“Tentei dar consistência a todos os personagens que minha investigação trouxe direto do passado, mas eles eram apenas sombras sem um delineamento concreto, passando rapidamente por uma estória cujo início, fim e significado eu era incapaz de descobrir. Tinha à minha frente um quebra-cabeça, mas nenhuma das peças se encaixava.” (CHIROVICI, 2017, p. 193).
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O agente literário Peter Katz recebe por email o manuscrito parcial de “O Livro dos Espelhos”. O autor da obra, Richard Flynn, narra seu envolvimento com a jovem Laura Bines e com o renomado psicólogo Joseph Wieder, que foi morto em 1987. Crendo que o livro irá desvendar a identidade do assassino, Peter procura Richard afim de fechar o negócio, porém, descobre que o autor está à beira da morte e ninguém sabe onde está o restante do original. Assim, Peter contrata um jornalista investigativo para seguir as pistas de Flynn e descobrir a verdade. Além disso, a nova investigação também atiça a curiosidade do detetive aposentado Roy, que havia sido responsável pelo caso.
Ao longo do livro nos deparamos com quatro narradores: primeiramente conhecemos Peter e vemos sua reação diante do enigmático manuscrito; em seguida lemos um trecho do livro escrito por Flynn; posteriormente acompanhamos as investigações feitas por John Keller, o repórter investigativo; e por fim o caso retorna ao detetive Roy. Assim, temos contato com quatro narradores em primeira pessoa e o problema é que a voz de todos eles é idêntica. Ou seja, mesmo que se tratasse de personagens diferentes, a narrativa não mudava de acordo com a personalidade de cada um deles, o que evidenciou a limitação do autor. Apesar disso, reconheço que o texto de Chirovici é fluído, de modo que a leitura avança rapidamente.
Mas este não é o principal problema de O Livro dos Espelhos. Ao optar por dividir o livro em partes, contando com múltiplos narradores, o autor não conseguiu fazer com que os personagens desenvolvessem um laço com o leitor. Creio que a intenção de Chirovici era fazer com que os narradores fossem apenas os olhos do leitor, mas que não roubassem a cena dos acontecimentos ocorridos em 1987. O problema é que o leitor não mantém um contato direto com os personagens daquela época, de forma que há um vácuo de protagonismo.
A trama tem seus méritos, mas também possui seus defeitos. Quando o leitor consegue finalmente desenterra toda a verdade, percebe-se que a trama realmente é intrincada e complexa, como se fosse um jogo de espelhos. Entretanto, é preciso salientar que alguns aspectos pareceram um pouco distantes da realidade, o que afetou a verossimilhança da estória.
O final é relativamente surpreendente e inesperado, apesar de que me pareceu que o autor ocultou algumas peças da estória para manter o mistério, entregando-as apenas ao final. Creio que quando se trata da literatura policial, o leitor precisa ter acesso a todas as pistas que lhe permitam desvendar o mistério, ou seja, o autor não pode deliberadamente esconder uma informação que o protagonista tem conhecimento e trazê-la à tona ao final para conseguir encaixar todas as peças da trama.
O Livro dos Espelhos é o tipo de leitura fácil e despretensiosa, que entrega uma estória bem amarrada e envolvente, embora deslize em alguns aspectos.
Autor: E. O. Chirovici
N.º de páginas: 320
Editora: Record
Exemplar cedido pela editora
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13 comentários:
Oi, Alê!
Eu já sei que iria ficar confusa com esses narradores tudo iguais... Então, não sei se seria uma boa leitura pra mim...
Beijos
Balaio de Babados
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Quatro narradores e quatro pontos de vista diferente uma pena que o autor não soube não soube distinguir as vozes deles, fazendo com não pudéssemos também nos envolver com eles mesmo com a leitura mesmo com a fluidez da leitura e com a real complexidade da trama.
Oi Alê
Achei a premissa do livro bem curiosa, e me deu muita vontade de ler. Parece ter muitos mistérios, adoro isso. Queria saber como acaba. Adorei saber sua opinião.
Beijinhos
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/
Oi Ale! Eu recebi o livro esses dias, mas ainda não engatei a leitura, é bom saber que tem seus deslizes, assim já me preparo rsrsrsrrs
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Sorteio A guerra que salvou a minha vida
Me parece um bom livro com alguns pecados, Alê. A premissa é atrativa, mas é uma pena que o autor não tenha sabido dar vozes distintas aos narradores. Todavia, parece que apesar deste e outros deslizes a trama é bem bolada. Quem sabe o autor não acerta no próximo? Ótima resenha.
Beijos!
Com certeza ficaria confusa durante essas distinções de vozes, ainda não me animaria ler achei a historia um pouco confusa não estou muito a procura disso por agora.
Alê!
Livro policial tem que trazer as pistas para acompanharmos e tentarmos ir soluionando o mistério conform vamos lendo.
Ainda assim, apesar de suas ressalvas quanto as falas dos protagonistas, gostaria de ler, porque se a trama é intrincada, acredito que dê para quebrar a cabeça com ela.
“Preferi sempre a loucura das paixões à sabedoria da indiferença.” (Anatole France)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Olá,
parece ser um livro legal de ler. Acho estranho quando um autor escolhe dar o papel de narrador para mais de um personagem na história. Sempre ocorre o risco de não nos apegarmos a nenhum deles. Não entendi se neste livro são todos em primeira pessoa ou em terceira.
Queria deixar uma sugestão de leitura: o livro "Indesejadas" parece ser um livro que você gostaria muito de ler. Indico.
Jônatas Amaral
alma-critica.blogspot.com.br
Oi, Alê!
Fiquei e não fiquei com vontade de ler, hahaha.
Complexo, não?
Mas acho que quero ler sim porque adoro livros policiais e você disse que o final é surpreendente.
Mas isso de o autor esconder informações que o personagem sabe não é muito bacana, porque parece que ele está com medo de nos contar e matarmos a charada antes da hora.
Beijoooos
www.casosacasoselivros.com
www.livrosdateca.com
Olá, tudo bem? Já queria ler esse livro quando foi lançado, agora que soube que tem um final surpreendente então... quero pra ontem! Adorei a resenha...
Beijos,
Duas Livreiras
Sinceramente, hoje, não sei como começar meu comentário…..
Eu achei a capa linda, a sinopse bem legal e concisa, mas foi lendo a resenha que realmente fiquei super intrigada, com aquela vontade de ler e “sair desvendando assassinatos por ai” ehhehehe Amei o clima tenso, as incertezas quanto ao livro poder conter detalhes (e a solução) do crime…
Não gosto muito de livros policiais e esse achei meio confuso e complexo.
Acho que não o lerei não.
Ai Alê, sinceramente não gosto de livros com mais de um narrador, vai indo que tudo fica igual e nem sabemos mais quem está falando kkkk
bjss
Oi, Alê!!
Essa é a primeira resenha que leio sobre esse livro, e fiquei bem curiosa sobre a história principalmente por que adoro livros policiais!!
Bjoss
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