




“Às vezes imaginava o que a Emma de vinte e dois anos pensaria da Emma de hoje. Será que a consideraria egoísta? Acomodada? Uma burguesa assumida, interessada em imóveis e viagens ao exterior, roupas de Paris e cortes de cabelo em salões chiques? [...]. Talvez, mas a Emma Morley de vinte e dois anos não era um paradigma: pretensiosa, petulante, preguiçosa, adorava fazer discurso, dona da verdade. Cheia de autocomiseração, autoafirmativa e autocentrada, todos os autos menos autoconfiante, que sempre foi a qualidade que mais precisou.” (NICHOLLS, 2011, p. 360).
Resenhas animadoras somadas a uma premissa interessante me impulsionaram a adquirir o livro. Tendo-o em mãos, constatei que uma das folhas é destinada a repercussão que o livro gerou na mídia, e todos os comentários selecionados, obviamente, são bons. Assim, quando fui ler o livro, a expectativa era alta. Muita alta. E não foi correspondida plenamente.
A premissa do livro é genial, reconheço. Dexter e Emma se conhecem na noite da formatura, e se separam no dia seguinte. A trama se desenvolve nos vinte anos subsequentes, sendo que cada capítulo narra o rumo que a vida dos personagens tomou sempre naquele mesmo dia: 15 de julho.
Todavia, o que deveria ser a inovação do livro, também se tornou seu calcanhar de Aquiles. Sendo a estória narrada sempre no mesmo dia, me pareceu que algumas partes ficaram um pouco forçadas. Por exemplo: os personagens se encontrarem justamente naquele dia, não uma, nem duas, mas várias vezes ao longo dos anos, é um pouco mais do que coincidência.
A estória é muito envolvente, embora em alguns pontos se torne um pouco maçante/cansativa, afinal, são retratados vinte anos vividos por pessoas comuns. Aliás, isto é outro ponto positivo: a verossimilhança dos personagens, os quais foram muito bem construídos. Ver a evolução, crescimento e amadurecimento, de ambos os personagens, de uma forma realística acabou por se tornar a magia do livro.
Além disso, creio que a identificação com os personagens é fácil, pois são duas pessoas, recém formadas, com a vida pela frente, e que não tem certeza de que rumo tomar. Se você ainda não vivenciou este sentimento, lhe garanto que um dia você irá (com o perdão do trocadilho).
Por outro lado, achei que o clichê “sexo, drogas e rock and roll” foi explorado as raias do absurdo. Sinceramente, serviu somente para banalizar o livro, sem nada acrescentar. Mesmo assim, não reduziu (em demasia) a qualidade da obra.
Para mim, quem melhor descreveu o livro foi Tony Parsons: “Um livro brilhante sobre o assombroso hiato entre o que éramos e o que somos”.
Eis o ponto alto do livro. Passados vinte anos, seriamos os mesmos? Teríamos as mesmas ideologias e utopias? Ou a vida se encarregará de nos trazer a realidade?
Sem muitos autos e baixos, o livro é estável, com uma trama criativa, ousada e envolvente, narrada com fluidez, e com um final surpreendente.
Clique aqui para assistir ao trailer do filme estrelado por Anne Hathaway e Jim Sturgess.
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