Quando crianças, Andy, Nate, Peter e Kerri formavam o Clube dos Detetives de Blyton e solucionaram diversos casos. O último deles envolvia monstros em uma casa mal-assombrada, porém, tudo não passava de um criminoso fantasiado. No entanto, treze anos depois, todos eles continuam sendo assombrados pelos fatos que vivenciaram na mansão Deböen, exceto Peter, que morreu de overdose. Assim, para colocar um ponto final na estória, os três membros restantes do clube retornam para Blyton Hills.
O Caso da Mansão Deböen começa como um livro de mistério e aos poucos vai inserindo elementos sobrenaturais na estória. Apesar disso, não considero que seja uma obra de terror, pois em nenhum momento me deixou com aquela sensação de medo ou receio que autores como Stephen King conseguem provocar.
Preciso admitir que o mistério do livro não me surpreendeu. Um dos personagens era o típico "red herring", aquele que está inserido na trama justamente para desviar a atenção do leitor. O problema é que Cantero só tinha um "red herring" e não conseguiu pulverizar a dúvida sobre quem seria o vilão, de modo a fazer com que o leitor suspeitasse de todos os personagens em um ou outro momento.
Um dos fatores que mais me chamou atenção foi a narrativa espirituosa de Cantero, não apenas recheada de referências, mas também com muitas piadas inusitadas, que serviam de válvula de escape para os momentos de tensão. Além disso, o texto do autor é muito fluído e envolvente, no entanto, confesso que não entendi por que, em alguns momentos, os diálogos eram transcritos na forma de roteiro, com a sinalização do nome do personagem que falava.
O autor também acerta em cheio no desenvolvimento dos personagens, mostrando como todos eles foram afetados pelo episódio que ocorreu treze anos antes. Na prática, nenhum deles conseguia admitir os traumas que haviam sofrido e, sem isso, qualquer possibilidade de superar o que acontecera nunca existiu.
“ — Kerri, tudo o que a gente faz na vida é arrumar um jeito de lidar com as nossas questões. A forma que encontrei para lidar com as minhas foi estudar. Tipo quando você gostava de insetos aos seis anos e começou a ler tudo sobre o assunto e acabou virando bióloga. Eu fiz a mesma coisa.
— Não foi assim que eu lidei com o Lago Adormecido — disse Kerri. — Eu só fugi.
— Eu fugi também — falou Nate, tentando confortá-la. — Estudar é uma coisa; voltar ao mesmo lugar é outra.” (CANTERO, 2019, p. 175)
É impossível ler O Caso da Mansão Deboen e não lembrar do clássico desenho Scooby-doo, não apenas pelas semelhanças entre os grupos de jovens amigos que investigam supostos mistérios sobrenaturais, mas sobretudo por mostrar a importância da amizade e da coragem.
O saldo final foi positivo: trata-se de uma leitura leve, despretensiosa, que certamente irá envolver o leitor e fazê-lo rir, garantindo momentos de diversão.
O Caso da Mansão Deboën foi o quarto livro do Intrínsecos, o clube de assinatura da Editora Intrínseca. Além da edição caprichada e de brindes relacionados ao livro, a revista dessa edição contou com uma entrevista com o autor, além de um ensaio e dois artigos, os quais enriquem ainda mais a leitura. Vale salientar que também já é possível perceber o cuidado da editora em sempre selecionar livros de gêneros diferentes, de modo a desafiar continuamente o assinante a sair de sua zona de conforto.
Autor: Edgar Cantero
N.º de páginas: 352
Editora: Intrínseca
Exemplar cedido pela editora
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6 comentários:
Gosto muito do gênero, ainda mais quando vem nessa forma juvenil. Me lembrei muito de lançamentos recentes, com detetives mirins..rs e até tem a ver com o enredo sim.
Gosto também desta mistura de fantasia e sobrenatural, se for bem usada esta mistura, é sempre gostoso o cenário que isso traz!
Como é a primeira vez que vejo este livro, se puder, quero sim, conferir.
Beijo
Já tinha gostado da sinopse e agora fiquei totalmente interessada, Alê. Um livro despretensioso e que fala da importância da amizade e da coragem tem tudo pra me agradar. Ótima resenha.
Beijos!
Alê!
Se parece com Scooby Doo, já me conquistou, porque era um dos meus desenhos favoritos.
Independente do mistério, do suspense e das descobertas que ocorrem no decorrer do livro, o que achei mais interessante foi a abordagem dada aos personagens e o quanto isso afetou suas vidas desde o passado.
Gosto de leituras despretenciosas e de entretenimento, ainda mais com um tom mais hilário.
cheirinhos
Rudy
Oi, Alê
Tinha visto o lançamento do livro, mas é a primeira resenha que leio.
Claro que me interessei muito nessa trama com mistério, sobrenatural, com coisas do passado que não deixam os personagens em paz. Que ainda lembra o desenho Scooby Doo agora que preciso ler urgente o livro.
Beijos
Assim que li o início do primeiro parágrafo da resenha já logo associei a história à Scooby-doo rs. É a primeira resenha desse livro que eu leio e gostei de saber que, além do mistério (meu tipo de livro preferido), temos algo que ainda mais gosto nas histórias que é como o passado e as vivências dos personagens afetam o seu crescimento e seu eu do presente. Fiquei curiosa e animada com o livro. Obrigada pela dica!
Alê, não conhecia o livro, mas pela sua resenha, pareceu me ser bem divertido e gostoso de acompanhar.
Aquelas histórias para relaxar.
Pior que lembra Scooby doo mesmo kkkkk agora que quero! kkkk
bjs
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