segunda-feira, 12 de março de 2012

RESENHA: Mentes Perigosas

“Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos.” (SILVA, 2008, p. 37).

***

Talvez você esteja a se perguntar porque li um livro com uma temática tão distinta daqueles que usualmente leio. Explico: estou no último ano da Faculdade de Direito, o que é sinônimo de monografia. Assim, li o livro enquanto pesquisava sobre o tema escolhido, que irá abordar aspectos referentes a execução penal (ramo do direito que versa sobre o cumprimento da pena e seus desdobramentos) dos indivíduos portadores de psicopatia.

Embora os estudiosos estejam longe de chegar a um consenso, vale esclarecer que a autora adota a palavra psicopata como sinônimo de sociopata, personalidade anti-social, personalidade dissocial, personalidade amoral, entre outras nomenclaturas.

Isto porque o livro é escrito, sobretudo, para o público leigo, e distinguir tais termos em nada acrescentaria, pelo contrário, talvez somente confundisse o leitor. Ademais, independentemente do nome atribuído, todo eles estão a definir um mesmo perfil transgressor.

E que perfil é este? Creio que a citação inicial desta resenha é o suficiente para caracterizar a personalidade e a conduta destes indivíduos, que são desprovidos de emoções. Isto mesmo! Palavras como amor, empatia, compaixão, remorso, arrependimento e culpa simplesmente não constam no vocabulário dos psicopatas. Aliás, até constam, porém, eles não sabem qual é o seu significado.

As estimativas revelam que cerca de 4% da população é portadora de tal transtorno em distintos níveis, a citar, leve, moderado e severo. A estes últimos devemos atribuir os crimes brutais e com requintes de crueldade.

Com muita propriedade, a autora nos conduz pela mente malévola deste seres assustadores, o que torna a leitura densa, intrigante e, por vezes, perturbadora. Não posso deixar de registrar que, no tocante a alguns comentários relativos à área do Direito, houve leves deslizes de ordem técnica, o que é completamente compreensível tendo em vista que ela é médica psiquiátrica.

O conteúdo instigante somado a escrita hábil da autora faz com que a leitura flua com rapidez. Se você deseja conhecer mais sobre o assunto, eis uma ótima forma de ser introduzido nele. Se você é aficionado em séries como Criminal Minds e Dexter, outro bom motivo para ler o livro.

O diferencial do livro é o “Manual de Sobrevivência”, penúltimo capítulo do livro, onde a Dra. Ana Beatriz destaca medidas com as quais podemos nos proteger dos ataques de possíveis psicopatas. Não se esqueça que estes estão infiltrados em todos os setores da sociedade, e podem se travestir de políticos, juízes, pais e mães de famílias, ministros religiosos, professores, etc. Suas máscaras são infindáveis.

Sim, o psicopata pode morar ao lado e talvez você seja a próxima vítima. Muito mais do que assassinatos brutais, psicopatas enganam e manipulam suas vítimas com facilidade, e podem destruir sua vida sentimental e emocional, sua família, suas finanças, seu negócio, etc.

Título: Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado
Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva
N.º de páginas: 207
Editora: Fontanar

3 comentários:

Vanilda disse...

Já ouvi falar muito nesse livro. Talvez porque eu me interesse muito por Direito, apesar de ter cursado Administração, esse foi um assunto que sempre me interessou. Achei super responsável a forma como você colocou sua resenha e concordo plenamente: o psicopata pode estar ao lado, sim. Acho que deve ser um livro bem esclarecedor, apesar de que desvendar os meandros da mente humana não é coisa fácil,não. Mas toda ajuda é válida e super bem vinda. Ótimo texto.

Fátima Nicolle disse...

Li o livro e ele deixa muitas falhas no aspecto científico, na realidade a autora consegue expor para os leigos a questão da sociopatia, porém ela generaliza situações e casos citando vários ocorridos em nossa sociedade caracterizando diversos criminosos reicidentes ou não como psicopatas. Deixa de analisar o contexto social, econômico e casos.
Há diversas contradições além da autora interligar uso de drogas/bebidas, transtornos comportamentais na adolescência com psicopatia. Interfere-se então no julgamento da sociedade leiga como um todo, com uma cultura não científica, banalizando o estudo de cada caso individualmente, expondo comportamentos libertinosos como príncipio de tal doença e falta de afeto/emoção.

Ygo Maia disse...

Muito bom este livro. Eu li no ensino médio e gostei bastante. Inclusive, a autora desse livro foi quem ajudou a autora Glória Perez na construção da personagem Yvone (Letícia Sabatella) em Caminho das Índias.

Abraço!

http://ymaia.blogspot.com.br/

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