quarta-feira, 17 de maio de 2017

RESENHA: Nós Dois

“Quando Ivy se recupera — e demora um pouco para isso — está exausta e precisa tirar um cochilo. Se fosse esse meu plano, fazer Ivy dormir de tanto rir, eu seria um gênio. Mas não era esse o plano e de gênio eu não tenho nada. O momento passou, o alarme se calou e o pequeno Fisher entregou os pontos.” (JONES, 2016, p. 57). 

***

Fisher e Ivy se conheceram há dezenove dias e desde então não se separaram. Quando o casal decide fazer uma road trip que acaba na casa do pai de Fisher e com as constrangedoras intrusões familiares, o casal percebe que a magia dos primeiros dias do relacionamento terminou. Nos doze meses seguintes, o casal descobre que se apaixonar é fácil, mas manter uma relação exige determinação e comprometimento. 

O primeiro ponto de destaque de Nós Dois é a narrativa de Andy Jones, que não é apenas leve e fluida, mas também é extremamente bem humorada e facilmente arranca risadas do leitor. Como o livro é narrado em primeira pessoa por Fisher, creio que este elemento cômico é um reflexo de sua personalidade, qualidade que logo cativa o leitor. 

Mas apesar disso, o autor também consegue mesclar elementos mais dramáticos na estória, reproduzindo a dicotomia da vida: em um momento podemos estar rindo, para logo em seguida estarmos com o coração na mão. 

Creio que a trama criada por Jones foi muito bem planejada. É possível notar que cada arco narrativo na estória serve a determinado propósito, sendo que a estória não se limita ao relacionamento de Fisher e Ivy. Assim, vemos temas como amizade e relações familiares ganharem um espaço significativo na estória. 

Acho que também deve ser pontuado o fato de vermos um protagonista homem narrando um livro que é, eminentemente, romântico. O autor de certa forma desconstrói o clichê e inverte os papéis, mostrando que homens também são vulneráveis, longe de serem confiantes e seguros de si o tempo inteiro. 

Mas o grande destaque de Nós Dois fica para a verossimilhança da obra. Geralmente tenho um pé atrás com romances justamente por haver uma desconexão com a realidade. E este certamente não é o caso. Na obra de Jones, vemos a evolução natural de um relacionamento, e não apenas um caso de amor à primeira vista que é difícil de engolir.  

Porém, nem tudo são flores. Um aspecto que me incomodou ao longo da obra foi o fato de faltar uma certa dose de sinceridade entre o casal. Mesmo quando insatisfeito, Fisher nunca reclamava dos rumos do relacionamento, nunca se abria para Ivy e sempre aceitava as vontades dela. A meu ver, uma relação implica em sacrifícios de ambos os lados e não apenas de um. E embora houvessem fatores atenuantes para as atitudes de Fisher, admito que esta faceta do relacionamento dos protagonistas me desagradou. 

No fim das contas, o saldo da leitura foi positivo. Andy Jones conseguiu criar um romance verossímil, mesclando humor e drama na medida certa, além de apresentar um texto bem escrito. Não espere encontrar grandes reviravoltas ou uma estória que irá lhe marcar para a vida, mas se você procura um romance envolvente e convincente, Nós Dois é uma boa pedida. 
Título: Nós Dois
Autor: Andy Jones
N. de páginas: 268
Editora: Suma de Letras
Exemplar cedido pela editora

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15 comentários:

Lana Silva disse...

Concordo plenamente que as vezes alguns romances são difíceis de engoli, pelo fato de ter aquele envolvimento de mal se conhecerem, ou ser algo a primeira vista e se amarem loucamente, como se lhe conhecem a anos, não que eu não curta clichês, mas com certeza prefiro aqueles que são construídos no decorrer da trama, como me pareceu no caso deste livro. Realmente e ruim quando só um dos envolvidos abre mão do que gosta do relacionamento, chegando ao ponto de ter de tolerar tudo que o outro quer. Mesmo não sendo um romance inesquecível, a premissa do livro me cativou e muito.

RUDYNALVA disse...

Alê!
Sou a maior fã de romance e quando são bem escritos, ainda mais.
Ver a realidade retratada tão bem, dá gosto de ler, porque conseguimos nos identificar com as situações explanadas no enredo e se tem um tom de humor e o protagonista masculino que narra, maravilha.
“A sabedoria dos homens é proporcional não à sua experiência mas à sua capacidade de adquirir experiência.” (George Bernard Shaw)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE MAIO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

Gabriela CZ disse...

Como também não sou grande fã de romances não esperava tanto desse livro, Alê. Gostei dessa "inversão" do clichê, creio que faz um retrato bem mais atual dos relacionamentos. E apesar de, nas suas palavras, nem tudo serem flores acho que eu leria. Ótima resenha.

Beijos!

Marta Izabel disse...

Gostei muito da resenha do livro, não conhecia essa histórias mais achei bem legal. É parece ser um romance bem interessante principalmente por que o narrador da história ser o protagonista masculino do livro.
Bjoss

Michael disse...

Oi Alê! Adorei a sua resenha! Quero muito ler o livro, mas falta tempo para mim - e eu estou falando isso pra todo mundo que me fala sobre um bom livro! hahahaha ♥
Abraços - http://submundosliterarios.blogspot.com.br/

Na Nossa Estante disse...

Oi Alê! Narrativas românticas narradas por homens é mais difícil de encontrar, não conhecia o livro, mas gostei da premissa e do fato do saldo no final das contas ser positivo rs

Bjs, Mi

O que tem na nossa estante

Sora Seishin disse...

Oi Alê!
Não conhecia esse livro ainda, mas gostei da sua resenha! Também fico irritada quando o casal não é sincero um com o outro, isso não dá certo.

Beijos,
Sora | Meu Jardim de Livros

Nessa disse...

Oi Alê
Não conhecia o livro, o enredo me pareceu bom, mas não me despertou interesse para lê-lo. Mas adorei saber sua opinião sobre a obra.

Beijinhos
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br

Ketellyn Amorim disse...

É raro ler um livro de romance sendo narrado pelo homem. Adorei a sua resenha e de saber que o drama esta na medida certa, com certeza entra para a minha lista de desejados.

Maah disse...

Oi.
Eu adoro quando os livros de romances são feitos pelo ponto de vista masculino ao meu ver isso torna a história mais completa e mais interessante também uma pena que você se incomodou com o fato de que ele aceita tudo dela eu realmente acho que isso também não me agradaria que é uma pena realmente mas eu adorei a preguiça e vou colocar isso na minha listinha com toda a certeza.
Bjs.

Carolina Garcia disse...

Oi, Alê!!

Gostei da sua resenha. Eu achei o livro bem interessante e acho bacana quando a história se trata do depois da paixão. Porque nunca é fácil conviver com a mesma pessoa por muito tempo, né?

Vou ficar de olho nesse título! :)

Bjs

http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

Unknown disse...

Oi Alê, tudo bem?
Não sou grande fã de romances, mas achei esta premissa legal até. É bem difícil encontrar uma estória de romance que seja real e convincente, geralmente os personagens são quase "cegos" e não enxergam os problemas a um palmo do nariz. Gostei do livro e da resenha claro.
Beijos

Márcia Saltão disse...

Oi.
Por não ser um dos meus gêneros preferidos, provavelmente não irei ler esse livro. Mas de qualquer forma, a leitura parece ser muito boa, apesar dos pontos que você levantou, na sua ótima resenha.
A proposta é diferente, por ser narrado por um personagem masculino, o que já torna a leitura no mínimo curiosa.
Obrigada pela dica.
Beijos.

Adriana Holanda Tavares disse...

Eu não conheço esse título, mas pelo visto parece ser uma leitura interessante, especialmente por conta dos elementos que você citou. E claro, adorei poder conferir suas impressões a respeito e quem sabe tenha a oportunidade de ler também. Achei interessante também por ser um romance mais maduro, porque as vezes é bom ler algo do tipo.
Beijos, Dri

Hemely disse...

Oie! sou apaixonada com romances, então, sim, já está na lista de leituras! Devo dizer que livros de romance que mostram a narrativa partindo do homem tendem a me fazer amar ainda mais os mesmos! Principalmente porque podemos ver um lado deles que ninguém mais veria se a narrativa não fosse feita dessa forma. Está bem anotadinho aqui! Excelente resenha, pra variar haha!

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