segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

RESENHA: O ódio que você semeia

O ódio que você semeia
O ódio que você semeia chamou minha atenção desde que foi lançado, tanto por causa de sua premissa, quanto por causa da recepção entre público e crítica. E mesmo com expectativa em alta, encontrei exatamente a estória que eu esperava. 

Starr é uma garota de dezesseis anos que testemunha a morte de seu amigo, Khalil, durante uma abordagem policial. Agora, Starr precisa aprender a lidar não apenas com a perda, mas também precisa encontrar coragem para levantar a voz contra a injustiça que viu. 

O ódio que você semeia é narrado em primeira pessoa por Starr, de modo que estamos em contato direto com seus pensamentos e sentimentos. Entendemos a culpa que carrega por ter se afastado de Khalil, por não ajudá-lo quando ele precisava, por não defendê-lo de acusações injustas. E tudo fica ainda pior quando ela percebe que o policial responsável por matar Khalil pode sair impune se ela não fizer nada. 

Além de todos estes conflitos, a morte do amigo influencia diversas facetas da sua vida, incluindo seus relacionamentos com a família, namorado e amigos. E ao longo da estória vemos como Starr aprende a lidar com a dor e o remorso, e como cada pessoa na vida dela tem um papel importante na sua trajetória de amadurecimento, o que fez do livro um romance de formação, a meu ver. 

“Qual o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio nos momentos que não deveria?” (THOMAS, 2018, p. 214)

A violência policial contra os negros é tema central do livro. O assunto é sério, pois vemos com frequência absurda casos como esse: policiais que atiram primeiro e fazem perguntas depois.  O meu receio era que Angie Thomas pesasse a mão e deixasse que o “ativismo” se tornasse mais importante do que a estória em si. Felizmente, isso não acontece. 

Não me entenda mal, O ódio que você semeia é sim um livro que vai botar o dedo na ferida e falar de assuntos que precisam ser discutidos. Porém, tudo isso é feito de uma forma muito natural e orgânica, através da evolução da protagonista. Sentimos na pele a dor de Starr, sua raiva e frustração, seu desejo de ser e fazer a diferença, e esses sentimentos que a autora consegue transmitir são muito mais poderosos que qualquer “aula” que ela pudesse dar sobre a luta por direitos civis.  

A narrativa é bastante envolvente, mesmo que no início o ritmo seja um pouco mais vagaroso. Na reta final, no entanto, o ritmo se torna frenético, sendo impossível interromper a leitura, pois Thomas faz o leitor emergir completamente na estória. O desfecho mantém a coerência da estória, além de emocionar e deixar o coração apertado. 

O ódio que você semeia é uma estória poderosa, que faz o leitor refletir sobre preconceito, injustiça, relacionamentos, violência, e as oportunidades que temos para mudar o mundo a nossa volta. Certamente, um livro que merece ser lido, ainda mais em tempos de intolerância e extremismo como o que vivemos. 

O ódio que você semeia foi recentemente adaptado para o cinema. Clique aqui para assistir ao trailer. 

Título: O ódio que você semeia
Autora: Angie Thomas
N.º de páginas: 372
Editora: Galera Record
Exemplar cedido pela editora

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11 comentários:

Rubro Rosa disse...

Não vejo a hora de conferir este livro!Acabei vendo a adaptação estes dias e foi sem sombra de dúvidas, um dos melhores filmes que vi neste ano!
Uma história forte, dura, cruel...e ao mesmo tempo, verdadeira e doce. Starr é uma personagem única e cada detalhe dela é lindo de ser visto. Fico imaginando nas letras.
E pelo que li acima, é lindo!
O livro está na lista de mais desejados e espero ter e ler o quanto antes.
E fica a dica do filme :)
Beijo

Cristiane Dornelas disse...

Eu amei esse livro. Se não pelos temas fortes, por como a autora conseguiu me fazer pensar naquilo da pior forma possível. Sentindo o que a personagem sente, a injustiça, a raiva, a vontade de fazer o certo. É horrível ler e ver as coisas acontecendo e ninguém poder fazer nada. Teve um desfecho que me doeu o coração mesmo. Mas é a realidade. Você vê tanta coisa errada, ouve tanta notícia horrível e coisas do tipo acontecendo e se pergunta porque isso existe, como a gente chegou nesse ponto. É muito pra pensar. Se não for um livro perfeito ou menos é um que trás uma reflexão sobre os assuntos que pesam na nossa cabeça. Faz ver umas coisas de outra forma. Uma ótima leitura pra qualquer um. Esse indico pra qualquer pessoa. E nossa, achei muita sacanagem o que fizeram com essa adaptação. Um monte de lugar sem ter pra exibir, minha cidade mesmo não tem e ainda não vi. Falaram tão bem desse filme dele e tô aqui sem poder ver. Tristeza viu =/

Alice Duarte disse...

Oii Alê

Esse livro foi uma das surpresas de 2018 pra mim, a narrativa me prendeu desde o começo e os personagens me cativaram e me envolveram de uma maneira que nem imaginava, a familia da Starr é maravilhosa e crível, a gente consegue visualizar cada um deles e isso que é bacana, não são perfeitos, mas são carismáticos, encantam o leitor e evoluem. Quero conferir o filme agora.

Beijos

www.derepentenoultimolivro.com

Gabriela CZ disse...

Esse é o tipo de livro que já me atrai pelo título, Alê. E com seus comentários sobre o desenvolvimento da trama e como o tema foi abordado me deixou ainda mais interessada. Ótima resenha.

Beijos!

Ludyanne Carvalho disse...

Não fiquei interessada nesse livro quando lançou, mas depois a cada resenha que lia percebia o quanto era uma leitura necessária.
Amei! Tem cenas fortes, e ela aborda essa realidade de uma maneira que realmente envolve. E gostei dela ter equilibrado essa força com o lado humorado da família de Starr.
É bem real...

Beijos

Unknown disse...

Oie!
Esse livro está sendo tão comentado e tenho certeza que não é atoa. É uma leitura bem necessária, ainda mais nos dias de hoje, e deve trazer uma reflexão incrível, preciso muito ler o mais breve possível. Fiquei mais animada ao saber de toda emoção que você teve ao ler a obra, só aguçou ainda mais a minha vontade!
Beijos

Our Constellations

Priih disse...

Oi Alê, tudo bem?
Esse livro parece ser um tapa na cara. Impossível não pensar nos casos injustos dos EUA e também do Brasil. Quero ler assim que possível! E também ver o filme, que parece ter ficado muito bom pelo trailer.
Beijos,

Priih
Infinitas Vidas

Ariane Gisele Reis disse...

Oie Alê =)

Estou com esse livro aqui para ler e espero conseguir ler ele até o final do ano.

Acredito que a temática apresentada na obra seja não somente um tapa na cara, mas sim um forma de tentar conscientizar as pessoas seja lá nos EUA, Brasil ou em qualquer lugar do mundo.

Somos o que semeamos e ultimamente é tanto ódio e intolerância que dá medo. =(

Beijos;***
Ane Reis | Blog My Dear Library.

Unknown disse...

Oi!

Curiosa sobre como o ativismo foi abordado de forma natural, sem sair do estilo da narrativa. Parabéns pela resenha. Sua escrita é boa.

Ana I. J. Mercury disse...

Adorei sua resenha, Alê.
Se eu já estava com muita vontade de ler esse livro, agora então nem se fala.
Precisamos muito ler e falar mais sobre o quanto o preconceito tem matado, ceifado sonhos e vidas...
Esse livro parece ser muito empoderado e apesar do tema triste, nos trazer esperança.
Assim que der, lerei.
bjs

Luana Martins disse...

Oi, Alê
Namoro esse livro desde seu lançamento, gostei das 2 capas mas confesso que prefiro a primeira, a do filme não curti tanto.
Falando no filme não sei a nível nacional, pelo menos na região que moro não foi muito divulgado em relação a outros filmes. Como na minha cidade não tem cinema fica difícil conseguir ter grana para ir ao cinema.
Gostei que a autora não se perdeu no enredo e desenvolveu uma trama maravilhosa.
Beijos

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