sábado, 31 de maio de 2014

RESENHA: Alice no País das Maravilhas

"Sabe, é que havia acontecido tanta coisa diferente ultimamente, que Alice já começava a pensar que pouquíssimas coisas eram realmente impossíveis.” (CARROL, 2013, p. 17)

Clássicos assim são chamados por um motivo. Suas histórias permanecem significativas e seus personagens vivos não importa onde serão lidos ou mesmo há quanto tempo foram publicados. Existem clássicos para poucos e clássicos que deveriam ser lidos por todos. E existem aqueles clássicos que, de um jeito ou de outro, todo mundo conhece, mesmo que deles não tenham lido uma única frase. É o caso de “Alice no País das Maravilhas”.

Aquele seria mais um dia comum se Alice não tivesse decidido seguir o curioso Coelho Branco que andava apressado com um relógio na mão dizendo-se atrasado. Em seu encalço, Alice acaba caindo em um buraco profundo que a leva até o País das Maravilhas, onde ela se deparará com as criaturas mais peculiares – como a Lagarta Azul, o Chapeleiro Maluco e a Rainha de Copas - e as situações mais inacreditáveis.

Narrado em terceira pessoa por um narrador simpático que volta e meia dialoga com seu leitor, “Alice no País das Maravilhas” é um livro curto, dividido em capítulos também curtos que podem ser encarados como histórias quase independentes. O encontro de Alice com a Lagarta, por exemplo, nada tem a ver com o chá maluco que a menina presencia sendo servido pelo Chapeleiro Maluco e a Lebre de Março, a não ser pelo fato de que ambos eventos ocorrem no mágico país das maravilhas.

Nesse mundo a lógica fica em segundo plano, visto que toda a história não passa de um sonho de Alice que dormiu ao ler um livro entediante, mas falta de lógica não significa falta de sentido. O autor consegue empregar claramente nos episódios o tom de sonho já que neles ocorrem as coisas mais absurdas, porém todas com uma pitada da realidade como a conhecemos.

“- Mas não quero me meter com gente louca – ressaltou Alice. - Mas isso é impossível – disse o Gato. – Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você também é.” (P. 69)

O texto (em termos de palavras e frases) é fácil, tornando-se acessível para crianças e podendo ser apreciado por elas graças à riqueza do mundo que se revela em suas páginas. Porém, “Alice no país das maravilhas” carrega uma gama de simbolismos, conceitos e idéias que fazem dele mais do que um livro infantil, sendo considerado uma metáfora para a adolescência (já que Alice cai em um buraco que a leva a um novo mundo de descobertas onde ela aumenta e diminui de tamanho o tempo todo, lhe dando novas possibilidades, mas também fazendo com que tenha dúvidas sobre como se sente em relação a tudo ao seu redor e quem ela mesma é já que muda constantemente), algo que só adultos poderiam compreender.

“Tudo está tão esquisito hoje! E ainda ontem as coisas estavam tão normais...Será que durante a noite eu virei outra pessoa? Deixe-me pensar: Hoje de manhã, quando acordei, eu era a mesma pessoa? Tenho a vaga lembrança de ter me sentido um pouquinho diferente.” (P.23)

E já que falar sobre os personagens e sobre o enredo de uma história tão conhecida é supérfluo, continuemos a falar sobre o mundo de Alice. Um mundo no qual não existem respostas e sim interpretações. Muitas interpretações. A leitura de “Alice no País das Maravilhas” se molda ao seu leitor que pode encontrar questionamentos existencialistas, referências à Era Vitoriana, inúmeras metáforas ou apenas uma história fantástica e divertida se optar por ler olhos inocentes que querem apenas ler uma boa história. O tipo de livro que pode fazer parte da vida do mesmo leitor em inúmeras fases já que cada leitura pode vir com uma nova interpretação.

Para complementar a magia, o livro é acompanhado de diversas ilustrações.

São inúmeras razões que tornam fácil entender porquê “Alice no País das Maravilhas” se tornou um clássico e rendeu tantas adaptações e derivações. O próprio Lewis Carrol não se limitou a encerrar a história da personagem no momento em que ela acorda e escreveu uma sequência: “Alice através do espelho”. Das inúmeras adaptações que levaram a história de Alice para o cinema, podemos citar o clássico desenho animado da Disney (com elementos dos dois livros) e o recente filme dirigido por Tim Burton. Outros autores também utilizaram do universo criado por Lewis Carrol, entre eles A.G. Howard em “O Lado mais Sombrio”.

Título: Alice no País das Maravilhas (exemplar cedido pela Editora)
Autor: Lewis Carrol
Nº de páginas: 137
Editora: Martin Claret

18 comentários:

Adriana disse...

Esse é um clássico que eu adoro! E é exatamente como voce disse, podemos ler várias vezes, mas cada uma é única pois a interpretação com certeza será diferente em cada uma delas...adorei sua resenha! :)
Adriana

Unknown disse...

Alice no País das Maravilhas é um amor <3 Não tem como não gostar do mundo que o Lewis Carrol criou, dos personagens fofos e da história por ele inventada. É muito amor em um livro só.

Unknown disse...

Nunca li Alice no País das Maravilhas e para ser sincera nunca tive muita curiosidade.
Adoro todo o universo que foi criado para o desenvolvimento da história nas telonas e não vejo a hora de ler O Lado Mais Sombrio.
Agora fiquei bem curiosa para conhecer o universo original da Alice.
Bjokas

Nardonio disse...

Realmente, Mari, esse é um dos clássicos em que todos deveria ter o prazer de ler. O Lewis Carroll não poderia estar em um momento mais feliz ao criar esse universo encantador em todos os sentidos. E o que falar das adaptações?!?! Particularmente adorei a do Tim Burton.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

Unknown disse...

Mari, a sua resenha está excelente, extraordinária, esplêndida e esses são apenas os e's! Li Alice no começo do ano e concordo com tudo o que você disse. Dá até para pegar o "mas falta de lógica não significa falta de sentido." e copiar para o meu caderno de frases marcantes! rs Enfim, parabéns! Estou seguindo o blog para acompanhar outras das suas resenhas! Beijos!

bibliophiliarium.com

Ana Paula Barreto disse...

Acho a questão as interpretações muito bacana no universo de Alice. A trama nunca perde sua atualidade e relevância, e isso é incrível!
A história não é minha favorita, mas não deixa de ser muito boa.
bjs

Érika Rufo disse...

Adoro Alice no País das Maravilhas! Acho a história tão cheia de simbolismos e mistérios que ela nunca fica velha. E tem algumas das frases mais lindas que já vi.

Beijos!!

Claris Ribeiro disse...

Adoro esse mundo de Alice, essa viagem com várias interpretações, gostei muito do universo criado por Lewis e essa personagem tão intrigante. É um livro que gosto muito e mantenho sempre por perto para poder reler alguma página atrás de inspirações, tenho a versão com os dois livros juntos e não desgrudo por nada! Gostei muito da sua resenha, bem lembrado a respeito das adaptações, que também adoro!

Obrigada pelo carinho. Beijos :*
Claris - Plasticodelic

Tammy (Livreando) disse...

Já tentei gostar dessa história mas até hoje não consegui. Apesar do livro ser final, nunca consigo me envolver na leitura. Vai entender, né?

Bjim!!!

Tammy - Livreando

Gabriela CZ disse...

Alice é muito amor! Só fui ler a obra já na adolescência, em uma edição que contém as duas histórias. Já amava a animação da Disney e me apaixonei ainda mais pelo original. Adoro as metáforas e simbolismos. Também gosto de acompanhar as releituras, e quero muito ler O Lado Mais Sombrio. Ótima resenha.

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Delmara Silva disse...

Nunca fui muito chegada a essa estória acredita???
Nem mesmo os filmes nunca me atrairam, o livro então.. A estória toda é muito fantasiosa e não me chama a atenção.

http://soubibliofila.blogspot.com.br/

Guilherme disse...

é como um classico! Já li e recomendo sempre, excelente leitura para passar o tempo..

Gabe Winter disse...

Oi Mari! Ainda não li essa história (apesar de, como você disse, conhecê-la muito bem!!). Há pouco tempo acabei lendo o Mágico de Oz e percebi como essas histórias clássicas são fantásticas! Simples, mas com lições para a vida toda! Adorei sua resenha!
Beijoo, Gabe!

Blog Mundo Mágico dos Livros

Livy disse...

Oie =)

Amei sua resenha. E concordo que clássicos são chamados assim por um bom motivo. Com Alice no País das Maravilhas não é diferente. Eu amo tudo que se relaciona a este universo da Alice, mas acredita que ainda não li o livro?

Depois da sua resenha pretendo mudar isto hehe.

Beijos,
Livy
No Mundo dos Livros

Paola Aleksandra disse...

Oi Mari, tudo bem?

Alice realmente é um clássico que todos nós conhecemos, mesmo os que não o leram - Como eu. Tenho muita curiosidade de saber mais sobre essa história, principalmente de ver como uma visão adulta esses simbolismos que você destacou.

Beijos,

Pah - Livros & Fuxicos

Giulia Ladislau disse...

Eu sou meio avessa a clássicos, mas esse eu preciso ler pra saber o que acontece de verdade além do desenho da Disney. rs! Gostei dessa edição porque é ilustrada *lado criança aflorando* rsrsrs!
Beijinhos!
Giulia - Prazer, me chamo Livro

Entre Sonhos disse...

Essa capa esta linda *-* mesmo lendo a história é sempre bom descobri as histórias de Alice e do coelho branco.

Unknown disse...

Esse livro é o meu xodó. Sei que, se estiver mal, é só eu pegar o meu exemplar e ler os quotes que eu marquei que, logo, fico bem novamente. É uma leitura leve, mas não menos importante do que aqueles livros imensos cheio de filosofia sobre tudo. Eu gosto de livros assim, tanto que Alice no País das Maravilhas e O Pequeno Príncipe são uns dos meus livros preferidos da vida. <3

Beijos,
literarizei.blogspot.com

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