segunda-feira, 18 de agosto de 2014

RESENHA: Grandes Esperanças

Grandes Esperanças Charles Dickens
Há anos tinha curiosidade de ler Grandes Esperanças, um dos maiores clássicos da literatura inglesa, mas o tamanho do livro era o que me desencorajava. Afinal, um livro clássico e com mais de seiscentas páginas demanda uma quantia extra de ânimo por parte do leitor.

Pip é um garoto órfão e de poucos recursos, que repentinamente se vê destinado a uma grande fortuna, pois foi tornado herdeiro de uma pessoa misteriosa que deseja vê-lo como um perfeito cavalheiro. Desse modo, Pip se muda para Londres, a fim de dar início a seus estudos e entrar em contato com a alta sociedade, ocasião em que renega a suas origens e seu passado humilde. 

A primeira coisa que muitas pessoas pensam quando se fala em clássico é em uma narrativa enfadonha e embora tal premissa seja válida para algumas obras, ela certamente não se mostra verdadeira para Grandes Esperanças. O texto de Dickens é profundo e irônico, mas também rebuscado e poético, e nem por isso perde a fluidez. 

A narrativa em primeira pessoa foi uma sábia decisão. Pip conta sua estória de vida olhando para trás, muitas vezes dando a impressão de que está conversando com o leitor sobre suas aventuras. E por que este é um fator importante? Em sendo uma estória de redenção é importante que o leitor simpatize e se envolva com o protagonista desde o início (como de fato acontece), assim quando Pip começa a seguir por caminhos de moral duvidosa, o leitor já está apegado a ele.

“Assim é que, no decorrer de nossas vidas, nossas maiores fraquezas e mesquinharias costumam ser motivadas pelas pessoas que mais desprezamos.” (DICKENS, 2012, p. 309). 

Impossível não se impressionar com o domínio que o autor demostrou possuir sobre a estória. Não foram poucas as vezes que li sobre fatos ou informações que me pareciam irrelevantes, mas que de uma forma ou de outra se tornaram importantes para o desenvolver da estória.

Os personagens alcançaram impressionante nível de verossimilhança. A começar por Pip, que conhecemos criança e acompanhamos seu crescimento, seus erros e acertos, suas alegrias e arrependimentos. A perfeição com que Dickens criou seu protagonista é tanta que em todo o momento entendemos por que Pip age do jeito que age. Os demais personagens também se mostraram bem construídos e é interessante notar que nem mesmo os coadjuvantes estão ali para enfeitar, mas para desenvolver um papel específico na trama.

Grandes Esperanças trata de temas universais, como amor, desilusão, esperança, culpa, amizade, ambição, e tantos outros assuntos inerentes a vida humana. Por isso, apesar de ser complicado classificar o livro em determinado gênero, é fácil entender por que a obra transcendeu ao tempo e ao espaço, encantado leitores de todos os cantos do mundo há mais de cento e cinquenta anos. 

Meu temor inicial se mostrou completamente infundado. Apesar de extensa, a obra prima de Charles Dickens se tornou um dos melhores livros que já li e percebi que a fama que Grandes Esperanças possui é mais do que justificada. A partir de agora Dickens terá um canto especial em minha estante e a verdade é que mal posso aguardar para continuar a desbravar sua obra. 

Título: Grandes Esperanças
Autor: Charles Dickens
N.º de páginas: 655
Editora: Companhia das Letras
Exemplar cedido pela editora

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8 comentários:

Francielle Couto Santos disse...

Alê, até então eu pouco sabia sobre esse livro. Além da premissa interessante, a profundidade transparece por meio das suas palavras. Vi ainda elementos que muito me agradam, como a verossimilhança dos personagens e o poder de descrição que o autor tem em suas referências. Ele traz ainda elementos que eu adoro... é uma junção de vida e humanidade. Fiquei muito intrigada e com vontade de conferir a obra... sua resenha está clara, direta e se mostrou instigante aos meus olhos. Enfim, vou pesquisar mais...

Abraços.
http://universoliterario.blogspot.com/

Nardonio disse...

Livros extensos sempre me assustam, sejam eles de qualquer gênero. E, quando se vem junto a palavra "clássico", a coisa se complica ainda mais. Bom saber que, mesmo com essas características, o Dickens tem uma escrita primorosa, que não deixa a leitura enfadonha. E que ainda consegue nos fazer continuar torcendo por seu protagonista, mesmo que ele não esteja tendo as atitudes corretas.
Passei a ver esse livro com outros olhos, agora.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

Ana Clara Magalhães disse...

Oi Alê, joia?

Também tenho essa leve preocupação com livros extensos demais, independentemente do gênero. Nunca imagino que a fluidez dele será boa o suficiente para me fazer devorá-lo. Mas venho perdendo esse "medo". Tenho muita vontade de ler algo do Dickens e fiquei tentada a começar por "Grandes Esperanças", já que você disse é um dos melhores livros que você já leu. Já tinha essa curiosidade, mas não era tanta. Além disso, obras que abrangem temas globais costumam ser bem interessantes.

Beijo!
http://www.roendolivros.com/

thales disse...

Nossa, livros extensos me assustam também mas de vez em quando baixa um espirito aqui que me da vontade de ler kkkkk essa vai ser minha próxima compra, fiquei doido pra ler agora.

http://criativare-leitura.blogspot.com.br/

Gabriela CZ disse...

Sempre quis ler algo de Charles Dickens, Alê. Também partilho desse receio quanto a narrativa enfadonha em clássicos embora os ame. Mas é bom saber que isso não acontece aqui. Gostei de saber também da verossimilhança dos personagens e dos temas abordados. Ótima resenha.

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

RUDYNALVA disse...

Alê!
Faz tempo que não leio uma resenha de um clássico da literatura. Ultimamente os romances e livros fantásticos da atualidade dominam nos blogs e fico bem feliz em ver que ainda existem leitores de clássicos.
E ainda melhor ver que o livro escolhido traz esperança e fala de assuntos, que mesmo escrito há décadas, ainda são tão atuais.
Análise bem feita, senti falta apenas de uma sinopse, gostaria de ver como a editora explanou o assunto nela, mas vou lá verificar no site.
Boa semaninha!
cheirinhos
Rudy
Blog Alegria de Viver e Amar o que é Bom!

Unknown disse...

Nossa! eu estou impressionada com sua resenha! eu sou uma pessoa que ama clássicos mais ainda não tive nenhuma oportunidade de ler Charles Dickens. Não tenho medo de livro grande acho que muitas vezes nos ajuda pois tem mais espaço para complementar a historia. Gostei bastante da historia de Pip espero conseguir ler ele o quanto antes. Beijos <3

Dave Roseberry disse...

Ele descobre que uma antiga mansão na cidade está sendo reformada para abrir uma loja de móveis. À medida que a reforma avança, eventos estranhos e horríveis começam a ocorrer na cidade, e Ben percebe que o local pode estar ligado a uma força maligna antiga.

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