sábado, 8 de dezembro de 2018

RESENHA: O Desaparecimento de Stephanie Mailer

O Desaparecimento de Stephanie Mailer / Joel Dicker
Há meses aguardo ansiosa que a Editora Intrínseca anuncie a data de lançamento do novo livro de Joël Dicker. Qual não foi a minha alegria e surpresa quando, ao abrir a primeira caixinha do Intrínsecos (clube de leitura da editora), me deparo com uma edição linda em capa dura justamente de “O Desaparecimento de Stephanie Mailer”? Confesso que um gritinho histérico ecoou pela casa. Eu tinha em mãos o novo livro de um dos meus autores favoritos.

Em 1994, a cidade balneária de Orphea se preparava para a estreia do seu primeiro festival de teatro, mas a noite foi marcada pelo trágico assassinato de quatro pessoas, entre elas o prefeito da cidade. 20 anos depois, a jornalista Stephanie Mailer volta a investigar o caso e confronta Jesse Rosenberg, o policial “100%” que desvendou os crimes na época, afirmando que ele estava errado em suas conclusões e que o verdadeiro assassino continua solto. Quando Stephanie desaparece, Jesse reconhece que talvez houvesse um fundo de verdade em suas alegações e procura Derek, seu antigo parceiro, para que possam corrigir os erros do passado.

De todos os livros de Dicker, “O Assassinato de Stephanie Mailer” é o que mais veste as roupas da literatura policial, já que os outros incorporam um pouquinho de cada gênero. Não apenas isso, o autor também pratica a brincadeira favorita de Agatha Christie: fazer o leitor olhar para um lado quando a coisa toda está acontecendo do outro. Confesso que o truque colocou um sorriso no meu rosto porque era algo de que eu desconfiava desde o início, mas que divertido é ver o autor manipular tão bem a condução da trama.

Dividido em vários pontos de vista que alternam entre os acontecimentos de 1994 e de 2014, o livro apresenta múltiplos narradores, compondo um quebra-cabeças que inclui tantos personagens (muitos deles desempenhando um papel diferente em um momento temporal e outro) que uma lista se fez necessária (e útil!) no início da edição. A única coisa que me incomodou é que a voz de todos esses narradores soa sempre a mesma, tanto que chegou um momento em que deixou de ser importante saber quem falava.

Mistérios esses que são vários, já que uma marca registrada de Dicker é criar pontas em suas histórias de forma que nunca conseguimos ver o panorama completo até que ele queira nos mostrar e não conseguimos prever como tudo irá se conectar. “O que aconteceu na noite dos assassinatos?”, “o que aconteceu com Stephanie Mailer?”, “o que aconteceu com a ex-noiva de Jesse?”, “por que Derek, mesmo sendo um policial tão habilidoso, passou 20 anos fazendo trabalho burocrático?” são algumas das perguntas que o leitor se faz e que Dicker responde no momento certo. Nessas respostas, é preciso reconhecer que há sim alguns clichês e acontecimentos novelescos, mas isso não muda o fato de que é uma trama bem articulada e envolvente. 

“Sabe, Frank, é uma peça sobre um segredo. E um segredo, no fundo, tem mais importância no que esconde do que no que revela.” (DICKER, 2018, p.408)

Um recurso que Dicker volta a utilizar é nos mostrar, desde o início, através dos títulos dos capítulos, que algo grande está por vir. Ao invés de numerá-los em ordem crescente, ele começa no sete negativo, indo em direção ao zero para depois iniciar a ordem crescente. Ou seja, temos uma preparação, um evento principal e o que acontece a partir disso.

Outro ponto de destaque são os personagens, a começar pelo carismático trio principal Jesse, Derek e Anna (a policial de Orphea). Steven, que se envolve em um desastroso caso extra-conjugal; Alice, sua amante; Dakota, a menina rica viciada em drogas; Ostrovski, terrível crítico teatral; Kirk Harvey, ex-chefe de polícia e atual péssimo diretor de teatro são alguns dos personagens que adoramos acompanhar e que permitem ao autor dar facetas à trama e também fazer críticas, como, por exemplo, ao debochar dos egos inflados que circulam no meio artístico e até mesmo do desprezo que a literatura policial e seus autores enfrentam.

“O Desaparecimento de Stephanie Mailer” não é o melhor dos livros de Joël Dicker, mas mostra um autor que encontrou seu estilo e seu público. Uma boa história policial que carrega em si outras várias mini histórias que cativam o leitor a desvendar os seus mistérios.

O fato de a Intrínseca escolher esse livro para dar início ao clube de leitura que comemora os 15 anos da editora, mostra o quanto Dicker é um autor importante do catálogo e o quanto a editora aposta nele. Quem sabe receber em casa esse livro lindo de surpresa seja o empurrãozinho que muitos leitores precisavam para se apaixonar pelo autor de A Verdade sobre o Caso Harry QueberteO Livro dos Baltimore (eleitos minhas melhores leituras do ano em 2014 e 1017, respectivamente).

Sobre a caixinha do Intrínsecos, além da edição especial do livro (que deve começar a ser comercializado em janeiro), o kit veio ainda com um saquinho de evidências de cena de crime e uma caneta do jornal de Orphea (ambos relacionados aos acontecimentos do livro) e uma revista com conteúdo especial que inclui um texto da escritora Patrícia Mello sobre o fascínio dos romances policiais, um texto a respeito do ofício do crítico teatral, um breve panorama cultural dos 20 anos nos quais se passa a trama e ainda um texto inédito de Joël Dicker e uma entrevista com o autor.

Título: O Desaparecimento de Stephanie Mailer
Autor: Joël Dicker
N de páginas: 575
Editora: Intrínseca
Exemplar cedido pela editora

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8 comentários:

Cristiane Dornelas disse...

Ah que legal esse livro vir nesse especial deles! Não tinha me ligado de que era desse autor, só vi mais falando do nome mesmo, não de autor. E nossa, adoro esse gênero. É uma delícia de ler e esse estilo de coisas acontecendo enquanto você ta focado em outra coisa é ainda mais interessante. A surpresa, os mistério que você não viu, ah adoro. Leria. Por gostar do gênero e pelo que ja vi do autor. A história parece prender bem e ser ótima de ler.

Gabriela CZ disse...

Mais um livro do Dicker e até agora só li um. Preciso dar um jeito nisso, Mari. Mas que legal que esse foi o livro de estreia do clube Intrínsecos, só imagino a alegria de recebê-lo. Enfim, ótima resenha.

Beijos!

Ludyanne Carvalho disse...

Imagino a sensação ao se deparar com um livro desejado de um autor que gosta e ainda por cima em uma edição luxo, e exclusiva. Haha tem que gritar mesmo.
Estou aqui me sentindo envergonhada por não conhecer o autor, o que dirá suas obras. Confesso que romance policial não faz o meu estilo, mas fico feliz em saber que o autor conduziu tão bem esse mistério.

Beijos

Rubro Rosa disse...

Sou maluca para assinar esta caixinha de sonhos e ter surpresas assim! Mas com o desemprego, tá meio complicado. Que o próximo ano traga novos ventos!
Mesmo sem conhecer o trabalho do autor, claro que já li o nome dele por vários lugares literários e adorei a Editora meio que ter feito esta homenagem a ele.
Livros policiais estão entre os meus gêneros favoritos e com certeza, quero muito poder conferir esta história!!!
Vai para a lista de desejados com certeza.
Beijo

Monique Larentis disse...

Eu ultimamente sinto um gosto especial pelo tema policial. Estou lendo alguns que estou adorando. Esse eu não conhecia ainda.

www.vivendosentimentos.com.br

Unknown disse...

Que vontade de assinar esse clube. Todo exclusivo e cheio de mimos. :D
Adoro livros policiais! Adoro Agatha Christie. Mais um livro para a lista de leitura.

Ana I. J. Mercury disse...

Não gosto muito de policiais, mas esse parece ótimo.
Do tipo que nos faz varar noites lendo!
O autor é super-recomendado ,quero muito ler todos dele.
E se lembra um pouco Agatha Christie deve ser bom mesmo.
bjs

Luana Martins disse...

Oi, Mari
Olha que capa maravilhosa esse é um problema porque ainda não assinei o box, pelas capas serem lisas. Amo capa dura, mas sem imagem confesso que não gosto tanto.
Amo livros de Agatha, ainda não li nada do autor quero muito ler. Gostei da premissa do livro e esse ar de mistério que envolve a trama.
Beijos

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