terça-feira, 15 de novembro de 2011

Quem vem para o jantar? #3

"Quem vem para o jantar?" é a coluna mensal do Além da Contracapa em que um jantar fictício se torna a ocasião em que personagens e autores interagem em encontros inusitados. 

Para o jantar desse mês decidi convidar dois personagens fascinantes que, apesar de ganharem vida em diferentes gêneros literários, tem muito em comum: são pessoas atormentadas, angustiadas e que tornam a vida dos que estão a sua volta um tanto complicada. Ainda assim, ou talvez justamente por isso, são personagens inesquecíveis.

Porém, antes de dar inicio, preciso explicar que, ao contrario do que havia sido comentado em “Quem vem para o jantar?” #2, não irei me ater apenas a personagens de livros lidos nos últimos tempos e comentados aqui no blog. Revendo esta regra passamos a acreditar que ela representaria a exclusão de ricos personagens que poderiam ser abordados, ou melhor, convidados. Tendo esclarecido isto, vamos ao jantar desse mês:

O primeiro deles é um personagem que conheci há pouco o sobre o qual já comentei aqui no blog: o detetive Harry Hole, criado por Jo Nesbo e protagonista dos livros “Garganta Vermelha”, “A Casa da Dor” e “A Estrela do Diabo” (cuja resenha você pode conferir AQUI). Algo que eu gostaria de deixar claro é que eu li apenas “A Estrela do Diabo” então os meus comentários a respeito de algumas das atitudes de Hole se baseiam nesse livro e não nos três como um todo.

A primeira coisa que você precisa saber sobre Harry Hole é que ele é alcoólatra e não, ele não está lutando contra o vicio, pelo contrario. Ele está se entregando a ele devido a recentes traumas. Apesar disso, quando está em condições físicas e psicológicas de realizar seu trabalho, Hole é um excelente detetive e tem até certa fama por casos antigos. Mas ele tem uma personalidade difícil e uma inimizade com seu colega Tom Waaler que dificulta bastante a vida de seus superiores. Mas, como eu já disse na resenha de “A Estrela do Diabo” Harry Hole é um personagem que tem vida, e por isso é fácil para o leitor se apegar a ele, pois vive todos os conflitos junto ao detetive. Conflitos esses que não se resumem apenas ao alcolismo e aos casos de policia, mas também a traumas de infância e outros mais recentes.


O segundo convidado desse jantar é um personagem extremamente complexo e um dos mais fascinantes com que já me deparei: Heathcliff, de “O Morro dos Ventos Uivantes”.

Antes de falar do personagem em si, eu preciso dizer àqueles que ainda não leram a obra de Emily Brontë que não sabem o que estão perdendo. “O Morro dos Ventos Uivantes” é um livro maravilhoso (um dos meus favoritos, na verdade, e olha que eu não costumo gostar de histórias de amor) que trata da trágica historia entre Heathcliff e Catherine.

Heathcliff e Catherine se conhecem ainda crianças quando o pai de Catherine traz Heathcliff para casa e ele passa a morar com a família. Por ser órfão, e devido à falta de conhecimento sobre sua origem, Heathcliff fica sendo assim chamado por toda a vida, sem se saber ao certo se esse seria seu nome ou sobrenome.

Heathcliff é um homem orgulhoso que sempre teve um temperamento difícil e depois de se sentir trocado e abandonado pela mulher que ama, que também vinha a ser única pessoa que sempre o tratou com gentileza, se torna infeliz e vingativo, passando a concentrar todos os seus esforços em fazer com que a vida de todos ao seu redor seja tão miserável quanto a sua. Ainda assim, ele é um homem cada vez mais apaixonado.

É difícil falar de Hearhcliff sem entrar nos pormenores da trama de “O Morro dos Ventos Uivantes” porque o livro nos dá a oportunidade de acompanhar o personagem desde a infância até a velhice e por isso somos capazes de entender tudo o que se passa em sua perturbada mente. Mais que isso, somos capazes de odiar, amar e até sentir pena dele, tudo ao mesmo tempo, e reconhecemos que nada justifica sua maneira cruel de agir mesmo sabendo qual é a origem de cada um de seus conflitos e, consequentemente, de suas ações.

Mas que jantar depressivo esse. Dois homens tão infelizes não podem sentar juntos a mesma mesa de jantar. Não sozinhos pelo menos. É por isso que trago um terceiro personagem para esse jantar. Alguém que tem um espírito leve e conseguirá, talvez, trazer algumas risadas para a mesa: Rony Weasley!


O melhor amigo do bruxinho mais famoso do mundo é o meu personagem preferido da saga Harry Potter. Rony é divertido, engraçado e totalmente medroso (o que faz com que ele se torne ainda mais divertido e engraçado). Rony tem tão pouco juízo quanto Harry e é extremamente leal ao amigo. De espírito leve, é sempre capaz de proporcionar boas risadas, seja na sala de aula, no salão comunal ou no meio de uma aventura perigosa. Rony Weasley é um personagem adorável.

Romance, suspense policial e aventura se juntaram ao jantar desse mês. Tenho consciência de que coloquei o bruxinho em um ambiente bastante tenso, mas acredito que mesmo estar entre dois homens amargurados deve ser melhor do que estar cercado por milhares de aranhas gigantes.
Até o próximo jantar.

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