"Qualquer 'beleza' que possa ser considerada valiosa em mim se esconde profundamente em minha essência. É a sabedoria de cem anos vividos nesse mundo, e um coração que tem batido em um cadenciado acompanhamento para todos os imagináveis comportamentos e emoções humanos." (RILEY, 2014, p. 11).
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Após a leitura de A Garota do Penhasco, estava extremamente ansioso para conferir outra obra de Lucinda Riley. A oportunidade veio com o lançamento de A Rosa da Meia-Noite, e mesmo que a premissa não tenha me empolgado, minha expectativa era encontrar mais uma estória inesquecível.
Em seu centésimo aniversário, Anahita confia a seu bisneto, Ari, a estória de sua vida e uma importante missão. Anos depois, abalado pela morte da bisavó, Ari finalmente se dispõe a fazer o que Anahita lhe solicitara, desvendando segredos ocultos por gerações. As investigações de Ari o levaram até a Inglaterra, onde ele conhecerá Rebecca, uma jovem e talentosa atriz, que passa por uma difícil provação.
A meu ver, o que torna os livros de Riley interessantes é o formato como as estória são conduzidas, entrecruzando a vida de personagens de diferentes gerações, e não limitando-se apenas ao romance. O problema é que em A Rosa da Meia-Noite as estórias não parecem se complementar, de modo que temos duas tramas paralelas que pouco se influenciam.
Se por um lado a estória de Anahita é extremamente interessante e comovente, o mesmo não pode ser dito sobre Rebecca. Enquanto a vida de Anni se mostrou uma verdadeira montanha russa, repleta de reviravoltas, a vida da atriz hollywoodiana era insossa e previsível, de modo que não é díficil deduzir que uma ofuscou a outra.
Ainda, Rebecca, como protagonista, é de uma apatia inacreditável. Tudo o que vi foi uma mulher passiva e irritante, que não sabe o quer da vida e se sente "a pobre menina rica", que sofre por causa de sua fama. Admito ser difícil acreditar que Rebecca foi criada pela mesma autora que compôs Anahita – personagem de uma complexidade e profundidade sem parâmetros, que consegue cativar e envolver o leitor do início ao fim.
Além da protagonista fraca e de uma estória nada empolgante, a narrativa que ocorre no presente conta com alguns deslizes difíceis de aceitar. Não vale a pena entrar em detalhes, mas creio que algumas coisas aconteceram "de graça", sem a necessária motivação, dando a entender que a autora se limitou a seguir pelo caminho mais fácil, e não pelo mais verossímil.
A narrativa de Riley é fluída, mesmo quando centrada nos acontecimentos relativos no presente. Além disso, a mescla entre passado e presente instiga ainda mais o leitor, que deseja entender como as peças do quebra cabeça irão se encaixar.
Embora não tenha atingido todas as minhas expectativas, o fato é que Lucinda Riley sabe contar estórias. Assim, meu conselho é: suporte Rebecca para conhecer a emocionante jornada de Anahita.
Autora: Lucinda Riley
N.º de páginas: 572
Editora: Novo Conceito