sábado, 26 de novembro de 2011

RESENHA: O Sono Eterno

“Havia duas pessoas na sala, mas nenhuma delas deu a menor atenção à maneira como eu entrei, ainda que somente uma delas estivesse morta.” (CHANDLER, 2009, p.37­)

“O Sono Eterno” foi o primeiro livro de Raymond Chandler, um dos maiores escritores policiais de todos os tempos, e é já nesta primeira obra que Chandler nos presenteia com um dos melhores detetives, e provavelmente um dos melhores personagens, da ficção policial: o cínico, durão, mas de moral inquestionável e coração sentimental, Philip Marlowe.

O livro tem início com Marlowe recebendo uma tarefa de um general aposentado: ir atrás de um homem que o está chantageando. Essa é a tarefa oficial, mas o detetive sente que o velho general também tem outro serviço em mente: descobrir o paradeiro de seu genro desaparecido. Porém não é só o general que entra na vida de Marlowe. Junto com ele, suas duas filhas: ambas atraentes e ambas com potencial para meter o detetive em sérios problemas.

Mas não se trata de apenas um caso que o detetive pode resolver e voltar tranquilamente para o seu escritório. Esse é um caso que dá inicio a uma série de acontecimentos e personagens misteriosos, frequentemente encontrados nas obras de Chandler, vão surgindo de todos os lados, tornando cada vez mais difícil para Marlowe cumprir com êxito sua tarefa.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo próprio detetive e o preciosismo das descrições de Raymond Chandler faz parecer que estamos caminhando lado a lado com Philip Marlowe, o acompanhando em cada rua, cada esquina, cada conversa. Os casos (e eu digo “casos”, no plural, porque cada obstáculo que surge no caminho do detetive vem com uma nova faceta a ser revelada) vão se resolvendo aos poucos e trazendo ainda mais peças para o quebra-cabeça que Marlowe precisa resolver não apenas para seu cliente, mas também para sua própria satisfação. Por tantos detalhes, é importante que o leitor esteja atento para não perder nada da trama. Bebidas, apostas, mulheres sedutoras e problemáticas, todos os tipos de criminosos e muitos tiros acompanham Philip Marlowe em sua missão, formando uma trama intricada de acontecimentos interligados e dando alguns indícios do que faria “O Sono Eterno” vir a ser um clássico do gênero Noir.

Agora, eu preciso dedicar um parágrafo especial a ele, Philip Marlowe, o detetive particular que trabalha por 25 dólares por dia mais despesas. Eu já havia lido outros livros de Chandler, mas preciso dizer que em “O Sono Eterno” Marlowe me conquistou, principalmente com alguns de seus discursos finais, nos quais o autor conseguiu, com poucas falas, imprimir toda a personalidade de seu fantástico personagem, nos apresentando Marlowe em toda a sua glória e deixando claro porque esse era um personagem que merecia viver ainda muitas aventuras.

“O Sono Eterno” é um livro em que as respostas vem aos poucos, em pequenas doses e não é um livro que você vai pegar para ler e vai devorar. Alias, nem deve. É um livro que deve ser lido com calma e atenção para ser apreciado da maneira como merece.

Título: O Sono Eterno
Autor: Raymond Chandler
Nº de páginas: 236
Editora: L&PM

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