terça-feira, 23 de agosto de 2016

RESENHA: A Resposta

“Não era esse o objetivo do livro afinal? Que as mulheres se dessem conta de que: Somos só duas pessoas. Não há tanto assim a nos separar. Nada do que eu havia imaginado.” (STOCKETT, 2012, p. 536)

***

O ano é 1962 e a jovem Skeeter, após se formar em jornalismo, retorna a Jackson, no Mississipi. Mas tudo mudou em sua cidade natal: suas amigas já estão casadas e têm filhos, mas o verdadeiro choque foi descobrir que Constantine — a empregada da família a quem considerava uma mãe — foi embora. E agora, não consegue deixar de observar as relações de suas amigas com suas empregadas, espantando-se com a falta de consideração que demonstram. É por isso que se aproxima de Aibileen e Minny, duas mulheres negras que trabalharam a vida toda como empregadas, e juntas embarcam em um arriscado projeto: escrever um livro com histórias reais de empregadas domésticas, revelando as regras, as alegrias e decepções que enfrentam diariamente. 

A Resposta é narrado em primeira pessoa pelos pontos de vista de Skeeter, Aibileen e Minny em capítulos alternados. O interessante é que além de conseguir mostrar o mesmo fato por diferentes prismas, também acompanhamos os dramas pessoais de cada uma delas, entendendo o que as motivou a participar deste projeto. Além de criar personagens profundos e que logo despertam a empatia do leitor, Stockett é extremamente hábil em mostrar as diversas facetas dos personagens, mesmo dos antagonistas. Ou seja, não há vilões e mocinhos, mas sim pessoas com qualidades e defeitos. 

A autora também fez um excelente trabalho contextualizando o período em que a obra se passa. Mergulhamos no sul dos Estados Unidos da década de sessenta e sentimos nas menores palavras e ações o preconceito latente, o sentimento de superioridade dos brancos em relação aos negros. A segregação racial era a regra e aqueles que discordassem, na melhor das hipóteses, perderiam o emprego. Na pior, perderiam a vida. 

Apesar de ser um livro que dialoga abertamente com a luta pelos direitos civis, Stockett teve muito cuidado em fazer desta luta apenas o pano de fundo da estória. O cerne de A Resposta são os relacionamentos destas mulheres, mostrando como é tênue a linha que as separa. Mais do que falar sobre direitos civis, A Resposta fala sobre como impactamos as pessoas ao nosso redor, para o bem e para o mal. 

A trama do livro é linear e não conta com muitas reviravoltas, porém, em nenhum momento a leitura se torna monótona ou cansativa. O desfecho deixa algumas pontas em aberto, deixando claro que aquele não é o fim da estória, entretanto, há elementos suficientes para o leitor entender qual será o rumo da vida daquelas três mulheres. 

Com uma narrativa fluída e estórias marcantes, é impossível não se envolver com A Resposta e não ser completamente fisgado pelas protagonistas. Um livro emocionante, que brilha em sua simplicidade e que espanta pela profundidade de suas reflexões. 

O livro foi adaptado para o cinema em 2011 com o título Histórias Cruzadas, estrelado por Viola Davis, Emma Stone e Octavia Spencer. 

Título: A Resposta
Autora: Kathryn Stockett
N. de páginas: 573
Editora: Bertrand Brasil

22 comentários:

Gislaine disse...

Oi Alê, tudo bem? Conheci esse livro no canal do Bruno Miranda e desde então morro de vontade de ler, mas ainda não consegui.
Mesmo o livro não tendo grandes reviravoltas e ações, é algo que me interessa pelo tema abordado.
Pouco tempo atrás vi o filme nacional "Que horas ela volta?" e gostei bastante.
Acho que esse é um tema que nós precisamos discutir.
Beijos
http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

Unknown disse...

Oi, Alê, tudo bem?
Conheci esse livro a pouco tempo e só então relacionei com o filme, que havia apenas assistido a alguns trechos, infelizmente.
Parece ser uma história super interessante, principalmente pelo autor não usar o tema preconceito com foco e sim como pano de fundo, o que torna mais curiosa e surpreendente para o leitor, no meu ponto de vista.
Abraços!

-Ricardo, Blog Lapso de Leitura

Eu Li nas EntreLinhas disse...

Olá! Já assisti o filme e adorei. E fiquei super curiosa para ler também. Parabéns pela resenha, muito bem feita.
Beijos, Jana!

Blog Eu Li nas EntreLinhas


Gabriela CZ disse...

Quero muito ler esse livro em parte porque adorei o filme Histórias Cruzadas, Alê. E sempre acho que lendo nos aprofundamos mais na história. Todavia, seus comentários me deixaram ainda mais ansiosa para conferir. Ótima resenha.

Beijos!

Leandro de Lira disse...

Oi, Alê!
Eu sou louco para ler esse livro. Ainda não quis ver a adaptação porque quero fazer a leitura antes.
Creio que realmente seja um livro profundo e bastante sincero. Provavelmente irie amar. Adoro dramas, a propósito.
Abraço!

"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.blogspot.com

Sil disse...

Olá, Alê.
A Olivia, minha amiga do blog, assistiu esse filme e me recomendou bastante. Mas como o livro sempre é melhor, acho que vou ler primeiro. Gosto muito de livros que abordam o preconceito racial. São histórias que a gente tem que ler sempre para não esquecer o que realmente importa. Porque infelizmente ainda temos muitos racistas no mundo.

Blog Prefácio

Márcia Saltão disse...

Olá!
Não conhecia o livro e nem a adaptação. Mas depois de ler sua resenha, fiquei muito motivada a conhecer essa história. Parece ser uma leitura bem reflexiva, além da capa estar muito bonita. Vou querer ler, com certeza. Obrigada pela dica. Beijos.

Cristiane Dornelas disse...

Gente, esse livro é tão bom! Muito bem feito e dá até uma sensação de viver naquela época de tão bem contextualizado ele é. Todo o preconceito que vi ali com relação aos negros e esse núcleo dos empregados foi uma novidade, porque nunca tinha visto essas histórias e nem sabia que era assim naqueles tempos. Ele abre os olhos e em certos momentos te deixa bestificado com o que era feito. Se for verdade mesmo né. É muito bom de escrita também, os personagens que ficam na cabeça e como cada um se interliga na história. Não tem muita reviravolta mesmo, mas é tão bem feito que vale a pena cada página.

Na Nossa Estante disse...

Oi Alê!

Eu não li o livro ainda, mas o filme é um dos meus preferidos sobre o tema. É leve e ao mesmo tempo impactante! O livro parece ser no mesmo estilo, muito provavelmente vou gostar da leitura!

Bjs, Mi

O que tem na nossa estante

Vanessa Vieira disse...

Gostei da resenha Alê. Ouço ótimos comentários a respeito deste livro e se tiver oportunidade pretendo lê-lo. Abraço!

www.newsnessa.com

Unknown disse...

Faz um tempo que este livro está na minha lista de desejado, desde quando eu assisti o filme que era baseado e amei.

Josiane disse...

Eu lembro do filme mas não cheguei a assistir. Li um livro também ambientado nesta época e é triste ver como as pessoas mesmo numa época nada distante conseguiam ser ignorantes quanto a questão do preconceito.

Unknown disse...

Não li o livro e nem vi o filme.
Gostei de saber que as brigas raciais ficam de pano de fundo, e é importante ter esse tipo de história de amizade entre mulheres. Vou colocar na minha lista para ler :)

www.isistomie.com
www.elefantevoador.com

Ariane Gisele Reis disse...

Oie Ale =)

Revi o filme esses dias e chorei horrores, então imagino que lendo o livro vou chorar ainda mais. É tão triste e ao mesmo tempo assustador perceber o quanto o preconceito fez e ainda faz parte de nosso dia a dia. Histórias assim vem para nos lembrar que ainda temos muito o que melhorar.

Beijos;***

Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary

DESBRAVADORES DE LIVROS disse...

Olá, Alê.
Para começar, ganhou adaptação com a Viola? <3
Quanto ao livro, fiquei bastante interessado. Primeiro por ter como plano de fundo a luta pelos direitos civis dentro de uma sociedade preconceituosa. Isso, certamente, deve dar uma obra interessante. Ademais, o fato de focar na relação das protagonista agrada-me.
Darei uma chance.

Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de agosto. Serão dois vencedores e um deles levará um vale compras!

x disse...

Oi, Alê!
Eu vi o filme e me apaixonei pela história, desde então tenho vontade de ler o livro mas ainda não tive a chance. Deve ser interessantíssimo pelo mergulho na sociedade daquela época, ver os problemas sociais...
Beijos,
Giulia | www.1livro1filme.com.br

Adriana Holanda Tavares disse...

Gente eu assisti o filme e nem imaginei que era um livro, a atuação é muito boa e nos envolve demais, espero que o livro seja bem parecido nesse sentido! Já quero ler, mas acredite que eu não curti muito essa capa? Prefiro quando a capa não remete a nada de filme!

Ingrid Moitinho disse...

Não li o livro e nem vi o filme, mas já tinha visto sobre os dois, a historia é bem interessante e tenho muita vontade de ler e assistir ao filme.

Andrea Barbosa disse...

Oi tudo bem..
Nunca tinha lido nada sobre o livro consequentemente tambem nunca tinha ouvido falar do filme,e mesmo com um tema tao importante e interessante como o preconceito racial principalmente naquela epoca que ao meu ver era bem maior,ainda assim nao foi um livro que me interessei ,entao fica pra quem gostou mesmo,muito boa a resenha.
Um abraço e muito sucesso :)

Danyy darko disse...

Muito bom, adorei.
Parabéns pelo blog, adorei o post.
Segue o blog, te seguindo como Art of life and books. <3
Art of life and books

Maria Fernanda Pinheiro disse...

Amei a proposta do livro, especialmente por mostrar o drama de cada narrador e ainda colocar suas qualidades e defeitos, ao invés de muitos livros que logo apontariam como vilão. Achei bacana também aparentemente a época ser bem explorada na trama, quero ler, não sabia do livro, mas o fato de não ser uma leitura cansativa já me interessa

Ana I. J. Mercury disse...

Que lindeza, fiquei com uma supervontade de lê-lo!
Já conhecia de nome, mas não sabia que era uma história tão profunda e realística.
Ainda mais falando soobre preconceito, com mulheres ainda por cima, e sem "vilões". Gosto disso, quando os personagens são vilões e mocinhos ao mesmo tempo, afinal são gente como a gente.
Também vou querer conferir!!
bjsss

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