sábado, 20 de outubro de 2018

RESENHA: Celular

celular stephen king
Me tornei fã do King em 2012 com Sob a Redoma, livro que elegi como minha melhor leitura do ano. E, por isso, uma das minhas maiores expectativas literárias para 2013 era Celular, uma obra que também partia de uma premissa sobrenatural e contava com a luta pela sobrevivência em seu cerne. Infelizmente, o livro estava esgotado e somente este ano foi relançado pela Suma.

Clay é um artista gráfico que estava em Boston negociando suas estórias como uma empresa, quando o apocalipse teve início. As pessoas que estavam ao celular se transformam em uma espécie de zumbi de uma hora para outra, regredindo aos seus instintos violentos mais básicos. Longe de casa, tudo o que Clay deseja é reencontrar o filho e a esposa, e nessa longa jornada terá a companhia de outras pessoas que não foram transformadas. 

King dá início a Celular com muita ação. É impossível não sentir a adrenalina subir e não ficar apavorado quando vemos o colapso da civilização de forma tão brusca e tão rápida. A mutação causada pelos telefones dá início a uma era de violência, de modo que a prioridade daqueles que não foram afetados se resume a sobreviver. 

Sempre elogio King por compor bons personagens e Celular não é exceção à regra. Entretanto, preciso admitir que Clay não foi o melhor dos protagonistas. Além de faltar um pouco de carisma, Clay insistia em falar do filho e da esposa a todo momento, o que até é compreensível considerando a situação, mas chegou um momento que a atitude passou a irritar. 

“— No fundo, não somos nem um pouco Homo sapiens. Nossa diretriz primária é matar. O que Darwin foi educado demais para dizer, meus amigos, é que dominamos a Terra não porque somos os mais inteligentes, ou mesmo os mais cruéis, mas porque somos os mais loucos, os mais desgraçados homicidas na floresta.” (KING, 2018, p. 178)

Nem preciso fazer comentários sobre a narrativa de King, que sempre oferece uma experiência imersiva. Mergulhamos de cabeça naquele mundo e fiquei impressionado como o autor consegue nos fazer sentir uma tensão crescente ao longo da estória. E essa é basicamente a melhor definição para Celular: tensão, pois o mundo mudou, mas não sabemos o quanto mudou, nem quanto irá mudar, e muito menos se conseguiremos nos adaptar a tais mudanças. 

Acho genial que King sempre consegue pegar elementos batidos e fugir dos clichês, criando um universo próprio. Há milhares de estórias de zumbis que são mais do mesmo, mas King criou uma a seu modo, com muita originalidade e criatividade. Apesar de não termos muitas respostas sobre o como ou o porquê do que aconteceu, saliento que a parte importante da estória é a jornada dos personagens. 

O desfecho, como esperado, é de tirar o fôlego e fazer o coração bater acelerado. Nesse momento, King pega na mão do leitor e só larga na última página, de tão envolvidos que ficamos com a estória. O final fica um pouco em aberto, pois algumas perguntas sem resposta permanecem no ar, o que pode ser um pouco frustrante para os leitores que gostam de todos os pingos nos is. 

Celular foi uma boa leitura e creio que apenas não apreciei mais por não ter desenvolvido uma ligação maior com os personagens. E mesmo não considerando como o melhor livro de King, trata-se de uma estória envolvente e cheia de ação que apenas o Mestre sabe fazer. 

Título: Celular
Autor: Stephen King
N.º de páginas: 381
Editora: Suma
Exemplar cedido pela editora

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6 comentários:

Ludyanne Carvalho disse...

Será que algum dia vou me render, deixar o medo de lado e conhecer a escrita do King?
Não sou fã do sobrenatural, mas pelas resenhas eu fico boquiaberta com a genialidade do cara.
Muito criativo esse caos envolvendo o celular, se fosse nos dias de hoje será que teria algum sobrevivente?

Beijos

Gabriela CZ disse...

Pensando aqui com meus botões que a ideia de celulares transformarem pessoas em zumbis é até bastante possível, Alê. [rs] De qualquer forma, a trama soa bem interessante e envolvente. E é King, né? Quero ler. Ótima resenha.

Beijos!

Rubro Rosa disse...

Eu acredito piamente que se o Mestre King resolver escrever um enredo que traga um lápis como personagem principal, este livro será um sucesso!
Ow danado de homem para fazer o comum se tornar o principal com uma genialidade que impressiona!
Ainda não pude ler este quase novo trabalho do autor, mas claro que espero fazer isso em breve.
Mais uma vez, além de trazer uma história que mexe com nosso psicológico, ele dá aquela cutucadinha neste excesso de tecnologia que vivemos infelizmente nos dias de hoje!!!
E me pergunto se isso não seria já uma previsão, afinal, vemos pessoas todos os dias, alienadas em seus quadradinhos viciantes!rs
Beijo

RUDYNALVA disse...

Ai Alê!
Mesmo quano o protagonista é dos melhores, King sabe criar um enredo que sai da mesmice e traz uma visão totalmente nova para temas que parecem estar saturados.
Desejo uma semana feliz!
“Algumas quedas servem para que levantemos mais felizes.” (William Shakespeare)
cheirinhos
Rudy

Luana Martins disse...

Oi, Alê
Não li nada do King ainda, quero começar a ler em breve.
Genial essa das pessoas virar zumbi usando o celular, não é muito diferente nos dias de hoje as pessoas nem conversam quando estão no celular. É como ir numa pizzaria e estar em casa usando o celular, não tem diálogo com os outros, kkk.
Beijos

Ana I. J. Mercury disse...

Gostei bastante da sua resenha e a premissa é muito bom.
Virar zumbir e ter todo esse negócio com o celular é bem original e me deu curiosidade pra saber onde tudo isso vai dar.
E não tem um terror tão assustador pelo jeito, o que já é bom pra mim que tenho medo kkkkkkk
bjs

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