sábado, 24 de setembro de 2011

Quem vem para o jantar?

"Quem vem para o jantar?" é a coluna mensal do Além da Contracapa em que um jantar fictício se torna a ocasião em que personagens e autores interagem em encontros inusitados. 

Para iniciar minha participação aqui no blog decidi fazer algo diferente. Não é uma resenha, não discorre sobre um livro específico ou mesmo sobre um autor ou gênero literário. A idéia partiu de algo que li há certo tempo (uma crônica ou uma reportagem, não lembro ao certo) que fazia a instigante pergunta: “Se você pudesse jantar com um personagem da literatura qual seria?” Difícil, não? Eu pensei muito, mas leitora ávida que sou desde criança, me deparei com inúmeras lembranças de personagens que me marcaram, nas mais diferentes épocas e pelas mais diferentes razões, e não consegui me decidir por um único apenas, escolhendo dois que, curiosamente, saíram da literatura e foram para o cinema. São eles Hercule Poirot e Hannibal Lecter.


Começando com a mais inusitada das minhas escolhas e com o espanto que possa causar, e possivelmente com a vergonha que eu deveria ter de dizer, arrisco confessar que a-do-ro o doutor “Canibal” Lecter. Nascido da imaginação do escritor Thomas Harris e protagonista de três livros “Dragão Vermelho”, “O Silêncio dos Inocentes” “Hannibal” e posteriormente um quarto onde é narrada sua juventude “Hannibal – A Origem do Mal” o psiquiatra mais brilhante e assustador da literatura foi imortalizado no cinema pelo magnífico Anthony Hopkins.
Para aqueles que conhecem o Dr. Lecter não deve ser tão difícil de entender porque esse personagem me provoca certo fascínio. Elegância, inteligência e brilhantismo são apenas algumas das características dele que me ocorrem. A fineza aliada à frieza com que ele age me confunde e me causa admiração, ao mesmo tempo. Psiquiatra, profundo conhecedor da natureza humana, com gosto refinado e desprezo por toda e qualquer demonstração de falta de educação, seu único problema é o alternativo gosto que tem para alimentação. A maldade se confunde ao pensamento de que, na verdade, está prestando um serviço para a sociedade com sua atividade canibal e assusta leitores e platéias em todo o mundo há trinta anos (se considerarmos a publicação do primeiro livro), além de assombrar Clarice Starling em seus sonhos, tenho certeza.
Para aqueles que não conhecem a trajetória do médico canibal eu aconselho que se deixam assustar, e encantar, a começar pelo filme “O Silêncio dos Inocentes” que, para mim, continua sendo o melhor filme da série mesmo depois de acompanharmos Lecter nas adaptações cinematográficas de outros livros. Em relação ao livro, confesso que minha experiência não foi, nem de longe, tão interessante. Thomas Harris tem uma narrativa lenta que não me agradou na ocasião da leitura e não me estimulou a ler mais do que um capítulo por vez (o que é estranho e vergonhoso para mim). Ainda assim, pretendo dar mais uma chance ao escritor e, um dia, ler mais algum de seus livros e das aventuras do Dr. Lecter. De qualquer forma, Harris merece reconhecimento por ter criado um personagem único e complexo, capaz de provocar reações das mais diversas.


Andando agora em terras menos sombrias, mas tão interessantes quanto, falo sobre meu grande herói: o perfeccionista detetive belga Hercule Poirot.
O mais famoso personagem criado pela eterna Rainha do Crime Agatha Christie é um detetive baixinho que usa um bigode inconfundível, trajes sempre impecáveis, é extremamente detalhista, não tem nada de modéstia e soluciona os mais intrigantes crimes. Porém engana-se quem pensa que Poirot é o tipo de detetive “cão buldogue” como ele mesmo fala. Aquele que se ajoelha no chão com uma lupa à procura de pistas e pegadas, muito semelhante ao imortal Sherlock Holmes criado por Arthur Conan Doyle. A principal ferramenta de Poirot são suas “células cinzentas” com as quais trabalha, de preferência no conforto de sua casa, muitas vezes montando castelo de cartas, buscando encontrar uma explicação para as pistas obtidas pelos “farejadores” da polícia.
Adepto da “ordem e método” e dotado de uma mente atenta a todos os detalhes, nada passa despercebido a Poirot e nada além da verdade e do encaixe perfeito de todos os fatos lhe satisfaz. Meu herói desde a adolescência, o detetive belga traz elegância e humor aos inteligentes livros de Agatha Christie (de quem sou fã incondicional, como os que me conhecem bem sabem), presente em mais de 40 livros da escritora, entre eles alguns de seus maiores sucessos como “O Misterioso Caso de Styles”, “O Assassinato de Roger Ackroyd”, “Morte no Nilo” e “Assassinato no Expresso do Oriente”.


Difícil escolha de companheiro de jantar, não é mesmo? Ambos elegantes e inteligentes. Ambos fascinantes e prometem grandes ensinamentos. Sendo assim, convido os dois distintos senhores para jantar com a condição que o Dr. Lecter aceite minha tradicional refeição com carne animal e Monsieur Poirot não a recuse caso não esteja disposta simetricamente no prato. Alguém se habilita a jantar conosco?

3 comentários:

Alexandre disse...

Eu até me habilitaria a ir ao seu jantar, mas confessor que tenho medo do Lecter heheh.

Pedro Sales disse...

Parabens aos amigos Mari e Xande pela excelente ideia de fazerem esse blog!!! Irei seguilos no Twitter e link ficara salvo no meu not :-). E já vou participar das promos rafardes...eu amaria jantar com o Hercule!

cath´s m. disse...

Eu acho que as pessoas menos normais são as mais legais de se conhecer, afinal tem uma mente unica!

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