos investigando um caso bem intrincado. O senhor certamente achará bastante desafiador e poderá ver na prática como trabalhamos.
— Um caso intrincado, é? Todo mundo sabe que Hercule Poirot jamais se nega a um desafio — disse o detetive levantando e colocando o chapéu.
Me levantei logo em seguida e percebi que aquele seria um dia agitado. E mais do que tudo, um dia memorável: quem mais teria o privilégio de ver uma parceria dessas em ação?
9 comentários:
Que coluna incrível, amei!
Não conheço Chris Shane, mas me parece que ele é um personagem do presente, enquanto Poirot é do passado. Também não conheço Poirot, mas já li muitas resenhas e comentários sobre ele.
Esse encontro é muito interessante, fico imaginando como seria os dois solucionando um caso.
Beijos
Que bacana esse jantar fictício!! Daria uma boa trama esses dois personagens e os mistérios que iriam desvendar juntos, um é mais moderno e o outro mais conservador!!
Olá...
Eu já disse que AMO essa coluna? Acho que sim, né? Kkkk...
Acho vocês muito criativos por conseguir mesclar histórias e personagens de um jeito tão encantador assim... Vocês arrasam sempre!
Bjo
http://coisasdediane.blogspot.com.br/
Oi, Alê!
Preciso ler o anterior. Acho que perdi o 31!
Mas você sabe que eu sou muito fã da coluna, né?
Muito mesmo!
Beijooos
www.casosacasoselivros.com
Oie,
Que coluna linda! Vou ler o anterior ahahahah
Abraços...
http://submundosliterarios.blogspot.com/
Alê!
Nossa!
Encontro mais ue memorável...
Minha sugestão é um segundo jantar, relatando todas as perplexidades de Poirot ao acompanhar Chris e como tudo se desenrolou...
É pedir muito?
kkkkkkkk
Bom final de semana!
“Os piores estranhos são aqueles que vivem na mesma casa e fingem que se conhecem. Conversam banalidades, mas nunca o essencial.” (Augusto Cury)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA ABRIL – ANIVERSÁRIO DO BLOG: 5 livros + vários kits, 7 ganhadores, participem!
BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
Excelente, Alê! Fiquei com ainda mais vontade de conhecer os personagens. Ótimo post.
Beijos!
Adorei!!! kkkk
Ficou incrível e o Poirot, kkk ai Deus, sem engraçado e perspicaz!
Parabéns!!
bjs
Oi Ale!
Adorei essa mistura de um detetive do presente com o do passado, conheço só o Poirot mas adorei a ideia. É uma ótima coluna, depois vou dar uma conferida nas anteriores.
Bjs
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