quarta-feira, 26 de junho de 2013

RESENHA: Na Linha de Frente

“É necessário obter uma licença para ser um investigador particular neste estado e eu não possuo uma. Nunca me dei o trabalho de tirá-la. Eu não informo minhas despesas item por item, não anoto quantas horas passo num caso e não escrevo relatórios detalhados. Também não tenho um escritório, e é por isso que estamos conversando nesta lanchonete. Tudo o que tenho são os instintos e as habilidades que desenvolvi ao longo dos anos, e não sei se é isso que o senhor está procurando.” (BLOCK, p. 27, 2010)

“Na Linha de Frente” é a minha segunda experiência com o autor Lawrence Block e só veio a reforçar a minha primeira impressão de que ele é um daqueles autores que ao ler apenas um de seus livros você sabe que lerá todos que caírem em suas mãos.

Matthew Scudder, ex-policial e alcoólatra em recuperação, está investigando o desaparecimento de Paula, uma jovem aspirante a atriz, quando um de seus conhecidos das reuniões dos Alcoólatras Anônimos – Eddie - morre em circunstâncias peculiares. Tudo indica que foi um acidente, mas para Matthew essa resposta não basta. Ele precisa saber se Eddie morreu sóbrio para ter certeza de que ao menos uma coisa em sua vida deu certo. No meio do caminho ele se depara com Willa, a síndica do prédio onde Eddie morava - uma mulher com um passado político intenso e que gosta de beber mais do que uma pessoa próxima de um viciado em álcool deveria – e inicia com ela um relacionamento. No caminho de Matt surgem ainda o perigoso Mickey Ballou, que carrega o apelido de Açougueiro e protagoniza muitas lendas da região, e uma série de mortes no prédio onde Eddie residia.

“Na Linha de Frente” é aquele livro que você não quer parar de ler porque nem percebe que está lendo, pela forma como a narrativa flui. O curioso a respeito disso é que os casos se desenvolvem lentamente quase como se a história não girasse em torno deles e sim de seu protagonista, Matt Scudder, cuja história também evolui.

Na primeira vez que li um livro de Lawrence Block (resenha AQUI) fiquei com a impressão de pouco conhecer Scudder ao final da leitura, mas dessa vez isso não aconteceu. Em “Na Linha de Frente” pude ver o personagem com mais clareza e reconhecer nele um ótimo protagonista de histórias policiais. Matt Sudder é um homem prático. Um detetive que prefere pagar ele mesmo pela despesa do caso do que ter que fazer anotações e entregar um relatório para seu cliente, mas é também um homem que se preocupa em como o cliente reagirá ao ouvir notícias perturbadoras e toma o cuidado de contar apenas o que é essencial, afinal, não há porque fazer uma pessoa boa sofrer mais do que o necessário. É um homem que já viveu dias negros, já fez coisas que considera erradas e que, justamente por isso, sabe que o ser humano é capaz de coisas assustadoras, mas está disposto a ajudar os que querem ser ajudados, sempre que possível. É mais um detetive hard-boiled, acostumado com as ruas e com a vida e que lida com os crimes como parte inerente delas.

Os diálogos – ágeis, muitas vezes secos, e reais - também merecem destaque, seja nos momentos em que Scudder compartilha experiências com outros ex-alcoolatras ou quando interroga testemunhas em potencial.

A trama não apresenta diversos suspeitos ou provas conflitantes e os casos investigados pelo detetive podem até serem considerados simples e vão se desenvolvendo aos poucos até que, quando você menos espera, é bombardeado com as revelações. É como se o autor fosse preparando o terreno e de repente tudo acontecesse.

Em “Na Linha de Frente” Lawrence Block prova que não é preciso uma história mirabolante para que um livro fisgue o leitor. Basta saber contar essa história, ou melhor, deixar que os próprios personagens a contem e a vivam com veracidade.

Embora não tenha vencido, o livro foi indicado ao Shamus, prêmio de literatura policial para o qual o autor já foi indicado mais de dez vezes, tendo colecionado várias vitórias ao longo de sua extensa carreira.

Título: Na Linha de Frente
Autor: Lawrence Block
Nº de páginas: 253
Editora: Companhia das Letras 

12 comentários:

Aione Simões disse...

Oi Mari!
Apesar do autor ser, pelo visto, bastante premiado, eu não o conhecia.
Fiquei curiosa por ser uma admiradora do gênero, como você!
Achei bom que nesse segundo volume o personagem parece ter sido mais aprofundado, acho que dá um toque de realidade pra história.
Beijão!

Naty disse...

Não conhecia o livro ou o autor, mas adoro estórias assim, simples e bem contadas. Fiquei curiosa com o autor, vou dar uma olhada na sua outra resenha dele.

https://twitter.com/NatyIC/status/350073446589403137

Nardonio disse...

Você disse tudo quando falou que um livro não precisa de uma história mirabolante, ou reviravoltas impressionantes. Precisa-se apenas das mãos habilidosas de um autor que transforma uma coisa simples em um belo livro. Quero muito conhecer as obras desse autor.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom
Divulgação: https://twitter.com/_Dom_Dom/status/350314428211798017

Gabriela CZ disse...

Não conhecia... Parece realmente ótimo. Vou procurar assim que possível.

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Vânia Gama disse...

não é muito meu estilo de leitura, mas o livro parece ser interessante... estou mesmo afim de ler algum livro policial!

beijos

https://twitter.com/_nirvania/status/350364397727784960

Rossana Batista disse...

Adoro livros com revelações!!
Não sabia que tinha sido indicado por Shamus, mas que legal!
Pretendo ler!

https://twitter.com/rooohbatista/status/351019471135186944

Roberta Moraes disse...

Gosto muito de livros desse tipo, mas os que leio mais são os com histórias mirabolantes que realmente são muitos.
Vou dar uma conferida nesse.

https://www.facebook.com/roberta.moraes.7127/posts/328057023995794

Aione Simões disse...

Divulgação: https://twitter.com/mi_simoes/status/351088945704091650

Unknown disse...

Sinceramente o livro nao me chamou muita atenção nao, nao faz muito meu genero cotidiano de leitura.

https://twitter.com/jessikalisboa_/status/351340373039263745

Cristiane Dornelas disse...

Bacana esse livro, mas confesso que não me chamou muita atenção. Parece ser bom, mas não é muito minha cara =/
https://twitter.com/cristianecullen/status/351368536863674369

Amanda Péres disse...

Gosto muito do gênero policial (aliás, são poucos os gêneros que não gosto. kkkk)
Nunca tinha ouvido falar do autor e agora me interessei bastante pelo livro! O livro é bem curto, então deve ser uma leitura rápida. Fiquei curiosa, quero ler também! ;)

Vitória Souza disse...

Gostaria de achar livros parecidos, ja li essa serie toda :, (

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