Especial de Fim de Ano - Parte 2.2

Está no ar mais um Especial de Fim de Ano no Além da Contracapa. Quem acompanha o blog há mais tempo, já sabe o que vem por aí. Para quem nunca viu os nossos especiais, eis uma breve explicação: todo ano, fazemos um especial dividido em três partes. Na primeira, comentamos como foram as leituras dos livros que, no especial do ano anterior, elegemos como as nossas maiores expectativas para esse ano. Na segunda, vocês ficam sabendo quais foram as nossas melhores leituras de 2018. Por fim, contamos para vocês quais os livros que estão no topo da nossa lista de desejados para 2019. 

Na segunda parte do especial deste ano, vocês podem conferir a lista do Alê sobre as Melhores Leituras de 2018.

3º lugar: Kindred – Laços de Sangue

Confesso que nunca tinha ouvido falar em Octavia Butler e descobri Kindred por acaso, em uma live da Editora Aleph, na qual um dos participantes mencionava o livro recentemente lançado pela Editora Morro Branco. O livro conta a estória de Dana, uma mulher negra que viajava no tempo e se descobre em uma Maryland onde a escravidão ainda existe. 

O que mais me marcou no livro foram as discussões que Butler consegue provocar ao longo da estória sobre temas como escravidão, liberdade e poder. É impressionante como a autora consegue nos colocar na pele de Dana, de modo que sentimos as injustiças que ela sofre, sendo impossível não se indignar. 

Kindred provocou em mim uma montanha russa de emoções, mas ao mesmo tempo me fez refletir sobre diversos assuntos, de modo que considero a obra uma leitura necessária nos dias de hoje. 

2º lugar: Calamidade

Calamidade é o último livro da trilogia Executores e faz jus ao ditado “encerrar com a chave de ouro”. Não vou entrar em detalhes sobre a trama do livro a fim de evitar spoilers, mas o que precisa ser dito é o seguinte: Brandon Sanderson tem um controle absoluto sobre a estória que criou. É impossível não perceber a genialidade do autor durante a leitura de Calamidade, pois detalhes que pareciam de pouca importância nos livros anteriores ganham novos contornos. 

Além da originalidade e criatividade do autor — afinal, Sanderson inverteu o clichê: e se as pessoas que recebem poderes virassem vilões e não heróis? —, merece destaque o desenvolvimento de personagens multifacetados e a narrativa absolutamente viciante, que tem um ritmo intenso do início ao fim.  

Sem a menor sombra de dúvidas, Executores foi a melhor série de fantasia que li nos últimos anos e colocou Sanderson entre os meus autores favoritos. 

1º lugar: O Menino do Pijama Listrado

Como comentei na primeira parte do especial, tive uma incrível experiência de leitura com O Pacifista no ano passado, o que me motivou a procurar mais livros do autor. Em 2018, li quatro livros de Boyne e o mais impressionante é que outra obra de Boyne também poderia ter entrado nesta lista. 

O Menino do Pijama Listrado foi a obra que catapultou a carreira de John Boyne, mas que nunca me chamou muita atenção, visto que já havia assistido ao filme. Assim, iniciei a leitura sem grandes expectativas e me surpreendi com a estória que encontrei. O livro é narrado por Bruno, um curioso garoto de nove anos, que vive com sua família na Alemanha nazista. 

O grande mérito do autor é o contraste entre os horrores da segunda guerra mundial que Bruno testemunha, mas que são narrados por um olhar extremamente inocente e ingênuo. Assim, o protagonista vê tudo ao seu redor, mas não tem noção do que está acontecendo. E o que mais espanta é como Boyne consegue dar profundidade e complexidade para uma estória que é, em sua essência, muito simples. Terminei a leitura com lágrimas no rosto, completamente impactado pela estória e me tornei um admirador ainda maior do trabalho do autor. 

O outro livro do autor que poderia ter entrado nesta lista foi As Fúrias Invisíveis do Coração, um drama adulto muito bem construído, que aborda assuntos complexos e personagens com quem o leitor facilmente se identifica. Entretanto, acabei escolhendo O Menino do Pijama Listrado em virtude da intensidade das emoções que a leitura me provocou, bem como pelas reflexões que deixou e que levarei para a vida.