“Era como se uma porta tivesse sido batida com força na cara da antiga, ingênua e despreocupada Catherine. O que sobrou fui eu: aquela que sentia medo o tempo todo, que olhava para trás por achar que estava sendo seguida, aquela que sabia que, fosse lá o que o futuro lhe reservava, dificilmente seria algo bom” (HAYNES, p. 186, 2013)
Há algum tempo li um livro cuja protagonista tinha transtorno obsessivo-compulsivo e em minha resenha comentei como a sua necessidade de cumprir certos rituais era angustiante, embora a história, no geral, fosse leve. Comentei também que não pude deixar de me perguntar como seria aquele livro se a autora tivesse criado uma trama tão angustiante quanto a personalidade da protagonista e minha conclusão foi que seria bastante intenso e envolvente. O que eu não sabia era que um livro com essas características já existia e ele é “No Escuro” (e eu estava absolutamente certa).
Catherine é uma mulher de 24 anos que adora sair à noite para se divertir com as amigas. Em uma dessas noites ela conhece Lee - um homem alto, louro, de físico invejável e extremamente charmoso – que mudará para sempre a sua vida, porém não no bom sentido. No início o relacionamento é ótimo, embora alguns indícios preocupantes já estejam ali: Lee é ciumento, possessivo, dominador e aos poucos se torna abusivo e violento, transformando a vida de Catherine em um inferno. Passados alguns anos, o relacionamento teve fim, mas Catherine jamais voltou a ser a mesma. Agora, ela tem TOC, é paranóica a respeito de sua segurança, tem dificuldade de se relacionar socialmente - até mesmo de encarar alguém nos olhos – e imagina ver Lee em todos os lugares. Quando um novo vizinho surge no prédio, a sua vida finalmente parece querer melhorar, mas é então que ela recebe uma preocupante noticia: Lee está prestes a sair da prisão, o que quer dizer que, a partir de agora, ele pode estar em uma proximidade ainda mais perigosa do que apenas em sua mente.
Narrado em primeira pessoa e intercalando acontecimentos de quando Catherine conheceu e começou a namorar Lee (2004/ 2005) e de quando ela é uma pessoa completamente traumatizada (2008/ 2009), “No Escuro” é mais do que um livro viciante. É hipnótico.
A autora não perde tempo e fisga o leitor nas primeiras páginas (e quando eu digo primeiras, quero dizer que bastam cinco e pronto. Você já nem pisca). “No Escuro” é aquele tipo de livro que você está lendo às 2:30 da manhã, lutando contra o sono, conferindo o relógio pensando como vai conseguir acordar cedo no dia seguinte, mas simplesmente não consegue parar de ler. Não é uma questão de não querer parar, você simplesmente não consegue.
Os capítulos são curtos, ágeis e todos tem informações importantes para o leitor que não é enrolado em nenhum momento. A opção da autora de intercalar as duas fases da vida da protagonista é mais que adequada, pois o efeito se intensifica ao vermos como Catherine era e o que se tornou, deixando tudo mais perturbador. O livro é incrivelmente intenso e assustador e mantém no leitor nesse clima de tensão até a última linha da última página (aliás, que final perfeito! Haynes poderia ter pegado o caminho mais fácil, mas ao invés disso encerra a história no mesmo tom que apresentou no livro inteiro e faz o leitor ficar refletindo ao terminar a leitura). “No Escuro” não é aquele tipo de livro que começa leve e vai criando o clima de suspense gradativamente. O suspense é constante e chega um ponto em que se torna quase insuportável. Acho que em alguns momentos eu até parei de respirar.
É claro que um livro só atinge esses níveis quando os personagens são bem construídos e “No Escuro” não é exceção. Algo que me chamou a atenção é que Catherine não é uma mulher submissa. Quando as coisas começam a dar errado com Lee, ela não fecha os olhos para isso. Ao contrário do que muitas vezes acontece quando a mulher está em um relacionamento abusivo e tende a encontrar desculpas para o comportamento do namorado enquanto todos ao seu redor tentam alertá-la, com Catherine é justamente ao contrário. É ela quem percebe o que está acontecendo, mas aos olhos de suas amigas Lee parece tão perfeito que são elas que acham que Catherine está exagerando. Isso, é claro, só piora tudo e a faz se sentir cada vez mais encurralada no canto mais escuro (daí o título original “Into the darkest corner”).
Terminada a leitura, não consigo dizer um aspecto que tenha me desagradado em “No Escuro”. Este é um daqueles raros livros de estréia que mostra que autores iniciantes podem ser muito melhores que consagrados best-sellers e torna quase difícil de acreditar que o autor nunca tenha escrito nada antes. Com ele, Elizabeth Haynes se tornou um nome muito promissor.
Título: No Escuro (exemplar cedido pela Editora Intrínseca)
Autora: Elizabeth Haynes
Nº de páginas: 333
Editora: Intrínseca
Há algum tempo li um livro cuja protagonista tinha transtorno obsessivo-compulsivo e em minha resenha comentei como a sua necessidade de cumprir certos rituais era angustiante, embora a história, no geral, fosse leve. Comentei também que não pude deixar de me perguntar como seria aquele livro se a autora tivesse criado uma trama tão angustiante quanto a personalidade da protagonista e minha conclusão foi que seria bastante intenso e envolvente. O que eu não sabia era que um livro com essas características já existia e ele é “No Escuro” (e eu estava absolutamente certa).
Catherine é uma mulher de 24 anos que adora sair à noite para se divertir com as amigas. Em uma dessas noites ela conhece Lee - um homem alto, louro, de físico invejável e extremamente charmoso – que mudará para sempre a sua vida, porém não no bom sentido. No início o relacionamento é ótimo, embora alguns indícios preocupantes já estejam ali: Lee é ciumento, possessivo, dominador e aos poucos se torna abusivo e violento, transformando a vida de Catherine em um inferno. Passados alguns anos, o relacionamento teve fim, mas Catherine jamais voltou a ser a mesma. Agora, ela tem TOC, é paranóica a respeito de sua segurança, tem dificuldade de se relacionar socialmente - até mesmo de encarar alguém nos olhos – e imagina ver Lee em todos os lugares. Quando um novo vizinho surge no prédio, a sua vida finalmente parece querer melhorar, mas é então que ela recebe uma preocupante noticia: Lee está prestes a sair da prisão, o que quer dizer que, a partir de agora, ele pode estar em uma proximidade ainda mais perigosa do que apenas em sua mente.
Narrado em primeira pessoa e intercalando acontecimentos de quando Catherine conheceu e começou a namorar Lee (2004/ 2005) e de quando ela é uma pessoa completamente traumatizada (2008/ 2009), “No Escuro” é mais do que um livro viciante. É hipnótico.
A autora não perde tempo e fisga o leitor nas primeiras páginas (e quando eu digo primeiras, quero dizer que bastam cinco e pronto. Você já nem pisca). “No Escuro” é aquele tipo de livro que você está lendo às 2:30 da manhã, lutando contra o sono, conferindo o relógio pensando como vai conseguir acordar cedo no dia seguinte, mas simplesmente não consegue parar de ler. Não é uma questão de não querer parar, você simplesmente não consegue.
Os capítulos são curtos, ágeis e todos tem informações importantes para o leitor que não é enrolado em nenhum momento. A opção da autora de intercalar as duas fases da vida da protagonista é mais que adequada, pois o efeito se intensifica ao vermos como Catherine era e o que se tornou, deixando tudo mais perturbador. O livro é incrivelmente intenso e assustador e mantém no leitor nesse clima de tensão até a última linha da última página (aliás, que final perfeito! Haynes poderia ter pegado o caminho mais fácil, mas ao invés disso encerra a história no mesmo tom que apresentou no livro inteiro e faz o leitor ficar refletindo ao terminar a leitura). “No Escuro” não é aquele tipo de livro que começa leve e vai criando o clima de suspense gradativamente. O suspense é constante e chega um ponto em que se torna quase insuportável. Acho que em alguns momentos eu até parei de respirar.
É claro que um livro só atinge esses níveis quando os personagens são bem construídos e “No Escuro” não é exceção. Algo que me chamou a atenção é que Catherine não é uma mulher submissa. Quando as coisas começam a dar errado com Lee, ela não fecha os olhos para isso. Ao contrário do que muitas vezes acontece quando a mulher está em um relacionamento abusivo e tende a encontrar desculpas para o comportamento do namorado enquanto todos ao seu redor tentam alertá-la, com Catherine é justamente ao contrário. É ela quem percebe o que está acontecendo, mas aos olhos de suas amigas Lee parece tão perfeito que são elas que acham que Catherine está exagerando. Isso, é claro, só piora tudo e a faz se sentir cada vez mais encurralada no canto mais escuro (daí o título original “Into the darkest corner”).
Terminada a leitura, não consigo dizer um aspecto que tenha me desagradado em “No Escuro”. Este é um daqueles raros livros de estréia que mostra que autores iniciantes podem ser muito melhores que consagrados best-sellers e torna quase difícil de acreditar que o autor nunca tenha escrito nada antes. Com ele, Elizabeth Haynes se tornou um nome muito promissor.
Título: No Escuro (exemplar cedido pela Editora Intrínseca)
Autora: Elizabeth Haynes
Nº de páginas: 333
Editora: Intrínseca
19 comentários:
“No Escuro” é aquele tipo de livro que você está lendo às 2:30 da manhã, lutando contra o sono, conferindo o relógio pensando como vai conseguir acordar cedo no dia seguinte, mas simplesmente não consegue parar de ler.
Isso é muito eu!
Eu fiquei querendo muito ler esse livro!
Ele parece tão perfeito. *-* O tema, os personagens, quero ler. *-*
Mari, é a segunda resenha que leio desse livro e ambas foram absolutamente positivas.
Não pude deixar de pensar em O Enigma da Borboleta também ao ver a protagonista desse, mas é notável o quão diferentes os enredos parecem ser.
Eu achei fantástica essa questão do relacionamento abusivo, da personagem notar que algo estar errado, mas se colocar em dúvida pela visão dos outros. Acho essas tramas psicológicas incríveis!
Enfim, um livro que certamente está na lista de desejados!
Beijão!
Está aí diferença entre um autor que consegue aproveitar tudo o que uma trama pode lhe oferecer (No Escuro), e o autor que "desperdiça" o material que tem em mãos (O Enigma da Borboleta), mesmo que não completamente. Essa trama realmente me parece ser bem mais tensa, e o melhor de tudo, não existe uma parte que seja mais maçante do que a outra. Tem uma linearidade para mais do que para menos.
Fiquei bem curioso pra ler "No Escuro".
Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Não conhecia o livro, mas gostei da premissa. Fico sempre entusiasmada quando vejo alguém que não tem nenhum comentário negativo sobre um livro, minha vontade lê-lo sempre aumenta.
Meu Deus, que resenha incrível!!! Com certeza vou procurar esse livro para ler, porque, pelo que você falou, ninguém pode perder essa leitura.
Muito bom esse livro, leitura eletrizante pelo visto. E com jeito de real, daqueles livros que você imagina a pessoa passando por tudo aquilo e se pergunta se não é mesmo real. Gosto de livros assim e queria demais ler esse. Muito bom mesmo.
cristiane dornelas
Caramba, este livro tem tudo para ser um favorito. Estou super ansiosa para lê-lo. Junta muita coisa que gosto, mistério, questões psicológicas, bons personagens, capítulos curtos e ágeis, etc. Também achei bacana a personagem não ser "submissa" (como você disse), detesto quando elas são assim, super frágeis, sem atitude.
Adorei e é uma das minhas prioridades literárias!
bjs
Fiquei pensando no que você falou também na outra resenha, e realmente senti a diferença entre os dois livros (O enigma da borboleta e esse). Parece ser muito mais intenso que o outro e são de livros assim que gosto. Sou fã de suspense!
Seguidora: Rossana Batista
@rooohbatista
Quando a gente pensa que se surpreendeu ai chega alguém e surpreender mais ainda!
O livro deve ser realmente muito bom! Até então nunca tinha ouvido falar do livro, mas depois dessa resenha, não tem como não ler né!? :D
GFC: Roberta Moraes
Oi Mari,
Fui completamente contagiada pela sua resenha entusiasmada!
Eu já queria ler esse livro desde que li a sinopse pela primeira vez. Quando as resenhas começaram a sair, a vontade só aumentou.
Adoro o tipo de leitura em que não conseguimos nos despregar do livro. O tipo de livro que a gente lê de uma vez só.
Gosto muito quando os autores utilizam da mescla passado/presente para construir a sua narrativa. A gente fica ansioso por dois clímax distintos e um só intensifica ainda mais o outro.
Sem dúvida é uma leitura que pretendo fazer!
Beijos!
Não conhecia o livro nem a Elizabeth Haynes mas sua resenha me conquistou.
A história parece ser bem interessante e os personagens também. Gosto de capítulos curtos... as vezes os capítulos são longos demais com informações desnecessárias que só complicam a história.
GFC: Manuela Cerqueira
Me parece um ótimo livro. Adoro thrillers psicológicos e estava com medo de comprar esse livro pela capa. Agora eu estou mais do que curiosa, pois ele parece prender bastante né? Me imagino lendo e não conseguindo parar. hehe
Nossa, adorei essa sinopse pela realidade do drama aqui apresentado.
A violência doméstica se manifesta tb além da agressão física, pq a violência psicológica, emocional ou sexual deixa sequelas, algumas vezes até piores.
QUero muito ler esse thriller psicológico e me envolver no problema de Catherine, saber como ela vai resolver tudo. Acho que ficarei presa até o final.
Basta ler 5 páginas e já fica "grudado" na trama?! Uau, isso que é boa escrita!!!
O tema escolhido pela autora é muito instigante, pois muitas e muitas mulheres sofrem algum tipo de abuso e não sabem como se desvencilhar dessa situação.
Fiquei curiosa, ;)
GFC: Gladys.
Como ler essa resenha e não ficar curiosa?
Com todos os aspectos para ser uma ótima leitura. É a primeia resenha que leio sobre esse livro e achei um tanto interessante a trama apresentada nele. Parabéns pela resenha, lendo os demais comentários todos acharam uma boa leitura.
Bjos, Elis Elger.
Esta resenha está magnífica e eu amei este livro, já tinha visto ele em outros blogs e me agradou muito a capa, o título e tudo o mais, quero muito poder ter a oportunidade de lê-lo! :D
Que ótimo saber que Catherine não é uma mulher submissa, personagens submissas me dão raiva. Gostei bastante da resenha me deixou bem curiosa para ler o livro, espero ter a oportunidade de lê-lo.
O livro parece ser muito legal e interessante, tomara que eu tenha a oportunidade de lê-lo, pois gostei da resenha.
Realmente o livro é ótimo, cria mesmo o clima de suspense desde o inicio quando somos apresentando a personagem do Lee, além de tudo criasse a conexão com a Catherine, com suas neuroses e manias de toc, pois o tempo todo à personagem passa a sensação de angústia dela para a gente! Fica a dica quem quiser adquirir o livro a submarino sempre tem promoções boa onde o livro custa barato 3,75, que foi o que paguei, ou 9,00 reais, mesmo com o frente ainda sair muito barato! :)
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