sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

RESENHA: Belas Adormecidas

Belas Adormecidas Stephen King
Quem acompanha o blog sabe que somos fãs assumidos de King e eu particularmente gosto de seus livros mais extensos, como Sob a Redoma e Novembro de 63. E Belas Adormecidas não apenas era um livro grande, mas também contava com uma sinopse promissora. 

Um estranho fenômeno deixa o mundo em pleno caos: as mulheres que adormecem são envolvidas por um casulo. E aquele que tentam libertá-las se tornam alvo de uma reação violenta e brutal, e se sobrevivem ao ataque apenas testemunham as mulheres voltarem a dormir. Em poucos dias, a maioria da população feminina está envolta em casulos, mas na pequena cidade de Dooling uma mulher desafia a lógica: ela é a única que consegue dormir e acordar.

Mais uma vez, King parte de uma premissa sobrenatural para explorar ações e reações tipicamente humanas. E mesmo que a situação em si seja inimaginável, o contexto criado pelos autores transborda verossimilhança. 

Preciso registrar que Belas Adormecidas me lembrou bastante a dinâmica de Sob a Redoma: além de ambas se desenvolverem em cidades pequenas e contarem com disputas de poder, as duas situações são maiores do que seus personagens. E embora até existam personagem de maior destaque, nenhum dos livros conta exatamente com um protagonista, pois acompanhamos diversas pessoas e como suas vidas são influenciadas por esse contexto inesperado. 

Ainda sobre os personagens, fico pasmado com a maestria com que os autores desenvolveram cada um deles. King sempre consegue ir além da divisão heróis e vilões, mostrando a complexidade das relações humanas em um nível que poucos escritores conseguem. Já disse por aqui que King faz um excelente trabalho na construção dos antagonistas, e dessa vez não foi diferente: mais uma vez encontramos uma personagem que consegue ser detestável, mas ao mesmo tempo entendemos suas motivações. 

A trama da estória é extremamente audaciosa e costura a vida de diversos personagens em uma reação em cadeia explosiva. Apesar do início da estória ser um pouco mais vagaroso — em virtude da necessidade de apresentação dos personagens e do contexto em vivem antes da chegada da epidemia —, a narrativa se torna viciante quando a situação começa a escalar. 

“Havia mulheres ruins e homens ruins; se alguém podia alegar o direito de fazer essa declaração, Lila, que havia prendido muitos dos dois, sentia que era ela. Porém, os homens brigavam mais; eles matavam mais. Essa era uma das coisas em que os sexos nunca tinham sido iguais: eles não eram igualmente perigosos.” (KING & KING, 2017, p. 507)

Confesso que o livro me pareceu um pouco extenso demais. Tenho dúvidas se as mais de setecentas páginas eram realmente necessárias para o desenvolvimento da estória, especialmente na primeira metade, quando o leitor já consegue prever o que acontecerá a seguir. 

Belas Adormecidas é o tipo de livro que diz respeito a jornada. Os autores exploram o que aconteceria em um mundo sem mulheres e quais seriam as reações dos que ficaram, sendo que os porquês da situação em si recebem pouca ênfase. Assim, leitores que necessitam de explicações detalhadas podem se sentir frustrados. 

Para quem tem um pé atrás com livros escritos a quatro mãos, saliento que pai e filho souberam como trabalhar juntos, pois em nenhum momento foi possível sentir uma mudança no estilo narrativo. 

Apesar de não ter se tornada minha obra favorita de King, Belas Adormecidas conta com todos os elementos que fazem do autor um dos meus queridinhos: trama bem amarrada, personagens habilmente desenvolvidos e uma estória viciante

Título: Belas Adormecidas
Autor: Stephen e Owen King
N.º de páginas: 724
Editora: Suma
Exemplar cedido pela editora

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9 comentários:

Alison Teixeira disse...

Olá, apesar das partes desnecessárias, Belas Adormecidas faz jus ao renome do autor, que, junto ao seu filho, entrega uma obra relevante aos tempos atuais, nos quais as mulheres ainda não são valorizadas como deveriam. Beijos.

Ludyanne Carvalho disse...

Pelo pouco tempo que acompanho o blog, já deu para notar o quanto vocês gostam de King.
Eu nunca li nada dele, e confesso que não é um gênero que me chama atenção.
Esse livro tem uma tema interessante, acho bacana mostrar como seria um mundo sem mulheres.
E também acho muito bacana ter sido escrito por pai e filho, deve ter sido uma experiência incrível para ambos.

Beijos

Entre Histórias disse...

Oii, tudo bem? apesar de ser um livro extenso, esse livro me chama a atenção desde quando vi seu lançamento, deve ser uma leitura bem interessante.
-Beijos,Carol!
http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br/

Sil disse...

Olá, Alê.
Diferente de você eu não sou muito fã do autor. Até gosto das histórias, mas não da forma como ele escreve. Acho muito cansativo que as coisas só comecem a fazer sentido da página 100 em diante. Não sei se leria esse. Pode ser porque achei o enredo muito interessante e pela sua comparação com Sob a Redoma que foi um dos livros dele que gostei.

Prefácio

RUDYNALVA disse...

Alê!
Na verdade nem todos os livros do King (e de sua prole) são de terror, alguns são mesmo de ficção com um jeito de thriller psicológico e acredito que é o caso aqui do livro, onde há uma série de novas doenças, o conflito entre os sexos, os mistérios em relação aos assassinatos e por aí vai.
Gostei de ver que há uma introdução falando sobre as diversas personagens, o que deve facilitar o entendimento, embora você tenha achado que houve um excesso...
Desejo uma semana produtiva e abençoada!
“Bem aventurados os que mudam suas atitudes sem esperar um ano novo.” (Desconhecido)
cheirinhos
Rudy
1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!

Tony Lucas disse...

Oi, Alê! Tudo bem? Eu tenho sérios problemas com livros extensos. Estou há um tempão lendo "O Bazar dos Sonhos Ruins" (também do King, porém com bem menos páginas que esse) e sofrendo muito para terminar. Adoro o King, mas esse livro eu passo.

Abraço

http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

Carolina Santos disse...

Eu fiquei bem surpresa com a premissa desse livro mas era de se esperar juntar pai e filho sabia que ia dar uma obra incrível eu quero muito ler esse livro mas eu não tenho medo da história em si tenho medo da grossura do livro você já viu o tamanho desse? meu Deus do céu

Ana I. J. Mercury disse...

Quero muitoooooo ler mais livros do King.
Até agora só li 2 dele, e amei.
Esse parece falar muito sobre relacionamentos e egoísmo humano, usando todo esse sobrenatural de fundo.
Curti.
bjsss

Marta Izabel disse...

Oi, Alê!!
Realmente é um livro bem extenso mas de setecentas páginas!! Mas gostei da premissa do King. Mas um livro para minha lista de desejados do King!!
Bjoss

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