RESENHA: Mistborn - O Império Final

Desde que li a série Executores, tinha muita curiosidade de conferir outros livros de Brandon Sanderson. Sendo assim, uma das minhas maiores expectativas literárias para este ano era O Império Final, o primeiro livro da trilogia Mistborn. 

Há mil anos o Senhor Soberano governa, pois o herói que fora profetizado não conseguiu salvar a si mesmo. Depois de mil anos de escravidão do povo skaa, Kelsier decide reunir um grupo de ladrões para fazer o maior assalto da estória e, de quebra, derrubar o governo do deus tirano. É assim que ele conhece Vin, uma garota de dezesseis anos que cresceu nas ruas e que tem um poder maior do que pode imaginar. 

Mais uma vez, Sanderson pegou um dos clichês mais batidos da literatura fantástica e inverteu a lógica. Ao contrário das milhares de estórias que já lemos, em Mistborn o escolhido falhou em derrotar o mal e as consequências foram terríveis. 

Outro aspecto que merece destaque é a complexidade do mundo criado pelo autor. Mistborn conta com um sistema mágico extremamente original e muito bem desenvolvido, que é baseado na ingestão de metais. Cada metal está associado a algum poder, desde força física ao aumento dos sentidos até a capacidade de influenciar pessoas. Na primeira parte do livro, o leitor sente na pele o estranhamento de Vin, que também esta sendo introduzida neste novo universo. 

"— Sabe — ele disse—, às vezes me surpreende que ainda tentemos. Com tudo o que fizeram conosco — as mortes, as torturas, as agonias —, seria de esperar que desistíssemos de coisas como esperança e amor. Mas não desistimos. Os skaa ainda se apaixonam. Ainda tentam ter suas famílias, e ainda lutam. Quero dizer, aqui estamos... lutando a guerrinha de Kell, resistindo a um deus que sabemos que vai massacrar a todos nós." (SANDERSON, 2014, livro digital).

Mas apesar da genialidade do autor tanto na inversão dos clichês quanto na criação do universo da estória, o grande destaque são os personagens. Kelsier e Vin dividem o protagonismo e rapidamente nos apegamos aos dois. Ele foi o único sobrevivente que conseguiu escapar da prisão do Senhor Soberano e por isso deseja vingança e o fim da exploração de sua raça. Já Vin nunca pertenceu a nenhum lugar: era uma órfã, que vivia com uma gangue e tentava ser invisível. Quando aceita o convite de Kelsier para aprender a usar seus poderes, ela acaba embarcando em uma jornada de autoconhecimento. 

Mas Kelsier e Vin não seriam personagens tão bons se não tivessem um antagonista a altura. E o Senhor Soberano chama atenção desde o início por sua aura de mistério. Governando há mil anos, pouco se sabe sobre ele. Durante toda a estória nos perguntamos qual sua origem, de onde vem seu poder e como seria possível derrotar uma divindade tão poderosa. Também vale salientar que o autor aproveita a natureza do vilão para nos fazer refletir sobre as religiões.

O livro é narrado em terceira pessoa e o texto de Sanderson é tão envolvente que são necessários poucos capítulos para que prender nossa atenção por completo, nos fazendo mergulhar no mundo de Mistborn. A estória é muito bem desenvolvida e quanto mais avançamos na leitura, mais percebemos a complexidade da trama. Já o desfecho é excepcional e deixa o leitor completamente sem fôlego com tanta adrenalina. 

Mesmo com altas expectativas, Sanderson não decepcionou e me sinto obrigado a repetir que ele é um dos melhores autores de fantasia da atualidade. Mistborn: O Império Final é uma leitura empolgante, que não serve apenas de introdução a trilogia, mas que conta com uma estória impecável e que deixa o leitor ansioso pela continuação da saga. 

Título: Mistborn – O Império Final

Autor: Brandon Sanderson

N.º de páginas: 608

Editora: Leya

Compre: Amazon

Gostou da resenha? Então compre o livro pelo link acima. Assim você ajuda o Além da Contracapa com uma pequena comissão.