Em As Oito Montanhas conhecemos Pietro, um jovem que, durante os verões, parte para a pequena cidade de Grana com sua família. Lá ele conhece Bruno e os garotos passam a desbravar a região junto, se aventurando pelas montanhas. Durante os verões, eles também acompanham o pai de Pietro em trilhas pelos Alpes italianos.
Acompanhamos os personagens por um período de trinta anos, vendo como a vida deles se cruzaram em momentos cruciais. Pietro ocupa a posição de protagonista e narrador, de modo que o leitor vê de perto seu amadurecimento e evolução. Entretanto, preciso admitir que os personagens não me cativaram. Atribuo isto, pelo menos em parte, ao fato de que o leitor não os conhece de verdade, mas apenas a versão de suas vidas na montanha.
Também preciso destacar é que a narrativa de Cognetti não me envolveu. Sou da opinião que quando se trata de descrições, a regra de ouro é "menos é mais". E algo que me incomodou durante todas a leitura de As Outo Montanhas foram os incontáveis parágrafos que contavam com descrições, e não apenas sobre o cenário, mas até mesmo de informações irrelevantes para o desenvolvimento da estória, como a produção de queijos ou a construção de uma casa. Por isso, achei a leitura monótona em diversos momentos.
"No segundo dia de caminhada apareceram, no fundo do vale, os picos do Himalaia. Então, vi as montanhas como haviam sido no alvorecer do mundo. Montanhas pontudas, afiadas, como se tivessem acabado de ser esculpidas pela criação, ainda não polidas pelo tempo. A neve iluminava o vale do alto dos seus seis ou sete mil metros. As cascatas precipitavam das saliências e incidiam nas paredes rochosas; terra vermelha descolava-se das encostas e acabava fervilhando no rio. No alto, indiferentes àquele tumulto, as geleiras vigiavam tudo". (COGNETTI, 2017, p. 184)
Creio que a intenção do autor era discutir temas como amizade, relações familiares e os conflitos de geração. Porém, fiquei com a sensação de que tais assuntos eram maiores do que a própria estória que Cogneti tinha para contar. A meu ver, nenhum livro é bem sucedido se as lições de vida importam mais do que a estória em si.
Outro problema — o qual afetou diretamente o impacto das reflexões propostas pelo autor — é que não “comprei” a amizade dos personagens: pessoas que tem poucas coisas em comum e que se encontravam esporadicamente. Minha impressão foi de que a amizade deles foi descrita com entusiasmo demais considerando os eventos retratados.
Quando encerrei a leitura, fechei o livro e fiquei me perguntando qual era o objetivo do autor. Os personagens são blasé; os conflitos são mundanos; as reflexões não impactam e a estória parece vazia. Apesar do livro ter sido premiado na Itália, o livro não me agradou e me pareceu claro tratar-se de um livro de estréia.
Autor: Paolo Cognetti
N.º de páginas: 253
Editora: Intrínseca
Exemplar cedido pela editora
17 comentários:
Que chato esse livro ter sido uma leitura monótona. Ninguém merece descrições intermináveis de fatos irrelevantes. E o pior é que ainda deve ter sido corrido por ter sido 30 anos, além de personagens chatos. Enfim, não quero ler depois da sua resenha.
Oi Alê!
Apesar de passar a amizade e de provavelmente ser muito bonito nesse aspecto pela sua resenha o livro não me cativou. Eu valorizo os livros com mensagens maravilhosas de amizade, amor e etc mas não consigo engatar quando acho a leitura monótona. Quando o autor se estende demais nas descrições eu acabo largando a leitura ou enrolando bastante pra ler.
Pelo visto é uma história que tinha tudo para ser emocionante e reflexiva, mas o autor acabou se perdendo no caminho.
Por todos esses pontos negativos, é uma história que não sinto vontade de ler.
Beijos
Li esse livro há poucos dias e tive a mesma sensação que você, Alê. Me atraiu por prometer uma história de amizade mas o que os personagens tem está bem longe disso. Mal são conhecidos. Talvez se ficasse só na infância ou tomasse um rumo diferente a partir do final dessa parte seria diferente. Mas os personagens realmente não cativam. E se a intenção do autor era cria uma história realista, falhou nisso também. É muita indiferença em todas as partes. Enfim, ótima resenha.
Beijos!
Oi, Alê
Que pena que os personagens não te cativaram e que a narrativa não te envolveu. Eu particularmente não me incomodo com descrições, mas tudo tem um limite também.
Honestamente esse não é um livro que eu leria, e nem é pelas suas ressalvas, antes mesmo da dua resenha eu já tinha lido outras e a história não chamou minha atenção.
Beijos
- Tami
https://www.meuepilogo.com
Não conhecia mas também confesso que pelo que você disse, eu não daria uma chance, não gosto nada quando os autores se perdem em demasiadas descrições que no fundo não servem para nada.
MRS. MARGOT
Só lendo poderei ter uma opinião mais abalizada. Mas pelos vistos não é um livro que incite à leitura.
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* Amor sonhado nas ondas do entardecer *
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Um dia feliz-
Oi, Alê.
Triste quando a gente finaliza uma leitura e fica se perguntando qual a finalidade desse livro ao mundo. Afinal, se não se sabe o motivo certamente não é lá essas coisas.
Não me senti atraída, confesso.
Fiquei exatamente assim com Rio Vermelho, me perguntando as coisas e não me simpatizando com os personagens. Não tem coisa pior, de verdade.
Tenha uma ótima quarta-feira.
Abraços,
Naty
http://www.revelandosentimentos.com.br/
Oi Alê!
Não conhecia o livro ainda, mas só por saber que é muito descritivo já perdi a vontade de ler...
Beijos,
Sora | Meu Jardim de Livros
Oi, Alê!
Ainda bem que li sua resenha. Os mesmos pontos que você destacou como ruins para você, seriam péssimos para mim.
Eu odeio quando o autor exagera das cenas de descrições e que no final não têm importância nenhuma para a trama. Eu até pulo alguns parágrafos quando leio algum livro assim.
Sem falar que isso desanima qualquer leitor, né?
Provavelmente não vai entrar para a minha lista de leitura, mas quem sabe um dia...
Beijinhos,
Galáxia dos Desejos
Gostei bastante da capa e da ideia do livro, acho que vou ler, talvez eu goste de algumas coisas, ou dos aprendizados.
É uma pena ter alguns erros do autor.
Garota, Era uma vez
http://garotaeraumavez.blogspot.com.br/
Alê!
Por vezes fico bem impressionada como um autor consegue inverter a importância que um livro deveria ter, abordando temas essenciais, mas sem a profundidade devida dos protagonistas e excesso de descrições. Gosto de tudo bem descrito, porém todo excesso é veneno, concorda?
Bom domingo!
“Violência gera violência, os fracos julgam e condenam, porém os fortes perdoam e compreendem.” (Augusto Cury)
cheirinhos
Rudy
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O livro retrata as descobertas dos personagens em suas aventuras. Apesar da leitura ser morna, parece nos proporcionar a evolução da amizade de Pietro e Bruno e as dificuldades que eles enfrentaram ao longo dos anos.
Que pena que o livro se tornou uma leitura monótona, muito ruim quando os personagens não conseguem nos envolver.
Não é o tipo de leitura que eu faria, e vendo a resenha ainda creio que não colocaria na minha lista.
Adorei a sinceridade!
beijinhos
She is a Bookaholic
Oi Alê,
eu não conhecia o livro, e pela a sua resenha, não me deu vontade de ler, não.
Achei meio carregado e maçante, pelo jeito as descrições são muito longas e chatas, sem ter bem uma base para o desenvolvimento da trama toda.
bjs
Acabei de finalizar o livro e estou com a mesma sensação. Meu sentimento de decepção é muito grande porque eu esperava muito desse livro. Só tinha visto resenhas que o elogiavam muito e ele até começou muito bom. Na primeira parte, que retrata a infância do Pietro e do Bruno, eu estava gostando muito. Aí o autor foi lá e desandou tudo. Aff, maior decepção do ano até agora.
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