"— Você estava lutando contra um homem morto, possuído por uma doença.
Gus se lembrou da expressão no rosto do sujeito, vazia e faminta. Do sangue branco.
— Como assim... feito um zumbi pinche?
— Pense mais num homem de capa preta. Com caninos grandes. E um sotaque engraçado. — Setrakian virou a cabeça para Gus poder ouvir melhor. — Agora esqueça a capa, os caninos e o sotaque engraçado. Esqueça tudo o que é engraçado nesse caso." (DEL TORO; HOGAN, 2009, p. 226).
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A premissa de Noturno apenas despertou meu interesse quando descobri que a saga seria adaptada para a televisão, e desde então estava curioso para conferir a abordagem do cineasta Guillermo Del Toro e de Chuck Hogan sobre um tema explorado ao extremo.
Logo após o pouso no aeroporto de Nova York, o Boeing 777 da Regis Airline tem seus motores desligados, as luzes apagadas e a comunicação cortada. O Centro de Controle de Doenças é acionado ante o receio de que se trate de um ataque biológico, cabendo a Ephraim e Nora investigarem o que aconteceu no interior do avião. Até entenderem com o que estão lidando, tem início uma epidemia vampírica e o único aliado que pode lhes auxiliar é o velho professor Setrakian.
Antes de tudo, preciso admitir que tenho um pé atrás com obras escritas em conjunto. O problema é quando os escritores seguem em direções opostas, criando um descompasso que permeia toda a obra. Por isso, afirmo desde já que Del Toro e Hogan estavam sintonizados, não apenas na direção a ser seguida, mas também quanto a uniformidade da escrita.
O ritmo do livro é um pouco lento, sobretudo no início. Entretanto, tal característica é justificável por dois motivos: a) temos um vírus que transforma pessoas em vampiros, então é natural que os personagens demorem algum tempo até compreender e aceitar o que está acontecendo; b) em sendo um livro introdutório, é preciso apresentar os personagens e preparar ganchos para as continuações. De toda forma, o ritmo mais vagaroso não torna a leitura monótona, pois a narrativa é permeada por descoberta e reviravoltas.
É impossível ler e não fazer associações com a obra percursora do gênero, Drácula de Bram Stoker. Além de uma empolgante caçada, é possível notar semelhanças até mesmo entre os protagonistas de cada obra. A que mais chama atenção é que a fonte sobre o conhecimento dos vampiros recai nos ombros do professor Abraham Setrakian em Noturno, e no professor Abraham Van Helsing em Drácula.
Semelhanças (ou homenagens) à parte, o fato é que os personagens foram bem construídos e o que mais chama atenção é a evolução deles ao longo da trama. Afinal, inicialmente acompanhamos dois virologistas chamados para investigar um mistério e que depois se veem frente a uma epidemia que precisa ser contida de forma drástica.
Del Toro e Hogan não limitaram a imaginação, nem ficaram no lugar comum, mas criaram sua própria mitologia. Vampiros são verdadeiras aberrações da natureza, que ao se alimentarem de suas vítimas, as contaminam com um vírus que será responsável pela transformação.
Apesar de esperar por algo mais assustador, Noturno foi uma leitura bastante envolvente, repleta de mistérios e de suspense, tendo elementos de sobra para se tornar uma saga memorável. Assim, expectativa em alta para os próximos livros da Trilogia da Escuridão: A Queda e Noite Eterna, ambos já lançados pela Rocco.
The Strain estreou nos Estados Unidos em julho, no canal FX. Para quem ficou curioso, não deixe de assistir ao trailer.
Autores: Guillermo Del Toro e Chuck Hogan
N.º de páginas: 463
Editora: Rocco
4 comentários:
Tinha intenção de assistir The Strin, mas confesso ter ficado com medo do trailer. Porém a repercussão está me fazendo repensar. E seus comentários me fazem considerar ler os livros também, Alê. Ando traumatizada com histórias de vampiros, e é bom saber que essa é envolvente. Ótima resenha.
Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/
Realmente, Alê! Obras em conjunto são bem perigosas mesmo. Que bom que os autores conseguiram conectar suas escritas e criaram uma bela trama. Não sou muito fã de vampiros atuais, mas os que mais se aproximam de "Drácula", já me chamam a atenção. Então, se tiver oportunidade, darei uma chance.
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Alê!
Bem... se os autores seguiram a linha de Bram Storker, já merece crédito, mesmo que seja uma homenagem, porque o melhor vampiro de todos os tempos, na minha opinião é o original Drácula.
Inusitado o fato de tudo acontecer dentro de um avião, ambiente bem restrito e controlável.
cheirinhos
Rudy
Blog Alegria de Viver e Amar o que é Bom!
Uau! eu amo livro sobrenatural! e esse deve ser bom porque hoje em dia a maioria dos livros de vampiro se parecem a historia. Gostaria de ler este livro porque parece ser bem original a historia ( mesmo tendo semelhanças com Drácula hehehehe...) e a capa também está bem legal e criativa. Beijos <3
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