Em Lembra Aquela Vez conhecemos Aaron, um garoto de 16 anos com um passado conturbado: tentou o suicídio após encontrar o corpo do pai, que se matou na banheira de casa. Para superar o passado, Aaron encontra apoio em sua namorada, Genevieve, e em sua recente amizade com Thomas. Mas quando ele se sente sufocado por sentimentos que não entende, cogita ser submetido a tecnologia do Instituo Leteo: apagar lembranças dolorosas.
O início do livro me pareceu bastante monótono. Somos apresentados ao protagonista e aos demais personagens, bem como ao contexto da estória. O problema é que fiquei com a impressão de que o autor narrou muitos episódios comuns e de pouca importância para o desenvolvimento da estória.
Foi somente depois das primeiras cem páginas que senti a estória engrenar de verdade, porém, outro aspecto me desagradou: Aaron parece se tornar outra pessoa de forma extremamente abrupta. Ou seja, não houve uma progressão natural nos pensamentos, sentimentos e atitudes do protagonista.
Fui fisgado pela estória apenas na metade do livro, quando um plot twist surpreendente me fez pular da cama. Silveira teve o cuidado de planejar esta reviravolta, deixando pistas ao longo da estória, porém, admito que não consegui ligar os pontos. É partir deste momento que entendemos todo o contexto da trama e que percebemos a complexidade da estória.
O ponto alto do livro certamente são as reflexões proporcionadas pelo cenário da estória. Vale a pena apagar memórias dolorosas? E sem elas, poderemos ser verdadeiramente felizes? Ou nos tornaríamos outras pessoas? Estaríamos apagando uma parte de quem somos?
“Memórias: algumas nos atinges de surpresa, outras nos levam adiante; algumas ficam conosco para sempre, outras esquecemos sozinhos. Não podemos saber de verdade a quais sobreviveremos se não continuarmos no campo de batalha, com os momentos ruins disparando em nossa direção como projéteis. Mas, se tivermos sorte, teremos momentos bons o bastante para nos proteger.” (SILVERA, 2017, p. 285)
A temática LGBT também está presente e assuntos como aceitação, preconceito, identidade e autodescobrimento também são abordados. Porém, um aspecto que me incomodou durante toda a leitura foi a incapacidade de Aaron em aceitar a verdade de outra pessoa. Sou da opinião que cada pessoa tem sua verdade e ninguém tem o direito de questionar ou duvidar disso.
O desfecho da estória também me surpreendeu e mostrou que o autor tem coragem para se manter fiel a estória que desejava contar, mesmo correndo o risco de desagradar alguns leitores. É um final que nos deixa com o coração na mão e que não coloca todos os pingos nos is, mas me pareceu a forma certa de encerrar o livro.
Lembra Aquela Vez conta com uma premissa criativa e original, além de ótimas reflexões, porém, preciso admitir que não me conectei o suficiente com o protagonista, de modo que a leitura não foi tão marcante quanto esperava.
Autor: Adam Silvera
N.º de páginas: 331
Editora: Rocco Jovens Leitores
Exemplar cedido pela editora
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12 comentários:
Oi Alexandre, tudo bem?
Que resenha maravilhosa! Gostei muito da premissa do livro e acredito que irei gostar muito da leitura caso tenha oportunidade de ler. Uma pena o personagem não ter sido tão marcante para você e o início tão monótono, ainda bem que o final agradou.
Obrigada pelo carinho. Volte sempre!
Um super beijo :*
Claris - Plasticodelic
Oi! Que tal?,
Gostei dá entrada, foi ótimo.
Acabei para seguir seu blog, você me seguiria de volta?...
Um abraço.
Obsesión por la lectura
Olá, apesar da trama confusa e carente de melhores explicações, a obra aborda temas importantes, os quais sempre estão em evidencia, fato que a eriquece e desperta o interesse dos leitores. Beijos.
Gostei da proposta da história, espero que o autor não tenha se perdido no meio de tantas temáticas, pois parecesse uma mistura interessante.
Até mais
Beto
https://www.blogcoisastriviais.blogspot.com
Oie Ale =)
Já tinha visto a capa desse livro, mas a sua é a primeira resenha que leio dele. Confesso que pela capa imaginava uma história totalmente diferente, mas depois de ler a sua resenha fiquei bastante interessada na leitura.
Beijos;***
Ane Reis | Blog My Dear Library
Oi Alê, confesso que num primeiro momento a capa me chamou bastante atenção. É bom saber do plot twist para não desistir da leitura no meio do caminho!
Bjs, Mi
O que tem na nossa estante
Alé!
Tenho gostado muito de ver os livros com temática LGBT e esse aborda o tema de uma forma diferenciada, incluindo um pouco de ficção, mas principalmente mostrando que o protagonista prefere não ter suas memórias de volta, o que o mostra um tanto vulnerável a quem realmente ele é.
E o melhor é que as personagens são bem contruídas.
Gostei muito e quero ler, mesmo com sua ressalva de que o início do livro é um tanto monótono e comum...
Desejo um ótimo domingo!
“Que o novo ano que se inicia seja repleto de felicidades e conquistas. Feliz ano novo!” (Desconhecido)
cheirinhos
Rudy
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Oii Alê, achei a premissa super interessante,mas é uma pena quando a história não engata e não conseguimos nos conectar, é frustrante né, mas vida que segue hahahahaha
- beijos, Carol!
http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br
Saudades das tuas resenhas, Alê!
A temática do livro é muito interessante, só que essa demora da história pra engrenar não me empolga muito. Mas não descarto totalmente. Ótima resenha.
Beijos,
Gabi
Eu acabei lendo esse livro por acaso porque eu encontrei ele depois que adicionei alguns livros na minha lista de lidos do Skoob e eles indicaram esse como leitura semelhantes e eu adorei a história do livro é sensível e realista ao mesmo tempo e foi impossível não derramar lágrimas no decorrer da história
Oi Alê!
Eu não conhecia o livro, mas também adorei sua resenha.
Deu pra ver que o autor aproveitou pra explorar vários assuntos fortes e tabus, que são corriqueiros nos dias de hoje e NECESSITAM ser mais falados e de quebra, ajudar a erradicar os preconceitos.
Fiquei muito curiosa, e vou querer ler sim!
bjsss
Oi, Alê!!
Gostei bastante da indicação desse livro, essa é a primeira resenha que leio sobre esse livro e amei a premissa da história!!
Bjos
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