“Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos.” (SILVA, 2008, p. 37).
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Talvez você esteja a se perguntar porque li um livro com uma temática tão distinta daqueles que usualmente leio. Explico: estou no último ano da Faculdade de Direito, o que é sinônimo de monografia. Assim, li o livro enquanto pesquisava sobre o tema escolhido, que irá abordar aspectos referentes a execução penal (ramo do direito que versa sobre o cumprimento da pena e seus desdobramentos) dos indivíduos portadores de psicopatia.
Embora os estudiosos estejam longe de chegar a um consenso, vale esclarecer que a autora adota a palavra psicopata como sinônimo de sociopata, personalidade anti-social, personalidade dissocial, personalidade amoral, entre outras nomenclaturas.
Isto porque o livro é escrito, sobretudo, para o público leigo, e distinguir tais termos em nada acrescentaria, pelo contrário, talvez somente confundisse o leitor. Ademais, independentemente do nome atribuído, todo eles estão a definir um mesmo perfil transgressor.
E que perfil é este? Creio que a citação inicial desta resenha é o suficiente para caracterizar a personalidade e a conduta destes indivíduos, que são desprovidos de emoções. Isto mesmo! Palavras como amor, empatia, compaixão, remorso, arrependimento e culpa simplesmente não constam no vocabulário dos psicopatas. Aliás, até constam, porém, eles não sabem qual é o seu significado.
As estimativas revelam que cerca de 4% da população é portadora de tal transtorno em distintos níveis, a citar, leve, moderado e severo. A estes últimos devemos atribuir os crimes brutais e com requintes de crueldade.
Com muita propriedade, a autora nos conduz pela mente malévola deste seres assustadores, o que torna a leitura densa, intrigante e, por vezes, perturbadora. Não posso deixar de registrar que, no tocante a alguns comentários relativos à área do Direito, houve leves deslizes de ordem técnica, o que é completamente compreensível tendo em vista que ela é médica psiquiátrica.
O conteúdo instigante somado a escrita hábil da autora faz com que a leitura flua com rapidez. Se você deseja conhecer mais sobre o assunto, eis uma ótima forma de ser introduzido nele. Se você é aficionado em séries como Criminal Minds e Dexter, outro bom motivo para ler o livro.
O diferencial do livro é o “Manual de Sobrevivência”, penúltimo capítulo do livro, onde a Dra. Ana Beatriz destaca medidas com as quais podemos nos proteger dos ataques de possíveis psicopatas. Não se esqueça que estes estão infiltrados em todos os setores da sociedade, e podem se travestir de políticos, juízes, pais e mães de famílias, ministros religiosos, professores, etc. Suas máscaras são infindáveis.
Sim, o psicopata pode morar ao lado e talvez você seja a próxima vítima. Muito mais do que assassinatos brutais, psicopatas enganam e manipulam suas vítimas com facilidade, e podem destruir sua vida sentimental e emocional, sua família, suas finanças, seu negócio, etc.
Título: Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado
Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva
N.º de páginas: 207
Editora: Fontanar
3 comentários:
Já ouvi falar muito nesse livro. Talvez porque eu me interesse muito por Direito, apesar de ter cursado Administração, esse foi um assunto que sempre me interessou. Achei super responsável a forma como você colocou sua resenha e concordo plenamente: o psicopata pode estar ao lado, sim. Acho que deve ser um livro bem esclarecedor, apesar de que desvendar os meandros da mente humana não é coisa fácil,não. Mas toda ajuda é válida e super bem vinda. Ótimo texto.
Li o livro e ele deixa muitas falhas no aspecto científico, na realidade a autora consegue expor para os leigos a questão da sociopatia, porém ela generaliza situações e casos citando vários ocorridos em nossa sociedade caracterizando diversos criminosos reicidentes ou não como psicopatas. Deixa de analisar o contexto social, econômico e casos.
Há diversas contradições além da autora interligar uso de drogas/bebidas, transtornos comportamentais na adolescência com psicopatia. Interfere-se então no julgamento da sociedade leiga como um todo, com uma cultura não científica, banalizando o estudo de cada caso individualmente, expondo comportamentos libertinosos como príncipio de tal doença e falta de afeto/emoção.
Muito bom este livro. Eu li no ensino médio e gostei bastante. Inclusive, a autora desse livro foi quem ajudou a autora Glória Perez na construção da personagem Yvone (Letícia Sabatella) em Caminho das Índias.
Abraço!
http://ymaia.blogspot.com.br/
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