segunda-feira, 16 de novembro de 2015

RESENHA: A Menina Que Roubava Livros

“Como tantas vezes acontece com os seres humanos, ao ler a seu respeito nas palavras da menina que roubava livros, senti pena deles, embora não tanta quanto senti dos que recolhi em vários campos nessa época. Os alemães nos porões eram dignos de pena, sem dúvida, mas ao menos tinham uma chance. Aquele porão não era um banheiro. Eles não tinham sido mandados para lá para tomar banho. Para essas pessoas, a vida ainda era alcançável.” (ZUSAK, 2014, p. 328)

***

Nos idos de 2007, encontrei o livro A Menina Que Roubava Livros na biblioteca da minha escola por acaso e, assim que li a sinopse, retirei o livro. Infelizmente, não consegui encerrar a leitura naquela semana e por conta de uma lista de espera gigantesca tive que devolvê-lo. Desde então tenho protelado a leitura do livro mais aclamado de Markus Zusak. 

Liesel e seu irmão são filhos de comunistas e para proteger as crianças das perseguições de Hitler, elas são enviadas a uma família adotiva, porém, Werner morre ainda no caminho. Após o enterro do irmão, Liesel encontra um livro que o coveiro deixou cair e não hesita em furtá-lo. É assim que tem início a carreira da menina que roubava livros, observada de perto pela Morte. 

Quem diria que a Morte seria uma narradora tão interessante? Com sua visão irreverente e até mesmo filosófica sobre a vida, os seres humanos e o seu próprio trabalho, ela nos conta a trajetória de Liesel, sua convivência com a família adotiva, os amigos da Rua Himmel, as aventuras e traquinagens da infância e, especialmente, os furtos praticados pela menina. 

O cerne da obra diz respeito ao poder das palavras. Por um lado, estamos na Alemanha nazista, onde Hittler, com seus discursos inflamados, acendeu a ira de um povo contra os judeus. Por outro, temos uma menina que encontrou a cura para suas feridas em meio as páginas e assim pôde seguir em frente. 

E como não poderia deixar de ser, A Menina Que Roubava Livros também propõe reflexões a partir da dura realidade vivida durante a Segunda Guerra Mundial. Temas como sobrevivência, luto, esperança, dor, justiça, violência e paz, estão presentes no decorrer de toda a estória, mesmo sem serem diretamente abordados. 

O fator que mais me agradou nos personagens é a sua composição com qualidades e defeitos. Nenhum deles assume o papel de mocinho ou de vilão. São apenas pessoas, vivendo em situações extremamente adversas, e fazendo o possível para manterem-se vivas. A meu ver, os personagens mais interessantes são Hans Hubermann, pai adotivo de Liesel que logo se afeiçoa a menina, e Max Vandenburg, um judeu que, sem outra alternativa, pede ajuda a Hans. 

A narrativa de Zusak chama atenção tanto por sua sonoridade poética, quanto por suas belas e inusitadas metáforas. E para ser completamente honesto, reconheço que fiquei mais encantado com a narrativa do que com a estória em si, embora uma provavelmente não funcionasse sem a outra. 

Considerando que a Morte narra a estória olhando para trás, em alguns momentos ela revela pequenas informações sobre o que irá acontecer no futuro, sendo que algumas destas me pareceram desnecessárias, em uma clara tentativa de aumentar a tensão através do suspense. Mas deixo claro que tal artificio não desmerece em nada a obra. 

A Menina Que Roubava Livros é uma estória simples e inspiradora sobre as dicotomias entre a vida e a morte, a resiliência do ser humano, e sobretudo sobre o poder das palavras. 

Título: A Menina Que Roubava Livros (exemplar cedido pela editora)
Autor: Markus Zusak
N. de páginas: 478
Editora: Intrínseca

22 comentários:

RUDYNALVA disse...

Alê!
Tenho a maior curiosidade em ler esse livro, primeiro pelo próprio enredo que a meu ver tem uma visão diferenciada dos outros, depois porque tem pano de fundo Segunda Guerra, assunto que muito me interessa sempre e aqui ainda mais pela resiliência das personagens e por último para conhecer a escrita do autor, tão poetizada...
“A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.”(Mario Quintana)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Camila Monteiro disse...

Alê, esse livro está entre os UNICOS 4 que abandonei na minha vida. Achei mega chato, arrastado e depois disso não me interessei por NASA do escritor. Talvez eu precise dar outra chance a ele? Quem sabe!!!

>> Vida Complicada <<

Luiza Helena Vieira disse...

Oi, Alê!
Esse livro é lindo demais!!!! Foi um dos primeiros que li da biblioteca da minha universidade.
Está entre os meus favoritos e nem sei por onde começar a falar sobre ele. Na verdade, sua resenha falou tudo o que penso sobre ele.
Fiquei tão feliz que a adaptação não estragou o livro.
Beijos
Balaio de Babados

Karina Valshe disse...

Já li esse livro e gostei muito dele, e tenho certa vontade de fazer a releitura, mas primeiro preciso o comprar, pois ele faz parte da longa lista de leituras que fiz com livros emprestados.
Achei irônico a morte, como narradora, parece entender tanto da vida, por vezes parecia entender muito mais que os seres humanos. Gostei dela como narradora, foi inusitada, mas agradável.
Os personagens não ficam atrás, gostei muito deles, sendo sincera, e quando terminei o livro senti uma ponta de saudades.
As mensagens, reflexões e o contexto histórico de A Menina que Roubava Livros torna a obra muito interessante e apesar de concordar que o enredo, em si, é bem simples, as vezes são eles que mais conseguem nos marcar.
Abraços

Thamiris Dondóssola disse...

Oi Alê,
Nossa, uns bons anos até hoje.
Concordo com você, os personagens são apenas humanos e isso foi muito bem colocado. Adorei Hans e Max e senti muita saudade do livro ao ler sua resenha.
Historiar

Filipe Laia disse...

Oi tudo bem?
Então eu sou louco para ler esse livro, até cheguei a baixar para ler no celular mas não sou acostumado a fazer leituras de ebook e não consegui. Porém já assisti o filme e adorei, mas muitos dizem que o livro é mil vezes melhor, e por isso ainda tenho a esperança de ler o livro um dia hahaha

www.booksever.com.br

Casos Acasos e Livros disse...

Oi, Alê!
Ah, eu amo esse livro.
Acho exatamente o que você disse: A Morte é uma narradora tão interessante.
A história em si já é muito boa, mas sem a narração ela perderia metade do brilho (E isso para mim foi o problema do filme, que não soube traduzir bem isso).
A escrita do autor é bem incrível mesmo, tão lírica e poética.
Esse é um dos livros que guardo no coração *.*

Beijooos

www.casosacasoselivros.com

Unknown disse...

Oi, Alê. Bom, na época que li A Menina que Roubava Livros não possuía maturidade suficiente para tal leitura e acabei não gostando da história, mas uma coisa que permanece até os dias atuais é a narrativa lenta do autor. Eu gostei muito dos temas abordados, Hitler, nazismo, morte, exército, guerras, tudo mesmo. Liesel é uma personagem encantadora, só faltou mais trabalho de agilidade por parte do autor em toda a narrativa. Pretendo reler, pois sei que vou gostar!

Sil disse...

Olá, Alê.
Eu gostei muito desse livro. O que me chamou a atenção foi exatamente a morte ser a narradora da história. É o ponto forte com certeza. mas quando vamos lendo os personagens vão encantando e como você disse, não existem vilões ou mocinhos, todos eles tem um pouco de cada. Fiquei chocada com o final, mas já era esperado devido ao período em que a história se passa. Agora me deu vontade de reler ele hehe.

Blog Prefácio

Gabriela CZ disse...

Um dos meus favoritos, Alê. Li duas vezes, a primeira em 2008 e a segunda pouco antes da estreia do filme. É realmente um livro maravilhoso, não tenho nada a acrescentar ao que você disse. Exceto que fiquei com saudade e vontade de fazer uma terceira leitura. [rs] Ótima resenha.

Abraços!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Que resenha adorável! Eu assisti ao filme com minha irmã e nós duas amamos, então é claro que logo em seguida eu fui comprar o livro. Eu ainda não o li porque tenho colocado muitos outros livros como prioridades, e a falta de tempo também não ajuda em nada, mas espero lê-lo logo!

Abraço,
literarizei.blogspot.com

Carina Pontes disse...

Já li este livro e ele está na minha lista de livros para reler.
Este livro realmente tem um boa história que nos surpreende, pelo menos eu fui surpreendida, pelo fato da história ser contada pela morte...
Gostei muito do modo como você escreveu sobre o livro....

Até logo,
Carina Pontes.

Juliana Teixeira disse...

Olá, Alê!
Li esse livro no ano passado e realmente me encantei com ele. Assim como você gostei bastante dessa escrita poética, mas quase desisti do livro pois considerei a primeira metade do livro muito lenta, só fui me animando beeem depois. É um bom livro.

Blog Entretanto

Thalita Branco disse...

Olá Alê!
Esse é um dos meus livros favoritos! Já li um monte de vezes. Adoro quando o autor dá dicas do que está por vir. Stephen King usa bastante isso.
Bjs

EntreLinhas Fantásticas | SORTEIO 250 SEGUIDORES! PARTICIPE :)

Anônimo disse...

Olá Alê! Tudo bem?Já realizei a leitura deste livro a algum tempo, mas sua historia ficou gravada na minha memória, ainda mais quando tive a oportunidade de ver a adaptação. Foi um livro muito enriquecedor para mim. Sempre recomendo. Adorei ler sua resenha!

Unknown disse...

Tenho vontade de ler o livro, porém sempre vou deixando pra depois, depois e depois... Fico muito curioso com o enredo e a escrita, afinal já vi a história em filme, o que me motiva mais ainda a ver se a escrita é igual ao filme (uma coisa que nunca será kkk). É isso...

Diane disse...

Oi ...
Acho que todo elogio para esse livro é pouco rsrs
Eu amei a história , narrativa e personagens ! Curiosamente meus personagens favoritos foram o Max , Hans e Liesel ...
Chorei muito em várias cenas e também no final .
Beijos

http://coisasdediane.blogspot.com.br/

Soraya Abuchaim disse...

Oi, Alê! Nossa, eu amo esse livro. Adorei sua resenha, porque faz tempo que o li e que vi o filme, então é sempre bom relembrar a história. Acho que caiu um cisco aqui no meu olho nessas lembranças hahaha

Beijos

Meu Meio Devaneio

Gustavo Gouveia disse...

Eu ja li e é simplesmente fantastico! Super emocionante e muito muito lindo! E aquele final, Jesus, destruiu-me!

www.cidadedosleitores.blogspot.com

Nadja disse...

Oi! Ainda não o li, mas morro de vontade, e quero justamente essa edição, sou apaixonada por capas e essa é tão bonita pela sua simplicidade. Histórias que se passam nessa época sempre me comovem e esse com certeza deve ter sua dose de emoção, achei interessante a Morte ser a narradora, olhando assim não pareceria tão agradável, mas vejo que ela foi uma ótima narradora. Acho que é ainda mais emocionante a menina se refugiar nas leituras, livros são realmente consolos.

Eloísa Pompermayer disse...

Oláá Alê, tudo bem??
Acredita que eu ainda não li A Menina Que Roubava Livros? É vergonhoso, pois só escuto maravilhas sobre o livro, a história parece ser incrível e super instigante, porém ainda não consegui comprá-lo ou emprestá-lo e dizer a mim mesma que agora vai, sabe?! Um pouco eu acredito que seja pelo medo de ter tanta expectativa sobre a leitura que acabarei decepcionada, mas ainda vou sim ler esse livro, até vou adicionar a minha meta para 2016 como garantia, após sua resenha me reanimei com a ideia. haha
Bjoos

Jovem Literário

Lívia-Michele-Rose disse...

Olá!!
Apesar de estar na minha lista de desejos e eu realemnte querer ler esse livro, acho que é mais porque todo mundo lê e eu quero ler a historia é interessante alguns como você acham a narrativa muito boa, mais vejo tanta gente falar da escrita desse autor que é arrastada e cansativa q só até hoje não comprei esse livro, mais vou ler ele um dia sim.
Bjocas!!

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