“Depois da chegada de Kitty Finch, tudo que conseguia fazer para chegar até o final do dia era imitar a pessoa que ela costumava ser, mas quem era essa pessoa, quem ela costumava ser, não parecia mais ser uma pessoa que valesse a pena imitar. O mundo tinha se tornado cada vez mais misterioso. E ela também.” (LEVY, 2014, p.33)
Finalista do Man Booker Prize de 2012, o enxuto “Nadando de volta para casa” me atraiu pelos inúmeros elogios à narrativa da autora e por prometer uma trama recheada de conflitos psicológicos. Entrega as duas coisas, não envolve no durante, mas, de certa forma, compensa no final.
O escritor Joe Jacobs está de férias com a esposa, a filha e um casal de amigos na Riviera Francesa. Um dia, ao chegar na vila onde estão hospedados, eles se deparam com uma mulher nua nadando na piscina. Ela se apresenta – seu nome é Kitty, ela é botânica – e é convidada pela esposa de Joe a permanecer na casa - afinal, há quartos de sobra - e a partir desse momento, a temporada muda de ares e os dramas se intensificam.
Gosto de livros em que o autor deixa as coisas subentendidas e não as mastiga para o leitor. “Nadando de volta para casa” faz exatamente isso e vai além, porém não no bom sentido. Durante muitas páginas eu simplesmente não conseguia enxergar a história. Para mim, eram pessoas insignificantes fazendo coisas insignificantes. “E daí?” era o meu sentimento.
A história toda se passa em uma semana e os capítulos se dividem de acordo com os dias da semana. Cada capítulo conta com inúmeros cortes que alternam de forma sutil a perspectiva sob a qual acompanhamos os eventos. Isso foi algo que me agradou.
Aos poucos, porém, as camadas se revelam. Essa é uma história sobre pessoas infelizes e seus demônios particulares (um tipo de tema que eu gosto muito), mas mesmo enxergando que essa era a intenção e que era por esse caminho que a história enveredava eu ainda não conseguia me conectar com o livro.
Talvez o grande problema tenha sido o fato de os personagens não me cativarem. Apesar da carga dramática que cada um carrega, todos me pareceram insossos - e alguns até dispensáveis.
Mas tudo muda nas últimas 15 páginas quando “Nadando de volta para casa” mostra a que veio. Você pode pensar que 15 páginas é pouco, mas em um livro de 159 isso pode ser bastante significativo quando bem aproveitado. E é isso que Levy faz. Fica claro que todas as outras 144 preparavam para essas 15 e é um grande acerto da autora fazer deste um livro curto, já que a história não pedia mais e que o desfecho, olhando em retrospecto, não soa de todo inesperado. Alguns livros pecam por poluir e estender a trajetória e só valer a pena no final, mas até se chegar a esse final, a expectativa se perdeu no caminho. Neste caso, abandonei a minha expectativa, mas gostei do que me aguardava no final do caminho.
Um drama com pitadas de thriller. Uma história de poucos personagens, poucos dias e, aparentemente, poucos eventos, porém todos fundamentais. Mas sinto faltou alguma coisa para fazer valer a pena, para que realmente importasse e significasse algo. Talvez como os próprios personagens sentiam que faltava em suas vidas.
Título: Nadando de volta para casa (exemplar cedido pela editora)
Autora: Deborah Levy
Tradução: Léa Viveiros de Castro
Nº de páginas: 159
Editora: Rocco
Finalista do Man Booker Prize de 2012, o enxuto “Nadando de volta para casa” me atraiu pelos inúmeros elogios à narrativa da autora e por prometer uma trama recheada de conflitos psicológicos. Entrega as duas coisas, não envolve no durante, mas, de certa forma, compensa no final.
O escritor Joe Jacobs está de férias com a esposa, a filha e um casal de amigos na Riviera Francesa. Um dia, ao chegar na vila onde estão hospedados, eles se deparam com uma mulher nua nadando na piscina. Ela se apresenta – seu nome é Kitty, ela é botânica – e é convidada pela esposa de Joe a permanecer na casa - afinal, há quartos de sobra - e a partir desse momento, a temporada muda de ares e os dramas se intensificam.
Gosto de livros em que o autor deixa as coisas subentendidas e não as mastiga para o leitor. “Nadando de volta para casa” faz exatamente isso e vai além, porém não no bom sentido. Durante muitas páginas eu simplesmente não conseguia enxergar a história. Para mim, eram pessoas insignificantes fazendo coisas insignificantes. “E daí?” era o meu sentimento.
A história toda se passa em uma semana e os capítulos se dividem de acordo com os dias da semana. Cada capítulo conta com inúmeros cortes que alternam de forma sutil a perspectiva sob a qual acompanhamos os eventos. Isso foi algo que me agradou.
Aos poucos, porém, as camadas se revelam. Essa é uma história sobre pessoas infelizes e seus demônios particulares (um tipo de tema que eu gosto muito), mas mesmo enxergando que essa era a intenção e que era por esse caminho que a história enveredava eu ainda não conseguia me conectar com o livro.
Talvez o grande problema tenha sido o fato de os personagens não me cativarem. Apesar da carga dramática que cada um carrega, todos me pareceram insossos - e alguns até dispensáveis.
Mas tudo muda nas últimas 15 páginas quando “Nadando de volta para casa” mostra a que veio. Você pode pensar que 15 páginas é pouco, mas em um livro de 159 isso pode ser bastante significativo quando bem aproveitado. E é isso que Levy faz. Fica claro que todas as outras 144 preparavam para essas 15 e é um grande acerto da autora fazer deste um livro curto, já que a história não pedia mais e que o desfecho, olhando em retrospecto, não soa de todo inesperado. Alguns livros pecam por poluir e estender a trajetória e só valer a pena no final, mas até se chegar a esse final, a expectativa se perdeu no caminho. Neste caso, abandonei a minha expectativa, mas gostei do que me aguardava no final do caminho.
Um drama com pitadas de thriller. Uma história de poucos personagens, poucos dias e, aparentemente, poucos eventos, porém todos fundamentais. Mas sinto faltou alguma coisa para fazer valer a pena, para que realmente importasse e significasse algo. Talvez como os próprios personagens sentiam que faltava em suas vidas.
Título: Nadando de volta para casa (exemplar cedido pela editora)
Autora: Deborah Levy
Tradução: Léa Viveiros de Castro
Nº de páginas: 159
Editora: Rocco
19 comentários:
Eu não gosto muito de livros nesse estilo (pelo menos é o que pareceu) que são monótonos e se focam muito em dramas individuais que não levam a nada, achei bom que pelo menos o final deve ter valido a pena...
Já tinha visto esse livro mas não fazia ideia do que se tratava, pra falar a verdade o título me fez acreditar que era um chick lit. [rs] Seus comentários me deixaram dividida, Mari. Gosto dessa nova onde de dramas com pitada de thriller psicológico, mas essa demora pra engrenar (mesmo sendo um livro curto) me desanima. E fiquei curiosa sobre a narrativa. Talvez eu leia, mas não é prioridade. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Oi, Mari! Tudo bem? Eu não conhecia o livro e acredito que ele não seria uma leitura comum para mim, gosto mais de ficções/fantasias, mas reconheço que algo gênero é sempre bom de ser conferido! Acredito que é justamente pelo fato do livro não ser mastigadinho que "Nadando de Volta Para Casa" me interessou, raramente me deparo com narrativas assim e é sempre bom encontrar livros onde elas funcionam. É uma pena que os personagens são sejam cativantes, isso pode deixar a história mais arrastada, de qualquer forma, a dica está anotada! Como sempre, adorei a sua resenha! Bjs
Jéssica - http://lereincrivel.blogspot.com.br/
esse livro parece ser um daqueles livros meio parado e de leitura arrastada ;(
O livro parece ser muito enfadonho, não fiquei animada em ler!
Oi Mari, eu ainda não tinha visto esse livro, mas me pereceu meio cansativo, tem que ler quase o livro todo pra chegar no final e ter um bom desfecho.
Acho que o leria pela resenha, pois a capa não me chamou muito a atenção.
Abçs :)
oie Mari
não conhecia o livro, mas gosto de thrillers que exploram dramas dos personagens. E gostei ainda mais por ser uma leitura curtinha. Uma pena que você não tenha se conectado com os personagens. O que mata pra mim em um livro, é quando eu não consigo me emocionar, ou até mesmo me simpatizar com os personagens.
bjos
www.mybooklit.com
Não conhecia esse livro.
Achei essa capa meio estranha, não chamaria a minha atenção em uma livraria...
Quanto ao enredo, tenho minhas dúvidas com histórias que acontecem em poucos dias, sempre fico com a sensação que foi 'corrido'...
Gostei muito de sua resenha, ela é bem detalhada, dá aquele olhar sobre a obra. Esse não é um livro que me instigaria a ler, não curto esse tema de dramas pessoais, para mim fica um tanto cansativo.....
Pri ;*
http://closettgarden.blogspot.com.br/
o meu tipo de livro preferido é esse! com conflitos pessoais, isso nos ajuda a ver as pessoas de modo diferente, se pondo no lugar delas, entendendo que cada ser humano é unico e sofre de determinada maneira, com livros assim podemos aprender muito sobre nós mesmos! adoro <3
breakdaleitura.blogspot.com.br
Mari!
Gosto também de livros que abordam o aspecto psicológico de suas personagens e seus dramas, porém como falou, gosto de ir descobrindo as nuances e não ter tudo mastigadinho.
Sei não se lerei esse livro...
cheirinhos
Rudy
Oiee.
Aaah não tenho paciência para ler esses livros que só vão se desenrolar no final, até porque eu não espero tanto assim pra abandonar um livro, então é melhor passar por longe desse.
Também não gostei dessa capa, então ele não tem nada o que me atraia, não o lerei.
Bjokas!
Já não gosto muito desse estilo de leitura, e como você disse que parece um livro meio cansativo e com personagens um tanto quanto dispensáveis não me interessei pela leitura... Parece ser bem enfadonho...
Kisses =*
Ainda bem que esse livro é, relativamente, bem curtinho. Se com 159 páginas, ele teve esses probleminhas no decorrer, imagina se a autora estendesse ainda mais uma trama que não estava evoluindo legal. Ainda bem que essas 15 últimas páginas deram um "up" na trama.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Não conhecia o livro ainda. Mas fiquei na duvida sobre querer ler ele ou não. Gostei do nome e da premissa, mas diferente de você não gosto de livros com personagens infelizes.
Blog Prefácio
Olá, tudo bem?
Eu ainda não tinha ouvido falar desse livro, ele parece ser legalzinho, não me convenceu ainda hehehe mas achei a premissa dele super interessante.
Beijos *-*
Mari, também tenho problemas com histórias cujos personagens não conseguem me cativar. Em livros e em séries isso me ocorre. Para mim, não basta a história ser boa... tem que ser o conjunto. Ainda assim, parece ser um livro legal... uma pena que esse conjunto da qual me refiro tenha sido incompleto pra ti.
Abraços.
http://universoliterario.blogspot.com.br/
Oi Mari, tudo bem?
Adoro dramas que focam nos demônios internos de cada personagem, entretanto só gosto quando consigo me conectar com eles, por isso não sei se, no meu caso, essas últimas 15 páginas salvariam o livro.
Ainda assim, fiquei curiosa para conferir a trama.
Beijos,
Pah - Livros & Fuxicos
oi ^^
Eu confesso que fiquei na dúvida se leria esse livro. Eu gosto de livros com revelações, com cargas e conflitos psicológicos. Mas ler e ficar achando que nada acontece, que personagens são dispensáveis, que as situações são superficiais... fico me perguntando o que acontece nessas últimas 15 página que salva tudo! kkkk só não sei se aguentaria chegar nessas útlimas folhas! kkkk
tem postagem nova no meu blog
te espero por la
bjs
dudikobayashi.blogspot.com.br
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