É inegável que Breaking Bad é uma das maiores séries dos últimos anos, seja você um fã ou não. Eu, particularmente, não sou, mas há poucas séries que respeito assim. Na verdade, tive uma relação estranha com a produção de Vince Gilligan, estrelada por Bryan Cranston e Aaron Paul. A premissa (um professor de química que ao se descobrir com câncer decide produzir metanfetamina) nunca me atraiu, mas os elogios eram tantos que quis arriscar. Resultado: empurrei até os primeiros episódios da segunda temporada e desisti. Achei lenta, monótona e nada cativante. Anos depois, quando a série chegava ao final e os fãs elogiavam mais do que nunca, decidi dar uma nova chance. Incrível como alguns anos bastaram para que eu já visse o piloto com outros olhos e reconhecesse milhares de aspectos interessantes não só na construção dos personagens, como também na maneira como aquela história era contada. E é sobre esse aspecto desta série genial que o livro trata: a produção de Breaking Bad. “Yeah, bitch”
É evidente que essa leitura é para quem já assistiu a série. Não só porque é preciso estar familiarizado com aquele mundo, mas também porque o livro não se preocupa em não dar spoilers. Inclusive, nas primeiras páginas é feito um apanhado geral sobre o que acontece com cada personagem ao longo das cinco temporadas. Isso é algo realmente interessante porque repassa toda linha temporal da série de acordo com o que foi significativo para cada personagem.
David Thomson, o organizador deste livro, é escritor e historiador de cinema, mas sua narrativa é de fácil acesso para qualquer leitor, mesmo que a temática não seja familiar. Porque o livro é basicamente isso: todos os aspectos que compõem a produção sendo analisados sob a visão dos produtores, mas sem se tornar enfadonho em nenhum momento. As paletas de cores, cenários, figurinos, objetos de cena, veículos, trilha sonora...tudo ganha destaque e a leitura se torna fascinante porque Breaking Bad é uma série em que, claramente, tudo foi pensado para provocar um efeito, para ter um significado. Eu me lembro de, diversas vezes, interromper os episódios apenas para ficar admirando a beleza de um determinado enquadramento.
Outra coisa fundamental é que muito do conteúdo vem das palavras do próprio Vince Gilligan (a mente por trás de tudo) e é incrível descobrir como algumas coisas que se tornaram icônicas na série surgiram sem planejamento ou mesmo por falta de ideias, recursos ou pela impossibilidade de se executar o plano A. Por exemplo, o fato de que Jesse deveria morrer no último episódio da primeira temporada, mas foi salvo pela greve dos roteiristas que limitou essa temporada a sete dos nove episódios previstos, quando o próprio Vince confessa que eles já não tinham mais ideias e (ainda bem!) a greve lhes permitiu repensar a história. O elenco não faz parte da construção do conteúdo do livro, apenas a equipe de produção. “Better Call Saul”.
“E assim começa a espiral descendente que leva um homem simples a se tornar uma força do mal complexa e poderosa – e a transformação de Walt finalmente afeta a todos que têm contato com ele.” (THOMSON, 2017, p.37)
Quanto à edição, o livro está de encher os olhos. Na tradicional capa dura da Darkside, em um formato quadrado que valoriza as imagens que acompanham o texto em todas as páginas.
Eu disse no primeiro parágrafo desta resenha que não sou uma fã de Breaking Bad. E não sou mesmo. Isso porque a história e os personagens nunca me cativaram profundamente (embora um determinado momento da quarta temporada fez com que eu quisesse que o mundo parasse para que eu pudesse assistir um episódio atrás do outro até o derradeiro Series Finale e assim me mantive fissurada até que esse episódio chegasse). Não tenho com Breaking Bad a relação emocional que tenho com outras séries como Bloodline, 24 Horas, The OC, Friends, Friday Night Lights, Damages, Suits (apenas para citar algumas), mas a admiro de uma forma que admiro poucas.
Breaking Bad tinha uma história única. Uma história pesada destinada, desde o primeiro momento, a ter um final trágico. Uma série que, apesar de sua popularidade, não é para todos. Não só porque nem todos terão estômago para acompanhar o tal professor de química com câncer e sua jornada no mundo das drogas, como nem todos vão apreciar os momentos de silêncio, as amplas tomadas, a beleza da paisagem árida, a complexidade das relações entre homens que estão muito longe de serem heróis.
E é isso que me encanta: ver que, do primeiro ao último episódio, a série foi exatamente o que ela deveria ser, sem se preocupar em atingir um público maior ou a estender sua história de forma a ganhar mais dinheiro (você deveria ter aprendido essa lição, Dexter. Aí você teria entrado naquela listinha que fiz ali em cima). Breaking Bad soube contar sua história como ela deveria ser contada, sem amenizar, e encerrá-la no momento certo. “Say my name”
Poucas séries surgidas nos últimos anos colecionam uma base tão grande e fervorosa de fãs como Breaking Bad. Poucas séries foram tão ousadas, tão criativas e tão corajosas como Breaking Bad. O livro de David Thomson exalta cada um dos aspectos que a tornaram um ícone. Um livro para ser lido com o mesmo respeito que se teria por Heisenberg. “I’am the one who knocks.”
Organizador: David Thomson
N° de páginas: 224
Editora: Darkside Books
13 comentários:
Preciso confessar que também não sou fã de Breaking Bad; mas nunca me a oportunidade de assistir, então não tenho base para falar sobre. Pelo que entendi, não é uma série pra mim. Com certeza não teria estômago para as cenas pesadas, mas talvez apreciaria o silêncio.
Achei legal essa edição que relembra momentos importantes da série, quem é fã vai amar. E sendo edição da Darkside, deve ser um espetáculo.
Beijos
OHHH não sabia do livro, eu iniciei a série na Netflix por ler tantos elogios.
Bjs
https://eternamente-princesa.blogspot.com.br
Eu e meu namorado começamos a assistir esta série, porém não prosseguimos, pois não gostamos dos primeiros episódios.
Só que eu tenho interesse em dar outra chance, já que muitas pessoas são fã.
Oi Mari,
Eu acho que sou a única pessoa na face da terra que não consegue assistir Breaking Bad, ou seja, não vou conseguir ler. HAHAHAAHAHAHAH
Desculpa, eu me sinto péssima, mas não consiiigo, eu sempre durmo!
Beeijos e Feliz Natal
http://estante-da-ale.blogspot.com.br/
Oii Mari, tudo bem? essa edição parece estar linda né, eu nunca assisti a série, mas tenho bastante curiosidade, quero ver se vejo em 2018. Feliz Natal.
- Beijos, Carol!
http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br/
Oi
eu ainda não assisti a série e confesso que nem sinto vontade, mas as pessoas falam muito bem dela, mas legal que chegou dar uma chance para ela mesmo não curtindo muito e leu o livro,
momentocrivelli.blogspot.com.br
Mari!
REsumindo, o livro é bom mas só é indicado para quem já assistiu a série.
Até assisti umas 4 temporadas, mas depois deixei para lá, achava muita 'loucura'.
Sei não se leria esse livro.
Um domingo abençoado na paz do Senhor e FELIZ NATAL!
“Celebrar o Natal é crer na força do amor, é isto que transforma o homem e o mundo. Feliz Natal!” (Desconhecido)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA dezembro 3 livros + 2 Kits papelaria, 4 ganhadores, participem!
Oi Mari.
Menina, minha relação com BB é EXATAMENTE igual à sua. Não está entre minhas séries favoritas pelo fato de não fazer o meu gênero, mas é sempre um série que eu recomendo sem pestanejar porque foi feita com excelência e maestria. Eu cheguei a ficar deprê quando acabou, e olha que me arrastei pra ver por mais de dois anos (isso que são poucas temporadas e pouquinhos epis em cada).
Enfim, nem sonhava com a existência desse livro e acho que ele fica como uma ótima dica pra dar de presente pra quem gosta da série (eu tenho um amigo que é louco por ela)!
Beijão!!
http://www.cafeidilico.com/
Gente, já pensou se o Jesse morre na primeira temporada?? Não pode! Ainda bem que deu errado kkk
Essa é minha séria favorita e quero muito esse livro! Cada temporada me envolveu de uma forma incrível, quero ver tudo novamente!
Realmente a série não é para todos, é muito loucura, muita química hahaha
A Darkside arrasa nas edições, né? Ficou lindo demais
Oi, Mari!!
O livro parece ser feito para quem gosta dessa série !! Bem não é que não seja fã de Breaking Bad e que nunca tive contato nenhum com a série e faz pouco tempo que descobrir o lançamento do livro.
Bjoss
Tudo de uma forma geral era ainda desconhecido para mim,por isto fiquei um pouco perdida durante a leitura da resenha, porém me peguei curiosa para dar uma chance a série, quem sabe isto seja capaz de me desperta interesse pelo livro que aborda as cenas mais marcantes e importantes.
Não conhecia a série nem o livro, gostei da sua resenha, foi bem detalhada e deu pra entender bem o que se passa, mas é muito pesado pra mim. Não lerei mesmo, não.
bjsss
Acho que tenho um sentimento semelhante ao seu com relação a Breaking Bad, Mari. Não me considero fã, mas admiro muito a produção. Não foi amor a primeira vista mas realmente chega uma hora em que você quer assistir sem parar. Por isso queria muito conferir esse livro, que parece mesmo um presente para quem acompanhou a trajetória de Walter, Jesse e companhia. Quero muito. Ótima resenha.
Beijos!
P.S.: Dexter realmente deveria ter seguido a mesma cartilha.
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