quinta-feira, 28 de março de 2019

RESENHA: Os prós e os contras de nunca esquecer

os pros e os contras de nuncas esquecer
Joan Lennon é uma garota de 10 anos com uma rara condição: ela lembra com exatidão de todas as coisas que aconteceram ao seu redor. Porém, sabendo que a maioria das pessoas esquece das coisas com facilidade, ela deseja encontrar uma forma de ser lembrada. É então que ela descobre o concurso “O Futuro Grande Compositor” e percebe que compor uma canção marcante é uma boa forma de ser lembrada. Para isso, ela contará com a ajuda de Gavin, um amigo de seus pais que está hospedado na casa deles, tentando superar a morte do namorado.

Impossível falar sobre Os prós e os contras de nunca esquecer sem falar sobre os protagonistas. Se por um lado Joan não suporta a ideia de ser esquecida, Gavin não suporta o peso de suas lembranças. O que ele não sabia é que fugir da casa que compartilhou com o namorado não funcionaria: Joan também o conhecia e tem memórias completas sobre seus encontros com ele. Memórias tão completas que assustam Gavin, pois ele descobre que seu parceiro estava ocultando algo.

A narrativa intercala os pontos de vista de Joan e Gavin, de modo que acompanhamos os desafios individuais de cada um deles e vemos como essa união inusitada é fundamental para ambos. Joan não consegue lidar com o fim do estúdio de música de seu pai; enquanto Gavin precisa descobrir como seguir adiante com sua vida. 

“É difícil pensar no que vai acontecer com o estúdio depois. [...]. Daqui a pouco meu pai vai tirar as coisas dele, o apartamento vai ficar vazio e as novas pessoas vão querer pôr as coisas delas aqui. Mas, para mim este lugar nunca vai ficar vazio. Sempre vai estar cheio porque, onde quer que eu olhe, em todos os cantos, vejo o que ninguém mais vê: as lembranças”. (EMMICH, 2019, p. 52)

Emmich fez um excelente trabalho ao criar um protagonista homossexual, mas fugindo dos clichês do gênero, como aceitação e preconceito. Apesar de que esta seja uma realidade na vida da comunidade LGBTQ, ela representa apenas uma parte e sempre me questionei por que a maioria dos autores não ousava ir além disso. Assim, o autor conta a estória de um personagem gay, mas o faz com naturalidade, mostrando que a orientação sexual não define ninguém, sendo apenas mais uma característica entre tantas. 

Confesso que fiquei um pouco incomodado com o fato de Joan Lennon ter sido batizada em homenagem ao cantor. O pai de Joan é músico, apaixonado pelos Beatles e transferiu para a filha a mesma paixão. Porém, fiquei me questionando até que ponto a música e os Beatles eram um interesse genuíno da garota ou se a influência do pai se tornara pesada demais chegando a afetar até mesmo sua identidade. 

Apesar de alguns arcos da trama serem um pouco forçados e o desenvolvimento da trama ter um ritmo bem vagaroso, a estória criada por Emmich é envolvente e nos faz refletir sobre o poder da memória. O livro mostra que são nossas lembranças, boas e ruins, que são as responsáveis por sermos quem somos. 

Mesmo abordando temas pesados como perda e luto, Os prós e os contras de nunca esquecer consegue ser um livro leve, reflexivo e com uma mensagem profunda

Título: Os prós e os contras de nunca esquecer
Autor: Val Emmich
N.° de páginas: 318
Editora: Intrínseca
Exemplar cedido pela editora

Compre: Amazon
Gostou da resenha? Então compre o livro pelo link acima. Assim você ajuda o Além da Contracapa com uma pequena comissão.

7 comentários:

Ludyanne Carvalho disse...

Já adicionei na lista!
Sinto que vou gostar muito dessa leitura, ainda mais por ser reflexiva.

Beijos

Rubro Rosa disse...

Como ando namorando este livro desde que li a primeira resenha! Até por ser fã demais dos Beatles, achei uma jogada linda o lance do nome da protagonista..rs
Um jeito talvez mais leve, de colocar assuntos pesados em discussão. Seja pelo fato da sexualidade vista por outro ângulo,perdas e claro, isso da memória. Até que ponto lembrar de tudo é bom para nós?
Eu sei lá, adoro meu jeito esquecido de ser..rs(dificilmente abriria mão disso)
Com certeza, lerei!!!
Beijo

Gabriela CZ disse...

Quero muito ler esse livro, Alê. Pela premissa da personagem que não esquece nada (com a qual me identifico um pouco) e pela referência aos Beatles, claro. E parece muito envolvente. Ótima resenha.

Beijos!

Larissasm disse...

Muito bom saber que o autor fugiu dos clichês para construir um personagem homossexual, que tenha mostrado a naturalidade de uma orientação sexual, foi isso que eu sempre quis ler em livros com representatividade LGBTQ. A premissa da história é muito interessante, apesar de achar meio avulso a homenagem ao Lennon, mas eu ainda nem li o livro então quem sou eu pra falar alguma coisa rs. Muito obrigada pela resenha!

RUDYNALVA disse...

Alê!
Lembrei de uma série de tv chamada Unforgettable, onde a protagonista também se lembrava de tudo, é uma ‘doença’, mas confesso que acho bem interessante.
E por falar em interessante, achei a premissa do livro sensacional. A busca de não querer ser esquecida, a procura de sobreviver a um amor perdido e ainda, a maneira de que não podemos viver sós, temos de estar em grupo e nos sentirmos aceitos e amados.
Uma pena que achou algumas situações forçadas e o incomodaram.
cheirinhos
Rudy

Ana I. J. Mercury disse...

Alê,
gostei da sua resenha , deu pra entender bem sobre a protagonista e a trama em si.
E achei um livro bem diferente, original, sensível.
Quero ler sim,
não parece ser uma história que muda nossas vidas, mas que nos alegra e nos refletir.
bjs

Luana Martins disse...

Oi, Alê
Não sou tão fã assim dos Beatles, mas gosto de algumas músicas.
Adoro a trama do livro, mesmo com as ressalvas que você citou penso que é uma leitura interessante.
Mas que nos leva a refletir sobre o próprio título dos prós e os contras de nunca esquecer, se é saudável guardar certas lembranças ou sentimentos.
Espero ter chance de ler.
Beijos

Postar um comentário

 

Além da Contracapa Copyright © 2011 -- Template created by O Pregador -- Powered by Blogger