sexta-feira, 21 de março de 2014

RESENHA: A Tormenta de Espadas

“— Mantenha sempre seus inimigos confusos. Se nunca estiverem seguros de quem é ou do que quer, não podem saber o que é provável que faça em seguida. Às vezes, a melhor maneira de confundi-los é fazer coisas que não tem propósito, ou que parecem prejudicar você. Lembre-se disso, [...], quando começar a jogar o jogo.
— Que ... que jogo?
— O único jogo. O jogo dos tronos.” (MARTIN, 2011, p. 630)
***


Procrastinei a leitura de A Tormenta de Espadas por mais de dois anos em virtude do tamanho do livro. O primeiro e o segundo volume levaram, em média, três semanas para serem lidos, e quando se é blogueiro isso é muito tempo por dois motivos: o blog precisa ser atualizado, sendo quase imprudente investir tanto tempo em apenas um livro; e além disso, livros que recebemos de parceria tem preferência sobre os demais. Admito que comecei a ler A Tormenta de Espada por impulso, sem pesar as consequências, por que se pensasse demais iria adiar a leitura mais uma vez. Hoje só me arrependo de não ter agido por impulso antes.

ATENÇÃO: a sinopse (parágrafo abaixo) CONTÉM SPOILERS. O restante da resenha é SPOILER FREE.

A guerra pelo trono continua. Um rei foi derrotado, mas Joffrey, Robb e Stannis continuam com a espada na mão, prontos para continuarem as batalhas, e neste momento fazer alianças se mostra ainda mais fundamental. Enquanto isso, a Patrulha da Noite está determinada a enfrentar os selvagens e a proteger a Muralha de quaisquer invasores; e do outro lado do mar Daenerys se prepara para retornar a sua terra natal.

Na resenha de A Fúria dos Reis mencionei que George Martin deveria ser um exímio jogador de xadrez, pois demonstrava uma habilidade fora do comum ao montar as estratégias de cada rei. Mais uma vez usarei tal metáfora, mas com um enfoque diferente: o terceiro volume da saga é como um jogo de xadrez, começa um pouco lento, mas quando chega a seu ápice cada jogada o torna ainda mais emocionante.

Atribuo o “problema” da primeira metade do livro a narrativa com múltiplos pontos de vista. Enquanto algo muito interessante está acontecendo com um personagem, a narrativa é interrompida e o “rodízio de narradores” nos leva para outro canto do reino, onde algo menos significante acontece. Não é que tais capítulos sejam ruins, mas apenas mais lineares, contando com doses modestas de ação e poucas surpresas.

Todavia, a partir da segunda metade do livro esse ritmo mais lento é deixado de lado. Cada ponto de vista se apresenta melhor do que o anterior, e muitas vezes se complementam, revelando diferentes facetas do mesmo acontecimento. Não seria exagero afirmar que as últimas trezentas páginas viram sozinhas, pois além de muitos eventos de tirar o fôlego, não faltam intrigas e manipulações.


Impossível falar sobre
As Crônicas de Gelo e Fogo sem mencionar a construção dos personagens. Martin sabe como criar personagens reais e profundos, que agem por motivos plausíveis, e que geram a empatia ou a repulsa do leitor. E não apenas isso: o autor não mantém os personagens inertes, mas os faz evoluir em consonância com o decorrer da estória. 

A narrativa é fluída e envolvente, mas nela também reside minha única crítica: em alguns momentos ela se torna descritiva em excesso. Afinal, por que razão eu teria interesse em saber qual é o estado de uma estalagem, em uma aldeia saqueada e incendiada, pela qual os personagens estão apenas de passagem?

Também comentei nas resenhas do livro anterior ter sentido falta da fantasia em si. Neste volume os elementos fantásticos estão mais presentes, mas não chegam a permear toda a estória. Na verdade, cheguei a conclusão que o verdadeiro cerne da obra sejam os jogos de poder e o quê as pessoas estão dispostas a fazer para alcança-lo. A fantasia é utilizada apenas como um meio para que as batalhas pelo domínio do reino sejam ainda mais acentuadas.

Para mim, A Tormenta de Espadas é o melhor livro da saga. O primeiro volume é mais introdutório, enquanto o segundo parece ter menos ação e um ritmo mais lento. Iniciei a leitura do terceiro livro com receio de demorar tempo demais, e no fim das contas foi o livro que li mais rápido, mesmo sendo o maior dos três.

Encerro salientando que As Crônicas de Gelo e Fogo constituem uma obra prima da literatura fantástica, e são incomparáveis a qualquer outro livro ou série do gênero. Sei que já disse duas vezes, mas sinto-me obrigado a repetir pela terceira: épico e magistral!


Título: A Tormenta de Espadas
Autor: George R. R. Martin
N.º de páginas: 840
Editora: LeYa

7 comentários:

Gabriela CZ disse...

Amo fantasia épica mas o que me afasta dos livros Martin é justamente o tamanho deles. Gosto de livros grandes, mas por ser uma séria complicaria minhas outras leituras em espera. Mas quem sabe um dia? Enfim, ótima resenha.

Abraço!
http://constantesevariaveis.blogspot.com.br/

Laura Zardo disse...

Amo amo amo amo amo tanto As Crônicas de Gelo e Fogo, mas infelizmente por problemas pessoais tive que me afastar um pouco da série. Sinto uma saudade gigantesca do meu Tyrion. =(
Nossa, Martin é um ser de outro mundo, ele escreve além da perfeição! <3
Espero melhorar logo para poder continuar lendo suas maravilhas.

Nuvem de Letras disse...

Pois é, eu postergo a compra desse livro por justamente o que você disse no começo: atualização do blog, livro imeeeeenso (o que pra carregar para lá e para cá não é fácil, ainda mais quando só leio no trem e ônibus) e acrescento mais uma coisinha: preguiça HEHE
Livros com muitas discrições também me deixam entediada, e a vontade que dá é de dar uma rápida passada de olho e ir para o que interessa. Além de que não tive muitas experiências boas com esse negócio de alternar narradores - fico incomodada com esse suspense de ir para outro quando o que eu quero saber é o que aconteceu com o primeiro personagem :D

Apesar dos apesares, acredito que gostaria muito da leitura do livro do Martin. Agora só falta a coragem pra comprar e ler ;)

Daisy
nuvemdeletras.com

Jéssica Gomes disse...

Eu acho que sou a única pessoa que nunca se interessou a ler o livro de George R. R. Martin, já assisti alguns episódios de game of the thrones por causa do meu irmão e até curti, mas depois quando soube que o meu personagem favorito morria no livro então resolvi que simplesmente não poderia ler, assim como também abandonei a série. Eu não suporto livros que ocorrem isso, eu fico revoltada e triste e... Insuportavelmente mal humorada, por isto, pelo bem da minha família que aguenta meu humor ruim ahsuahsaus resolvi deixar para lá e ler livros alegres.

Blog: http://worldbehindmywall.fanzoom.net/
Twitter: https://twitter.com/Blog_WBMW

Nardonio disse...

Eu tenho muito medo de livros desse tamanho. kkkkkkk
O autor tem que se garantir em escrever tijolões desses, deixando todos vidrados em suas páginas, mesmo saindo matando quase todas as personagens que dariam pano pra manga. Enfim, George Martin deve ser lembrado como um dos melhores autores de fantasia épica de todos os tempos.

Seguidor: DomDom Almeida
@_Dom_Dom

Anônimo disse...

Ainda não tive a oportunidade de iniciar esta série...Mas tenho bastante vontade, mas confesso que acho meio cara e esta foi o real motivo de ainda não te-la iniciado,mas estipulei uma meta e esta ano irei ler ao menos o primeiro livro!!

DESBRAVADORES DE LIVROS disse...

George é o gênio da fantasia, juntamente com Tolkien.
Ainda estou no livro quatro. A cada leitura, me surpreendo mais ainda com o autor. É divino.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso Top Comentarista

Postar um comentário

 

Além da Contracapa Copyright © 2011 -- Template created by O Pregador -- Powered by Blogger