"Quem vem para o jantar?" é a coluna mensal do Além da Contracapa em que um jantar fictício se torna a ocasião em que personagens e autores interagem em encontros inusitados.
Você, caro leitor, que é sempre nosso convidado de honra, deve ter estranhado a falta de convite para o nosso já tradicional jantar. O que acontece é que, este mês, o jantar teve sua configuração um pouco modificada. Não foi exatamente um jantar e sim um mero encontro casual. Venha comigo e eu lhe guiarei por esta noite inesquecível na qual tive tão inesperada surpresa.
Por distração eu havia me desviado do meu trajeto convencional e andava por uma rua mal iluminada pela qual eu jamais transitara antes. Já era tarde e eu estava sozinha, quando um homem fumando um cachimbo veio em minha direção. Eu pude vê-lo apenas de relance, mas era capaz de jurar já tê-lo visto em algum outro lugar.
O homem entrou em um bar de quinta categoria e eu o segui. Não, caro leitor. Eu não costumo frequentar esse tipo de lugar, mas minha curiosidade era grande. Foi então que à parca luz do recinto reconheci o homem que há pouco passara por mim: era ele, o grande Raymond Chandler, criador do inesquecível personagem Philip Marlowe.
Eu sabia algumas coisas sobre Raymond Chandler. Sabia que ele tivera inúmeras profissões antes de se tornar um dos maiores escritores norte-americanos. Fora militar e contador entre outras coisas. Como escritor, criou tramas fascinante, escritas com a maestria dos grandes escritores clássicos, mas com a realidade estampada em cada linha, cada palavra, e principalmente, cada diálogo. Sua obra foi escrita em, aproximadamente, vinte anos, mas sem dúvida ficará para sempre na mente dos fãs da boa literatura policial.
Eu percebi que Raymond Chandler conversava com um homem de bigode, ambos sentados no balcão do bar. De onde eu estava não era capaz de reconhecer o outro homem, portanto, me aproximei de onde eles se encontravam. Pedi uma bebida e fiquei observando. Qual não foi a minha surpresa ao reconhecer que o interlocutor de Chandler também era um escritor e tão ilustre quando o próprio Chandler: Dashiell Hammett.
O criador do detetive Sam Spade, escreveu poucos romances. Sua obra consiste, na maior parte, em contos. Mesmo sendo seu personagem mais ilustre, Spade aparece em apenas um romance e três contos (que foram publicados na coletânea “Tiros na Noite: Medo de Tiro – 2”, cuja resenha você pode conferir AQUI). Hammett fez de Spade mais do que um personagem, elevando-o ao patamar de figura icônica dos detetives durões (“Hard Boiled”). Essa é apenas umas das razões pelas quais o nome do autor foi marcado com destaque nos anais da literatura policial.
Não era difícil para mim imaginar a conversa dessas duas figuras lendárias. Ambos se destacaram no mesmo gênero literário, o policial noir, e costumavam trabalhar como detetives, o que sem dúvida contribuiu para o aspecto realista de seus livros. Os dois autores tem ainda mais uma coisa em comum. Seus personagens mais famosos (Spade, no caso de Hammett, e Marlowe, no caso de Chandler) foram interpretados no cinema pelo mesmo ator: o lendário Humphrey Bogart (sim, amantes de filmes clássicos, é aquele de “Casablanca”). “À beira do abismo” é a adaptação cinematográfica de “O Sono Eterno” – livro de estreia de Chandler (cuja resenha você pode conferir AQUI) enquanto “Relíquia Macabra” é a adaptação de “O Falcão Maltes” - provavelmente o livro mais famoso de Hammett.
Eu ainda estava embasbacada por estar presenciando tal encontro, quando um sujeito de aspecto sombrio adentrou o bar. Imediatamente, tive um mau pressentimento. Decidi que era hora de ir embora. Minha fascinação literária me pedia para ficar, mas achei que aquele era um risco grande demais. Antes de ir, virei e olhei uma ultima vez para os dois mestres da literatura policial que ainda conversam entre um gole e outro de bebida. Paguei minha conta, dei boa noite ao garçom e parti.
Por distração eu havia me desviado do meu trajeto convencional e andava por uma rua mal iluminada pela qual eu jamais transitara antes. Já era tarde e eu estava sozinha, quando um homem fumando um cachimbo veio em minha direção. Eu pude vê-lo apenas de relance, mas era capaz de jurar já tê-lo visto em algum outro lugar.
O homem entrou em um bar de quinta categoria e eu o segui. Não, caro leitor. Eu não costumo frequentar esse tipo de lugar, mas minha curiosidade era grande. Foi então que à parca luz do recinto reconheci o homem que há pouco passara por mim: era ele, o grande Raymond Chandler, criador do inesquecível personagem Philip Marlowe.
Eu sabia algumas coisas sobre Raymond Chandler. Sabia que ele tivera inúmeras profissões antes de se tornar um dos maiores escritores norte-americanos. Fora militar e contador entre outras coisas. Como escritor, criou tramas fascinante, escritas com a maestria dos grandes escritores clássicos, mas com a realidade estampada em cada linha, cada palavra, e principalmente, cada diálogo. Sua obra foi escrita em, aproximadamente, vinte anos, mas sem dúvida ficará para sempre na mente dos fãs da boa literatura policial.
Eu percebi que Raymond Chandler conversava com um homem de bigode, ambos sentados no balcão do bar. De onde eu estava não era capaz de reconhecer o outro homem, portanto, me aproximei de onde eles se encontravam. Pedi uma bebida e fiquei observando. Qual não foi a minha surpresa ao reconhecer que o interlocutor de Chandler também era um escritor e tão ilustre quando o próprio Chandler: Dashiell Hammett.
O criador do detetive Sam Spade, escreveu poucos romances. Sua obra consiste, na maior parte, em contos. Mesmo sendo seu personagem mais ilustre, Spade aparece em apenas um romance e três contos (que foram publicados na coletânea “Tiros na Noite: Medo de Tiro – 2”, cuja resenha você pode conferir AQUI). Hammett fez de Spade mais do que um personagem, elevando-o ao patamar de figura icônica dos detetives durões (“Hard Boiled”). Essa é apenas umas das razões pelas quais o nome do autor foi marcado com destaque nos anais da literatura policial.
Não era difícil para mim imaginar a conversa dessas duas figuras lendárias. Ambos se destacaram no mesmo gênero literário, o policial noir, e costumavam trabalhar como detetives, o que sem dúvida contribuiu para o aspecto realista de seus livros. Os dois autores tem ainda mais uma coisa em comum. Seus personagens mais famosos (Spade, no caso de Hammett, e Marlowe, no caso de Chandler) foram interpretados no cinema pelo mesmo ator: o lendário Humphrey Bogart (sim, amantes de filmes clássicos, é aquele de “Casablanca”). “À beira do abismo” é a adaptação cinematográfica de “O Sono Eterno” – livro de estreia de Chandler (cuja resenha você pode conferir AQUI) enquanto “Relíquia Macabra” é a adaptação de “O Falcão Maltes” - provavelmente o livro mais famoso de Hammett.
Eu ainda estava embasbacada por estar presenciando tal encontro, quando um sujeito de aspecto sombrio adentrou o bar. Imediatamente, tive um mau pressentimento. Decidi que era hora de ir embora. Minha fascinação literária me pedia para ficar, mas achei que aquele era um risco grande demais. Antes de ir, virei e olhei uma ultima vez para os dois mestres da literatura policial que ainda conversam entre um gole e outro de bebida. Paguei minha conta, dei boa noite ao garçom e parti.
3 comentários:
Não sou uma grande fã de livros policiais, mas já li O Falcão Maltês de Dashiel Hemmett e gostei bastante, na verdade eu tentei encontrar o meu exemplar para dar uma olhada, mas a minha estante está um tanto quanto desarrumada. Vou ver se encontro amanhã. Mas deve ter sido um encontro e tanto o que você testemunhou.
Eu pretendo começar a ler livros policiais em breve... rs
Obrigada por seguir o Sook!
Adorei o seu blog e estou seguindo também!
BjO
http://the-sook.blogspot.com.br/
Eu adoro histórias policiais. Acho envolventes e realmente me prendem a atenção, apesar de que já há algum tempo não leio uma boa história e infelizmente ainda não li nenhum livro desses autores. Gostei muito do seu texto. Muito bem escrito.
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