Especial de Fim de Ano - Parte 2.1

Está no ar mais um Especial de Fim de Ano no Além da Contracapa. Quem acompanha o blog há mais tempo, já sabe o que vem por aí. Para quem nunca viu os nossos especiais, eis uma breve explicação: todo ano, fazemos um especial dividido em três partes. Na primeira, comentamos como foram as leituras dos livros que, no especial do ano anterior, elegemos como as nossas maiores expectativas para esse ano. Na segunda, vocês ficam sabendo quais foram as nossas melhores leituras de 2018. Por fim, contamos para vocês quais os livros que estão no topo da nossa lista de desejados para 2019. 

Na segunda parte do especial deste ano, vocês podem conferir a lista da Mari sobre as Melhores Leituras de 2018.

3º lugar: O MUNDO PÓS-ANIVERSÁRIO

Em 2016 elegi “Precisamos Falar sobre Kevin” como a minha melhor leitura do ano. Depois de uma experiência tão positiva, não surpreende que eu quisesse conferir outros livros da autora. 2018 e aqui estamos: Lionel Shriver novamente na minha lista de melhores.

Completamente diferente de “Kevin”, “O Mundo Pós-Aniversário” parte do momento em que a protagonista Irina se vê a segundos de beijar um homem que não é seu marido e, a partir disso, desenvolve duas realidades alternativas: uma em que o beijo acontece, outra em que não.

O que dá a “O Mundo Pós-Aniversário” seu lugar nesta lista é a maneira como Shriver trabalha com os mesmos personagens e o mesmo narrador, mas transformando-os em histórias completamente diferentes (ambas verossímeis e cativantes) e desenvolvendo ao longo de cinco anos as consequências de uma rápida decisão. Duas histórias que, contadas lado a lado, nos mostram que uma única decisão não tem o poder de mudar as nossas vidas e sim as escolhas que fazemos todos os dias, se somando a ela.

2º lugar: O COLECIONADOR

Alguns livros são incógnitas: não sabemos ao certo como nos sentimos em relação a eles durante a leitura e, ao finalizar, mal sabemos como começar a falar sobre eles. Mas eles não nos deixam e a cada momento percebemos um novo detalhe, juntamos uma nova peça, constatamos algo que ainda não havíamos percebido. “O Colecionador” é um desses livros.

Lembro que durante a leitura, eu estava achando interessante a história de Miranda e Frederick, dois jovens presos em um casa. Ele o sequestrador, ela a vítima. Ele o anfitrião, ela a hóspede. Essas duas visões são, respectivamente, a maneira de Miranda e Frederick entenderem o que está acontecendo. Ao leitor, cabe acompanhar uma história em que a maldade não é o que rege o espetáculo e sim a loucura e a obsessão.

Mas foi ao finalizar a leitura que o livro realmente me pegou. Isso não teve a ver com o desfecho (que até me decepcionou um pouco e que eu havia previsto) e sim com a complexidade da situação, consequentemente dos personagens, que guarda muito mais do que parece à primeira vista. Na resenha, que ficou excessivamente longa e ainda assim não disse tudo o que eu queria dizer, defino “O Colecionador” com a seguinte frase: “Simples em acontecimentos, complexo e perturbador em todo o resto.” Pela intensidade, mereceu o segundo da minha lista.

1º lugar: NIX

Livro de estreia de Nathan Hill, “Nix” é a história mais ambiciosa que li esse ano. Não apenas se trata de um livro longo, com idas e vindas no tempo, mas o autor tem a coragem de encarar cada um dos personagens como protagonistas de suas próprias histórias e se arrisca a contar cada uma delas, dando voltas e voltas, sem medo de afastar o leitor da história principal ou mesmo de tornar seu livro enfadonho.

Assim, a história de Samuel e sua mãe consegue ser tanto um drama familiar como um suspense, abordando uma amplitude de temas que vão desde a revolução sexual da década de 60 até a obsessão pelas rede sociais da atualidade.

É difícil que uma leitura que se prolongue por muitos dias mantenha o meu interesse, mas “Nix” me manteve presa do início ao fim. Um dos livros mais envolventes do ano.