“Eu tinha poder, literalmente. Precisava me lembrar. Eu era maior e mais forte que qualquer fantasma que cruzasse meu caminho. Isso ainda não havia me ocorrido. Eles deveriam me temer. E eu nunca tinha sido amedrontadora para ninguém.” (JOHNSON, 2016, p. 95).
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O primeiro volume da série Sombras de Londres se mostrou como uma inusitada e surpreendente mistura de young adult, fantasia e policial, de modo que mal podia esperar para conferir a continuação. Entretanto, No Limite da Loucura não conseguiu repetir a formula bem sucedida de seu antecessor.
ATENÇÃO: a sinopse (parágrafo abaixo) CONTÉM SPOILERS de O Nome da Estrela, primeiro volume da série Sombras de Londres. O restante da resenha é SPOILER FREE.
Depois de seu exílio em Bristol, Rory retorna a Londres e volta a frequentar Wexford, onde aconteceu seu último encontro com o imitador de Jack, o Estripador. Além do trauma, Rory precisa lidar com seus novos poderes e ainda ajudar na investigação de uma nova onda de crimes que atormenta a cidade.
O primeiro ponto que chama atenção é o fato de que a trama se encontra extremamente dispersa. O livro conta não apenas conta os ganchos deixados pelo livro anterior, mas também introduz novos arcos, de forma que falta não apenas unicidade, mas um fio condutor que guie a estória. Assim, a impressão que eu tinha era de que muita coisa estava acontecendo ao mesmo tempo em que estória parecia não estar avançando.
Johnson também falha no desenvolvimento do suspense, pois as opções que tomou ao longo da estória se mostraram as mais previsíveis, de modo que não consegue surpreender o leitor. Me pareceu que a autora notou tal deslize e, para apimentar a obra, recorreu a reviravoltas desesperadas, que além de forçadas, tampouco surpreenderam.
O envolvimento romântico da protagonista também não convence. Me causou muito estranhamento a forma como esse romance surgiu do nada, ficando claro que a autora optou por tal recurso apenas para que determinado evento causasse um impacto maior.
Apesar de todo o desenvolvimento da estória ter parecido como um carro desgovernado, no desfecho Johnson pareceu ter retomado o controle. Foi apenas nas últimas páginas que a autora conseguiu amarrar algumas pontas da trama e ainda encerrar a obra com um promissor desfecho.
A verdade é que No Limite da Loucura sofreu da “maldição do segundo livro” e se tornou o que costumo chamar de “livro ponte”, cujo objetivo é tão somente fazer a ligação entre o primeiro e o terceiro livro da série, pois conta com uma estória vazia, não tendo elementos suficientes para se manter por conta própria.
Assim, No Limite da Loucura é um livro que apenas promete, mas que não entrega. A verdade é que Johnson deu o passo maior do que a perna e, ao tentar atirar para todos os lados, conseguiu a façanha de não acertar nenhum alvo. Sinceramente, tenho dúvidas se terei ânimo para ler os próximos volumes da série.
Autora: Maureen Johnson
N.º de páginas: 304
Editora: Fantástica Rocco