domingo, 20 de maio de 2012

RESENHA: Correntezas da Maldade

“Você vive e morre pelas provas e fatos concretos. Não há como negar isso. Mas é o seu instinto que, com frequência, coloca diante de seus olhos coisas cruciais e depois gruda uma na outra como se tivessem cola. E eu agora estava seguindo o meu instinto.” (CONNELLY, 2006, p.194)

Eu tinha muita expectativa ao ler “Correntezas da Maldade”, não só por ser um livro do Michael Connelly, o melhor autor de livros policiais da atualidade - na minha modesta opinião - mas principalmente por ser uma espécie de continuação de “O Poeta”, o meu preferido entre seus livros.

Antes de mais nada, quem não leu “O Poeta” não deve, em hipótese alguma, ler “Correntezas da Maldade”. Primeiro, porque este revelaria ao leitor desavisado a identidade do assassino conhecido como Poeta. Segundo, porque a perseguição de tal assassino não teria a menor graça caso o leitor não o conhecesse em toda a sua macabra glória, o que só acontece no outro livro.

É engraçado observar que “Correntezas da Maldade” é uma junção de vários personagens de livros anteriores de Connelly. Rachel Walling, a agente do FBI que trabalhou anteriormente no caso do Poeta, é chamada a essa nova investigação pelo próprio assassino, quando este manda para o FBI um aparelho de GPS com a mensagem “Hello Rachel”. Enquanto isso, Harry Bosch – agora aposentado da polícia – é contatado pela viúva de Terry McCaleb (ex-agente do FBI que esteve com Bosch no livro “Mais escuro que a noite”), pois a mulher suspeita que a morte do marido não ocorreu devido a uma falha em seu coração transplantado (trama do livro “Dívida de Sangue”) e sim que ele foi assassinado. É investigando a morte de McCaleb que os caminhos de Bosch e Rachel se cruzam e os dois embarcam juntos na jornada que tenta, mais uma vez, capturar o terrível assassino que matava policiais fazendo suas mortes parecerem suicídio e deixava nas cenas dos crimes versos de Edgar Allan Poe.

Como todos os livros de Connelly, “Correntezas da Maldade” vale pela jornada. Da primeira a última página, o autor consegue fazer o leitor ficar extremamente envolvido na investigação e, ao final, dar respostas satisfatórias. Os finais de seus livros são sempre verossímeis e, embora nunca venham com uma grande surpresa, sempre tem as pontas bem amarradas. É nesse quesito que me decepcionei com “Correntezas da Maldade”. Eu esperava que esse livro esclarecesse alguns pontos que “O Poeta” deixou para trás, pois o livro - por mais incrível que seja - ficou devendo muitas explicações, o que só não me frustrou na ocasião em que li porque eu sabia (e inclusive já tinha o livro me esperando na minha prateleira) que “Correntezas da Maldade” traria o assassino de volta, então acreditei que essa falta de explicações era proposital e que as respostas estariam no outro livro, o não aconteceu. Por essa razão, “Correntezas da Maldade” me pareceu apenas uma perseguição sem atrativos pelo caminho.

“Correntezas da Maldade” não é ótimo, mas é um bom livro desde que, como mencionei no inicio, você tenha lido “O Poeta”. Caso o contrário receio que seja um tanto sem graça. De qualquer forma, para fãs do gênero policial, Connelly é sempre uma boa pedida.

Título: Correntezas da Maldade
Autor: Michael Connelly
Nº de páginas: 363
Editora: Record

1 comentários:

Anônimo disse...

acorde,rapaz.correntezas da maldade é uma obra prima,frustrante é você ficar exigindo finais coerentes em manifestações literárias desse nível.aliás,coerentes com o q?

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