segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

RESENHA: A Maldição

“Matar uma velha fazia maravilhas com a concentração da gente. Não melhorava uma virgula nosso respeito próprio e provocava certos pesadelos particularmente hediondos, mas sem dúvida elevava bastante os antigos níveis de concentração.” (KING, 2012, p. 28)

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Não sei se acontece apenas comigo, mas creio que livrarias tenham um poder quase que sobrenatural de induzir compras por impulso. Você está caminhando entre as estantes, examinado títulos sem qualquer pretensão, e de repente começa a sentir uma vontade irrefreável de comprar. Foi exatamente assim que A Maldição veio parar em minha estante.

Após atropelar uma cigana e ter sido julgado inocente, o advogado Billy Halleck imagina que o pior pesadelo de sua vida está encerrado. Porém, no momento em que saía do tribunal, um velho cigano se aproximou e murmurou as palavras “mais magro”. Apesar de inicialmente incrédulo quanto a maldições, Billy é obrigado a reconhecer sua constante perca de peso, afinal, o ponteiro da balança não mente.

Narrado em terceira pessoa, do ponto de vista de Billy, o ritmo do livro se coaduna as próprias reações do personagem. Inicialmente temos um protagonista cético, mais preocupado com seu trabalho e sua família; em seguida temos a negação e o espanto, quando Billy não pode mais ignorar os números na balança; por fim o vemos em ação, fazendo de tudo para impedir o curso da maldição.

Mesmo contando com um início um tanto lento (pelos motivos acima explicados), Stephen King sabe como prender a atenção do leitor desde o início. Isto porque a tensão psicológica está presente logo nas primeiras páginas e segue em uma cadência crescente até o fim. Os últimos capítulos do livro são repletos de ação, tensão e adrenalina, e impelem o leitor ao surpreendente e chocante desfecho, que apenas um gênio poderia escrever.

A premissa do livro é construída sobre a ideia de justiça, vingança e culpa, e desperta interessantes reflexões no leitor. A justiça dos homens é suficiente para reparar o mal causado? Ou, melhor ainda, quando a justiça humana falha, há outra espécie de justiça?

Embora tenso e angustiante, A Maldição dificilmente poderia ser classificado como um livro de terror, visto que tende muito mais para uma mistura de suspense e drama. Na verdade, apesar de Stephen King ser mundialmente conhecido pela alcunha de Mestre do Terror, ele não se limita apenas a este gênero, e A Maldição serve para demonstrar ainda mais sua versatilidade.

Minha experiência com o autor, além deste livro, se resume aos excelentes Sob a Redoma e Novembro de 63, que estabeleceram um patamar altíssimo para comparações. Ainda assim, A Maldição tem seus méritos, e mesmo não sendo o melhor livro do autor, garanto que supera muitos “best-sellers” que vemos por aí.

Título: A Maldição
Autor: Stephen King
N.º de páginas: 287
Editora: Suma de Letras

5 comentários:

Ana Paula Barreto disse...

Não sou tão chegada em histórias de terror, por isso fiquei bem feliz ao saber que este livro se enquadra melhor num suspense ou drama.
Apesar de não ser o melhor do autor, curti a premissa da história. Talvez a tensão psicológica e os questionamentos seja mesmo o que me atrai em um bom livro.
bjs

Gabriela CZ disse...

Cada vez fico com mais vontade ler todos os livros de King, cada resenha como esta contribui mais pra aumentar essa vontade. Preciso começar a colecionar os livros logo.

E sobre as compras compulsivas em livrarias, também sou assim. :)

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Ju disse...

Oi Alê, nunca li um livro do autor, mas tenho curiosidade. Acho que só não li mesmo porque tenho medo, já que essa coisa que mexe tanto com o psicológico me faz fugir um pouco. Mesmo assim, com tantos elogios, não dá de deixar de lado a curiosidade. Espero ter coragem de ler algo dele logo.

Beijos

Nardonio disse...

Esse poder que as livrarias nos causam é muito chato mesmo. kkkkkkkkk Mas com um título do Stephen King, não tem como se livrar.
O que acho interessante nos livros do King é que a atmosfera tensa vai do início ao fim. Tem também a questão de não haver oscilações no decorrer da trama. Ela sempre vai numa crescente. Mais um na minha listinha.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

camila rosa disse...

Uma colega minha começou a ler esse livro, ai ela parou, pois achou muito sem graça, ainda não li nada de King para saber o que penso sobre os seus livros, mas pretendo e não tem como ir em uma livraria e sair de lá sem um livro novo.
Beijos!!!

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